Lançamento: CZAR, ‘Genesis’
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Desde 1994 representando a resistência no Hip-Hop, o grupo CZAR apresenta seu mais novo trabalho, o EP Genesis. O disco tem produções de Sem grana, Ricardo Mock e Adem Junior. Em entrevista exclusiva ao BF, o grupo CZAR fala a respeito do momento na cena rap e aborda as questões sociais que permeiam nosso cotidiano.
Bocada Forte – Do ano de formação do grupo, em 1994 aos dias de hoje qual é o balanço que o grupo pode fazer da cena?
CZAR: Na época de 1994 quando começamos, entre 95 e 99 a cena era mais forte, tinha mais gravadoras, fabrica de discos, festivais de rap, as lojas de CDs das grandes galerias, sites e as próprias rádios apoiavam mais a cultura. Ela era mais forte e envolvia mais os 4 elementos do hip-hop, nos dias de hoje todos tem sua marca, seus produtos , tipo que dividiu os 4 elementos ! já naquela época em nossa adolescência, não pensávamos muito no profissionalismo. Se no início da minha caminhada eu tivesse a cabeça que tenho hoje sobre a musica rap já estaria bem mais evoluído musicalmente. Mas tudo tem seu tempo e seu momento. Temos que ser fortes…
Bocada Forte – Nessa caminhada do Rap, quais maiores dificuldades o CZAR se deparou?
CZAR: A Falta de estrutura com o rap. Na época nos não tínhamos beats como se fala hoje na época era vinil, importados que eram muito caros e havia poucos produtores, beatmaker como falamos hoje em dia as instrumentais de base. E a pior fase do grupo foi a rotatividade de componentes do grupo. O CZAR já chegou a mudar de nome para o nome do grupo para ‘Familia 4 Vidas’, fundado por SemGrana, MaiqueMaia, QuaseNada e H2, são 4 amigos com 4 vidas diferentes, , rolou muito aprendizado nesta fase da música nessa caminhada, inclusive trabalhamos juntos até hoje no estúdio Rec Livre. Depois da minha saída do grupo família 4 Vidas, resolvi juntar parte desta historia com meu parceiro Gilsão que fazia parte desta rotatividade do grupo e contar um pouco do que aprendi nessa estrada.
Bocada Forte – As faixas do EP abordam diversos temas e entre eles a discriminação. O que pode-se salientar sobre este assunto que continua presente no dia-a-dia, principalmente da periferia.
CZAR: Não só na periferia irmão! Isso é um tema foda e quando começamos a trabalhar neste EP o ‘Genesis” falei que tínhamos que abordar todos os temas possíveis em nosso cotidiano. O assunto de discriminação ainda é muito presente no nosso país, seja ele no esporte, no trabalho ou nas ruas. Ele ainda é real nas nossas vidas.
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Bocada Forte – O grupo já trabalha em algum novo projeto, ou leva algum em paralelo?
CZAR: Sim! Nós do CZAR estamos participando de uma mixtape de angola chamada CPLP (Comunidade dos paises de lingua portuguesa) a convite de um amigo que fiz pela rede social UndergroundLusófono. É um projeto maior. Chama-se ‘Mixtape Intervenção Social – Vozes da CPLT Vol.3’. Foram 7 meses de Gravações. São 20 Músicas ineditas e uma faixa bônus. Trampam no disco rappers de Angola, Portugal, Cabo Verde, Moçambique, Brasil, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. Disco tá disponível pra download.
Bocada Forte – A faixa “Assasinos” faz menção a que tipo deles?
CZAR: A policia que sempre se safa dos homicídios e abuso de autoridade. Mas Deus e o justo e juiz.
Bocada Forte – Com a onda trap invadindo a cena, vocês não se sentiram tentados a fazer um disco nessa linha?
CZAR: Trap é um gênero musical que se originou na década de 1990 no sul dos Estados Unidos. É caracterizado por seu conteúdo lírico agressivo e som, que incorpora 808 bumbos sub-baixo, em tempo duplo, em tempo triplo e outros tempos mais rápidos de divisão chimbais, 3 sintetizadores em camadas e cordas “cinematográficas”.4 5. E nós curtimos muito, quem sabe nos próximo trabalhos possamos incorporar melhor este gênero musical. E a faixa dois do EP ‘Genesis’ já tem uma ideia desse estilo.
Bocada Forte – O projeto que criminalizava a homofobia foi arquivado no Legislativo. Vocês acham que as pessoas não estão nem aí com a violência praticada contra os homossexuais? O rap poderia ajudar no combate à homofobia?
CZAR: O que vemos nos dias de hoje é que nem todo mundo ouve Rap, Samba, etc. Deus deu o livre arbítrio, se tiver de fazer música pra ajudar na luta contra o preconceito, demoro. Mais já temos na cena hip hop brasileiro Rico Dalasam, o primeiro rapper negro e gay assumido do Brasil, que quer fazer história na música que em minha opinião foi muito corajoso ao assumir este lado de ser homossexual.
Bocada Forte – O que acham do humor praticado por artistas como Danilo Gentili?
CZAR: É o trabalho do cara! Toda ação tem uma reação, como ele mesmo fala.
Bocada Forte – Qual a religião dos integrantes? O que tem a falar sobre a intolerância religiosa?
CZAR: Creio numa força maior que é Deus, o criador de tudo e de todos. Cada lugar do mundão é uma vivência, eu nasci ouvindo Rap música que falava comigo, outros cultivam outras crenças, mas nesta questão de intolerância a religião todos são livres de acreditar no que convém. Intolerância religiosa é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferenças ou crenças religiosas de outros. Pode-se constituir uma intolerância ideológica ou política. Pode-se também resultar em perseguição religiosa e ambas têm sido comuns através da história. A maioria dos grupos religiosos já passou por tal situação numa época ou noutra. Floresce devido à ausência de tolerância religiosa, liberdade de religião e pluralismo religioso. Perseguição, neste contexto, pode referir-se a prisões ilegais, espancamentos, torturas, execução injustificada, negação de benefícios e de direitos e liberdades civis. Pode também implicar em confisco de bens e destruição de propriedades, ou incitamento ao ódio, entre outras coisas.
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