Baquaqua, biografia de um escravo
ESPALHA --->
Historiadores traduzem única autobiografia escrita por ex-escravo que viveu no Brasil.
“’Que aqueles ‘indivíduos humanitários’ que são a favor da escravidão se coloquem no lugar do escravo no porão barulhento de um navio negreiro, apenas por uma viagem da África à América, sem sequer experimentar mais que isso dos horrores da escravidão: se não saírem abolicionistas convictos, então não tenho mais nada a dizer a favor da abolição.’ As palavras são de Mahommah Gardo Baquaqua, ex-escravo nascido no Norte da África no início do século XIX e que trabalhou no Brasil antes de fugir das amarras da servidão em Nova York, em 1847. O trecho consta do livro “An interesting narrative. Biography of Mahommah G. Baquaqua” (“Uma interessante narrativa: biografia de Mahommah G. Baquaqua”, em tradução livre), lançado assim mesmo, em inglês, pelo próprio ex-escravo, em Detroit, no ano de 1854, em plena campanha abolicionista nos EUA. A obra jamais foi traduzida para o português, permanecendo desconhecida do público brasileiro.
(…) ‘Houve um pobre companheiro que ficou tão desesperado pela sede que tentou apanhar a faca do homem que nos trazia água. Foi levado ao convés, e eu nunca mais soube o que lhe aconteceu. Suponho que tenha sido jogado ao mar‘ (…) foi uma encomenda de café para Nova York que mudou sua vida completamente. Naquela época, os estados do Norte dos Estados Unidos já tinham abolido a escravidão, fato que não passou despercebido por Baquaqua. ‘A primeira palavra que meus dois companheiros e eu aprendemos em inglês foi F-R-E-E (L-I-V-R-E); ela nos foi ensinada por um inglês a bordo e, oh!, quantas e quantas vezes eu a repeti‘ (…)”
Esse é um trecho de matéria publicada no jornal O Globo, que trata da auto-biografia do ex-escravo Baquaqua, natural do norte da África, que acabou preso e escravisado, viajando para o Brasil, Estados Unidos – onde conquistou sua liberdade -, Haiti e Inglaterra. Sua trajetória de vida é fantástica e revela detalhes até antes desconhecidos da escravidão, ditas por um verdadeiro escravo, através de sua autobiografia, publicada nos EUA quando ele tinha cerca de 30 anos.
Abaixo você assiste ao documentário “Baquaqua Comum & Extraordinário“, parte 1 e 2.
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