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Segundo turno em São Paulo: Bocada Forte destaca oposição entre direita e esquerda, e a luta social nos princípios do Hip-Hop

Segundo turno em São Paulo: Bocada Forte destaca oposição entre direita e esquerda, e a luta social nos princípios do Hip-Hop

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A eleição para a prefeitura de São Paulo será decidida em um segundo turno entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol), confirmada após a apuração das urnas. Nunes obteve 29,48% dos votos válidos, enquanto Boulos ficou logo atrás com 29,07%. O ex-coach Pablo Marçal, que ameaçou a disputa durante grande parte da apuração, não conseguiu avançar para o segundo turno, ficando com 28,14% dos votos.

Outros candidatos, como Tabata Amaral (PSB), que teve 9,91%, e José Luiz Datena (PSDB), com 1,84%, não obtiveram números suficientes para seguir na corrida. Agora, Nunes e Boulos buscam o apoio das legendas que ficaram pelo caminho. A coligação de Boulos inclui Psol/Rede, PT/PCdoB/PV e PDT, enquanto Nunes está apoiado por partidos como PP, PL, PSD, Republicanos, e outros.

Após a confirmação do resultado, a candidata Tabata Amaral declarou apoio a Guilherme Boulos. “Eu vou votar em Guilherme Boulos [no segundo turno]. Porque eu não consigo e não conseguiria jamais colocar o meu voto em um projeto liderado por Ricardo Nunes. Mas saibam, eu e Guilherme Boulos representamos projetos absolutamente diferentes para São Paulo e para o Brasil”, afirmou a deputada federal. Esse apoio ressalta a rejeição da esquerda ao projeto de Nunes, ainda que com diferenças em relação às propostas de Boulos.

A disputa coloca em evidência dois projetos políticos opostos: Ricardo Nunes é associado à extrema-direita e mantém vínculo com o ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto Guilherme Boulos é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representa a esquerda. Até 27 de outubro, ambos terão tempo igual de exposição nos meios de comunicação, possibilitando o confronto direto de suas ideias e propostas para a cidade.

Os princípios que sustentam a candidatura de Guilherme Boulos têm raízes que dialogam com a luta social presente nos fundamentos da Cultura Hip-Hop. A cena Hip-Hop, nascida como resistência nas periferias dos Estados Unidos e que se expandiu para as favelas e quebradas do Brasil, sempre teve como bandeira o combate às desigualdades sociais, a reivindicação de direitos e a amplificação das vozes daqueles que historicamente foram silenciados. Boulos, com sua trajetória de ativismo no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), se posiciona como representante dessa resistência, propondo políticas que visam reduzir a desigualdade e dar visibilidade aos marginalizados.

Boulos já possui experiência em eleições majoritárias, incluindo a candidatura à Presidência em 2018 e a disputa para a prefeitura de São Paulo em 2020, quando chegou ao segundo turno com Bruno Covas. Em 2022, foi eleito deputado federal com mais de um milhão de votos, sendo o mais votado do estado. Agora, Boulos terá de convencer os eleitores de sua capacidade de administrar uma das maiores metrópoles do mundo, com propostas que ecoam as demandas das comunidades periféricas e das classes populares, assim como a voz do Hip-Hop ecoa nas ruas com suas manifestações artísticas de denúncia e transformação.

Ricardo Nunes, por outro lado, não tem experiência como cabeça de chapa no Executivo. Ele assumiu a prefeitura após o falecimento de Bruno Covas em 2021, e antes disso ocupou uma vaga na Câmara de Vereadores de São Paulo. Envolvido em investigações durante a campanha, Nunes foi questionado sobre a chamada “máfia das creches”, que investiga desvios de verbas em contratos municipais. Esse tema promete se manter no centro do debate político até o segundo turno.

Assim como o Hip-Hop surgiu para dar voz aos oprimidos, a disputa em São Paulo representa a escolha do eleitorado entre a continuidade do alinhamento à direita, representado por Nunes, ou uma mudança para a esquerda, com Boulos, ambos com projetos distintos para os desafios da maior cidade do Brasil. A luta por justiça, igualdade e direitos, elementos centrais na Cultura Hip-Hop, está presente na proposta de Boulos, que promete dar maior atenção às necessidades das periferias e dos trabalhadores, reafirmando a importância da resistência e da transformação social.

DESAFIOS PARA A ESQUERDA NO PAÍS

No primeiro turno das eleições municipais, a direita e extrema-direita avançaram em muitas prefeituras pelo Brasil, sinalizando um desafio para as forças progressistas e para o governo de Lula. Apesar disso, Guilherme Boulos segue na disputa em São Paulo e o PT ainda concorre em outras capitais importantes. Além disso, a reeleição de Eduardo Paes no Rio, derrotando o candidato apoiado por Bolsonaro, destaca a força da frente ampla antifascista.

Os resultados mostram um país ainda fragmentado, onde a hegemonia política não pertence exclusivamente a um lado, e apontam para a necessidade de reflexão sobre como o governo Lula está se comunicando com a população.

Para o Bocada Forte, este cenário desafiador para a esquerda traz um paralelo direto com os princípios do Hip-Hop, que também surgiu das ruas como uma resposta à falta de representação e de voz das comunidades marginalizadas. Assim como o movimento de rua se posiciona contra opressão e exclusão, a luta política atual também é sobre manter o direito à participação e garantir que as vozes das periferias sejam ouvidas. A vitória de Boulos em São Paulo, mesmo chegando ao segundo turno em desvantagem, é um reflexo dessa resistência, que é central ao espírito do Hip-Hop: lutar, ocupar e transformar a realidade com união e mobilização.

Com informações do site Brasil de Fato