Opinião: Lívia Cruz estava lá
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Uma semana, duas voadoras nordestinas!
Semana passada, saiu um pé na porta no eixo Rio/São Paulo, protagonizada pelo Diomedes e Baco, “Sulícidio, duas polêmicas necessárias“.
Ontem (5), a voadora ficou por conta da LÍVIA CRUZ, com a música “EU TAVA LÁ“. O som veio em resposta a polêmico envolvendo a música do Costa Gold, “Quem tava lá?“, com participação do MC Marechal.
“ISSO NÃO É UMA DISS/
É MEU DIREITO DE RESPOSTA.”
Mas, diferente do som do Costa Gold, Lívia Cruz valorizou o conteúdo em seu som. Com um beat pesado do Skeeter e sem meias palavras, em cada verso uma denúncia e um sentimento de superação.
“POR QUE O RAP É PRA HOMEM, NÉ/
MAS CÊ É COBRADA 10 VEIZ MAS SÓ POR SER MULHER.”
Se na composição da história brasileira o escravo não é visto como sujeito determinante para construção de uma memória brasileira, no rap pode-se dizer que a mulher é tida da mesma maneira. Ao lançar o som, muitos comentários do tipo “Quem é essa mina?” surgiram nas redes. Mas, na real, quem é você, que se intitula como parte de um movimento e sequer conhece a Lívia Cruz? Quem é você que se acha no direito de deslegitimar a correria dessa nordestina, que tá a milianos no corre?
Deve ser foda pros machistas de plantão, ter que lidar com o ego ferido, simplesmente por uma mulher nordestina responder quem realmente estava lá. Não diria no mesmo nível, mas num nível superior. Sem apelação, sem repetição e sem ideia errada.
“NÃO QUE CÊS NÃO TENHAM TENTADO/
QUEM QUE CÊ CHAMOU DE PUTA AÍ, SEU ARROMBADO?/
EU NÃO TÔ PRA DISPUTA EU TÔ PRA LUTA, PELA NOSSA ASCENÇÃO.”
Que esse peso da Lívia Cruz, sirva de lição, não apenas para o público novo que vem chegando no rap, mas para o movimento como um todo, de que é possível fazer um som, com qualidade, sem ter que apelar para nenhuma forma de opressão. As vezes só a inteligência é o suficiente.
E pra finalizar, como disse a Lívia Cruz:
“OK, OK, RESPEITA O PAI/
MAS NÃO ESQUECE QUE TUAS TIAS TÃO AQUI, CARAI!”
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