EDITORIAL | A paz que o Hip-Hop não pode querer
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A ideia de “pacificação social”, promovida por neoliberais e pela extrema-direita, surge como um falso remédio para as desigualdades e os conflitos que atravessam o Brasil. As ações destes grupos conhecemos bem: silenciar as periferias, criminalizar movimentos sociais e perpetuar desigualdades estruturais. Tudo isso executado muitas vezes de forma violenta.
O Hip-Hop tem o dever de se opor a essa narrativa. Amplificar vozes, fazer questionamentos quando tentam individualizar os problemas sociais é o que o Hip-Hop oferece por ser um espaço coletivo de construção de identidade, luta e solidariedade.
Sabemos que as políticas públicas que poderiam transformar a realidade das periferias são enfraquecidas ou substituídas por soluções de mercado, como a privatização da saúde e da educação, saneamento básico, energia elétrica etc.
Vozes dissidentes, como a de militantes de movimentos sociais e de membros da cultura de rua que são contra a consolidação de um modelo econômico que privilegia o capital, deixando para trás a maior parte da população — especialmente negros, indígenas e moradores das periferias, são muitas vezes ridicularizadas por essa elite egoísta.
A Cultura Hip-Hop nunca foi passiva, é movimento que transforma e empodera, ela ocupa espaços públicos por ser resistência, conceito que muitos querem que seja esquecido em sons bem produzidos nas plataformas da terra prometida do mainstream. A falsa paz promovida pela pacificação social que políticos da direita e da extrema-direita pregam é uma ameaça direta aos valores do movimento e à sobrevivência dos grupos discriminados e marginalizados em nosso país.
O Rap e o Hip-Hop não podem esquecer essa parada. Valorizar artistas, produtores, jornalistas e militantes que lutam contra a desigualdade é essencial.
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