Opinião: Beyoncé manda o papo reto
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Fazer arte é demonstrar e oferecer força. O artista quer passar esse sentimento, algo que liberta. A diferença entre discursos e estilos é que define como e onde essa força será aplicada.
Falar as raízes, das estratégias de sobrevivência, do amor, da dor e alegria de um povo oprimido. Falar do cotidiano de quem tenta sair da lama racista e capitalista, sistemas criados por quem não quer que as coisas mudem, tudo isso tem poder.
O discurso militante negro tem códigos que não cabem na vida de todo mundo. Pra ficar no mais atual e mais pop, vou falar do clipe da música “Formation”, da cantora Beyoncé, um grande exemplo de demonstração de força. A cantora aborda a luta negra de hoje e de ontem.
Vamos lá, de certa forma, o pop atual, o mainstream protagonizado por negros ensinou os brancos a bundalizar tudo, mas, quando se fala em alienação, o sistema branco sempre esteve na frente. Papo sobre balada, maconha e noitadas de sexo são parte de um discurso convidativo, agradável e facilmente copiado por qualquer artista. Entretanto, na indústria fonográfica, o artista pop branco sempre terá mais destaque. O ano de 2015 teve vários momentos que comprovam este fato.
O mercado prioriza o que vende mais e, num mundo racista, nada melhor que os símbolos brancos para conquistar aceitação, representatividade e… vendas, é claro.
O discurso consciente e enraizado não permite essa apropriação. Dominamos essa área pela resistência que precisamos ter em nossos dias. É o que chamamos de sensação de pertencimento, é escuro. Quando um artista negro transforma essa vivência em música… Fica muito mais difícil copiar, apropriar e distorcer tudo. Podem até tentar, mas nos conhecemos bem.
Os que querem a música negra, mas não a negra presença, os que vem com o papinho “todas as vidas importam e o racismo está no olho de quem o vê”, todos vocês podem continuar colando nas baladinhas. Os jovens negros também estarão lá… afrontando e dançando… Sem culpa nenhuma… ao som da Bey. Nossa arte, nossa força.
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