Reaja ou será morto, reaja ou será morta
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NOTA PÚBLICA DE APOIO À CAMPANHA “REAJA OU SERÁ MORTO, REAJA OU SERÁ MORTA!” E REPÙDIO ÀS AÇÕES DA RONDESP NO BAIRRO CABULA, SALVADOR, BAHIA
Por: Katiara, do Coletivo Kilombagem
“O Sistema quer você no busão irritado com a marcha contra o genocídio que deixa o trânsito engarrafado”
Eduardo Taddeo, A” fantástica fábrica de cadáver”
A Campanha Reaja nasce de várias articulações negras baianas impulsionada sob a iniciativa da organização Quilombo Xis – Ação Cultural Comunitária, que é a principal mobilizadora e têm acompanhando pessoas com parentes encarcerados e às familias que tiveram seus entes perdidos nessa guerra, com articulações com o Hip-Hop baiano junto com outros coletivos. Esta campanha surge para denunciar o genocídio de Estado promovido à partir da política de segurança pública estadual, que têm promovido ações ilegais de execuções sumárias, torturas nas prisões, chacinas, seqüestros forçados dentre outros crimes contra a população negra baiana em especial aos jovens que se enquadram no perfil do suspeito padrão: moradores de bairros periféricos.
Essa nota vem saudar essa luta contínua, que completam 10 anos de campanha e diante de poucos avanços frente o combate ao genocídio (visto que os assassinatos não tem diminuído), viemos à público apoiar os guerreiros e guerreiras que ousam não abaixar a cabeça, nem desanimar frente às estatísticas sangrentas para denunciar essa política terrorista de Estado que só favorecem brancos ricos e por outro lado, omitida pelos governos ditos “democráticos e populares” diante de um silenciamento tanto midiático quanto político frente às lágrimas de familiares que tiveram seus filhos assassinados; vítimas desse mesmo Estado que quando não nos mata diretamente com a bala, nos mata com a ausência e ou a precarização do acesso aos direitos sociais básicos.
Os militantes da campanha Reaja sofre retaliações desde seu surgimento. Nos bairros onde moram militantes da campanha são as regiões onde mais ocorreram execuções. Essas não são as primeiras execuções: a primeira, de retaliação, foi o assassinato de um militante da Campanha, que antes de morrer ouviu do policial que atirou “Reaja agora neguim!” e sem dó apertou o gatilho, contra uma liderança importante da quebrada Nova Brasília, que é o Rapper, Mc Negro Blul, assassinado próximo à sua casa, há 09 anos atrás. Era um mano de grande respeito no hip hop e forte admiração na luta e teve a vida interrompida no auge dos seus 22 anos.
E as mortes não páram! No nordeste elas só aumentam: a taxa anual de homicídios na Bahia cresceu 68% de 2007 à 2013. Ou seja: de 3.222 para 5.440 casos segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Sobre a chacina do cabula, A Reaja mandou em nota:
“(…) depoimentos de moradores falam que pessoas foram enfileiradas em frente às viaturas e assassinadas. A polícia fala em quadrilha de roubo a caixa de banco, porém não apresenta qualquer explosivo, não explica como esses bandidos que procuravam assaltar foram mortos perto de suas casas. Há neste contexto uma conta que não bate nas falas oficias, mas o Governador só respeita a versão da policia, ignorando as manifestações dos moradores que estão nesse momento sendo ameaçados, moradores e moradoras cujas vidas correm perigo.”
A operação policial na madrugada da última sexta feira (06/02/2015) no bairro do Cabula, em Salvador-BA, resultou em 13 assassinatos em uma só noite! Cada dia que passa essas notícias aparecem como natural, mas não são! E não podemos permitir que sejam naturalizadas!
Não podemos recuar nessa luta que denuncia esse Estado Terrorista e seus agentes intimidam (até mesmo no funeral!), ameaçam, sequestram e matam pra tentar fazer silenciar a voz rouca que clama por justiça. O sequestro do menino Davi Fiúza é uma explícita política de tortura e retaliação ao movimento. Pois as mortes acontecem em bairros periféricos de Salvador e principalmente nos bairros onde há militantes e apoiadores dessa campanha. Como se não bastasse a comum violência policial, agora há uma instituição que está matando mais ainda que é a RONDESP, na Bahia. Dizendo que combatem o crime. Como trata em nota, a Campanha Reaja divulgou:
A Reaja vem enfrentando na rua os inimigos do povo, com suas polícias, seus cães que rosnam famintos por nossas vidas. Lutamos contra os dispositivos racistas de controle em nosso dia a dia de medo, humilhação, mas de luta real. Fundamos núcleos em comunidades, entramos em cadeias, presídios e penitenciárias, fortalecendo a luta de familiares e aliviando a dor de prisioneiros e prisioneiras, e agora diante dos cadáveres expostos, vemos propostas cínicas de se articular na base contra as mortes de homens e jovens pretos no Brasil.
Sobre a chacina do bairro V. Moisés, na quebrada do Cabula, nos perguntamos: Será que comove a população, essas mortes anônimas? Falamos de vidas de pessoas que tiveram o direito ao julgamento negado pelo fato de estarem num padrão de suspeito, segundo a perspectiva Lombrosiana, criminalista-eugênica, portanto racista!
O atual sistema penal brasileiro viola direitos e garantias constitucionais fundamentais como a dignidade da pessoa humana, o devido o processo legal (artigo 5º, LIV, CF-88), o contraditória e ampla defesa (art. 5º, LV) a presunção de inocência (art. 5º, LVIII), dentre outras garantias, já que a atuação dos agentes que deveriam garantí-las se manifestam de forma contrária à lei.
Mas nos comentários dessas notícias sangrentas, o ditado “Bandido Bom é Bandido Morto” que aparece com frequência, porém, não se aplica à todas pessoas corruptas e ou que roubam: empresários sonegadores de impostos, o assessor do Aécio Neves, o dono da carga do helicóptero com meia tonelada de cocaína, nem um parlamentar que tenha sido comprovado forte envolvimento com corrupção, menos ainda outros bandidos de farda, porque há uma seletividade pra essa pena que é de morte em que o PM é autorizado pelo Estado pra matar e depois perguntar o nome e anda ser aplaudido, como fez publicamente, o governador Rui Costa, ao declarar uma comparação dos Pms da RONDESP com um artilheiro de futebol.
Temos que apoiar as bandeiras legítimas de luta que a Campanha Reaja exige na Bahia, sendo, bandeiras democráticas em defesa da vida e por fiscalização e investigações das ações policiais, quais são: uma profunda investigação das ações da RONDESP; A não criação do BOPE na Bahia; imediata instalação de uma CPI dos Grupos de extermínio e Brutalidade Policial e O controle externo da Atividade policial.
Deste modo, viemos à público repudiar tal declaração do governador e à ação da Rondesp além de apoiar a Campanha “Reaja”.
O mundo precisa saber o que acontece com a população negra aqui; como o Estado responde à essas mortes e como a corporação militar segue intocável em suas práticas militares. Práticas, estas, herdadas do período escravista de proteger patrimônio e obediência às idéias do sinhozinho: não só de capturar, mas torturar, prender, matar os que ousam se rebelar. O mínimo que possamos fazer é apoiar, divulgar denunciar e fortalecer as ações da Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta, que mesmo sob ameaças, intimidações que geram medo, não calará a luta de nossos antepassados, contínua e dolorosa. Seguimos em frente, apesar de todos pesares, seguimos do luto à luta!
Diante desse isolamento geográfico-midiático dessas mortes anônimas, que nós do Kilombagem reafirmamos nosso respeito e admiração à Quilombo Xis, por sua atuação contra essa política genocida e saudamos à todxs seus militantes pelo trabalho realizado nas periferias de Salvador bem como nas penitenciárias com ações de combate ao racismo institucional e mobilizando os movimentos sociais internacionalmente, para a efetiva solidariedade radical negra, que é o verdadeiro sentido panafricanista da luta negra mundial.
Exigimos:
– A não criação do BOPE na Bahia;
– A imediata instalação de uma CPI dos Grupos de extermínio e Brutalidade Policial;
– O controle externo da Atividade policial;
– Investigação das ações da RONDESP;
– Não à execução sumária!
– Pelo direito ao julgamento judicial.
Contra o Genocídio Negro, Nenhum Passo Atrás!
Em apoio à ousada Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta e em Repúdio às Ações da Rondesp legitimada pelo governador Rui Costa, assinam:
Kilombagem
Mães de Maio
DA – Honestino Guimarães – FSA
Dona Maria Antifascista
Coletivo Mulheres na Luta
Coletivo Negro Carolina de Jesus – UFRJ
Fórum de Enfrentamento ao Genocídio do povo preto – RJ
Rua Juventude Anti-capitalista
Allan da Rosa – Literatura Periférica, Pedagoginga, Edições Toró
OLPN/Fração MNU de Lutas
NEAB-Viçosa- MG
Ezio Rosa – Bicha Nagô
Centro Academico de Serviço Social Dandara – Faculdade Fama – Mauá
Coletivo Feminista Juntas na Luta
Coletivo Akofena de Caieiras
Coletivo Nós da Diáspora
Coletivo DiadeNêga
Blog NegroBelchior – CartaCapital
Uneafro-Brasil
Blog Rap e Filosofia
Do Morro Produções
Coletivo Oralidade Poética
Instituto Luiz Gama – SP
Blog À Beira da Palavra’, da Revista Fórum
Sarau na Quebrada
Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe
Coletivo Rosanegra – Ação Direta e Futebol
Sarau Sobrenome Liberdade
Cultura AfroIndígena nas escolas
CineClube CIDADÃOS ARTISTAS
Coletivo literário Sarau Elo da Corrente
Núcleo de Consciência Negra da USP
Pânico Brutal – grupo de rap
Sidney de Paula Oliveira, advogado, professor e escritor
Núcleo Cultural Poder e Revolução
Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular
NEPAFRO
Associação Posse Haussa
Coletivo Perifatividade
KOFILABA (Koletivo Filhxs do Abassá)
NNUG (Núcleo Negro UNIFESP – Guarulhos)
Projeto Meninos e Meninas de Rua
Bocada Forte
GT Panafricanista MNU SP
Sarau D’Quilo
Jongo do Coreto
Núcleo de Consciência Negra da Unicamp
AMOPAZ – Associação do Moradores da Vila Cristina e Vila da Paz
Movimento AnarcoPunk de São Paulo
Coletivo Faixa de Gazah
MNPR – Movimento Nacional População em Situação de Rua
Guardiões Griô
Negr@Brasa
FQ-RS (Frente Quilombola Rio Grande do Sul)
Quilombo da Família Silva
Quilombo dos Machado
Quilombo da Família Fidelix
Opanijé – grupo de Rap
MPL – SP (Movimento Passe Livre, SP)
Coletivo Minervino de Oliveira – SP
Dê Loná – Grupo de Rap
Coletivo Akina
Projeto “Terça Afro”
Coletivo Comunidade Viva
Nucleo de estudos afrobrasileiros – UNIFESP
Coletivo de Estudantes Negros AfroMack – Faculdade Mackenzie – SP
Intelectualidade Afro Brasileira (Grupo do Facebook com mais de 17 mil membros)
Associação do movimento de moradia – Vila Nova Grajaú
Práxis Direitos Humanos
Movimento Hip-Hop Organizado (MH2O)
Casa das Crioulas
Coletivo de Esquerda Força Ativa
Oficina de Tambores Africanos de Jundiaí
Carlos Latuff, cartunista
Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada
Fórum Municipal de Hip Hop de São Bernardo do Campo
Sarau do Fórum de Hip Hop – SBC
Comitê Contra o Genocidio da População Preta Pobre e Periférica – SP
Tortura Nunca Mais
Fábio Emecê
Moraez Mc
Rocha
Favela do Moinho – SP
Coletivo de Hip Hop Lutarmada
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo – CRP – SP
Coletivo Malungada
Associação Frida Khalo
Coletivo Negro – USP
Ciclo Contínuo Editorial
PSCB -Polo Social Cívico Brasilândia
Tribunal Popular
Instituto do Negro de Alagoas – INEG/AL
AMPARAR
Comitê pela Desmilitarização da Polícia e da Política – SP
Marcha Jundiaí
União dos Coletivos Pan Africanistas – UCPA
Edson Ikê
Fernanda Amaru
Fábio F. S. Massari
Marcha Mundial de Mulheres
Comitê Brasília/DF da Marcha (Inter) Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro
#LutarNãoéCrime #BastadeGenocídioNegro #LutoChacinadoCabula
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