Lu Bsbgirls é destaque no HHF
ESPALHA --->
Nossa próxima entrevistada ultrapassou todas as barreiras para dançar Breaking
“Até mesmo porque sempre bati de frente em tudo que queria. Desde entrar numa roda, treinar algum movimento ou entrar num racha. Eu nem perguntava para qualquer bboy, sabe? Eu já ia entrando e pronto”.
Do vôlei profissional à arte da dança, ela teve a oportunidade de levar seu conhecimento para fora do Brasil e também para comunidades carentes por meio de parcerias junto à prefeitura. Conheceu o breaking assistindo fitas VHS e frequentando bailes, que na época, faziam campeonatos de dança do passinho. Que nostalgia… Parando por aqui, que é para não mostrar a melhor parte do bolo, a equipe do HHF apresenta a LU BSBGIRLS.
HHF – Apresentação:
Lu Bsbgirls – Lucimar dos Santos, B.girl Luh. 36 anos. Moro em Campinas-SP.
HHF – Como conheceu o hip hop, especificamente a dança?
Lu Bsbgirls – Conheci a Cultura Hip Hop através do Rap. Alguns amigos cantavam na época e havia dois que eram DJs. As pessoas dançavam em grupos nas festas fazendo “passinhos” (Lagartixa), mas nem sabíamos o nome na época. Havia até competições. A dança breaking especificamente, eu via mais pela TV. Achava que nem existia no Brasil. Até conhecer o Bboy e coreografo Ary (MOS CREW) que trabalhava com minha irmã. Quando soube que eu gostava de dançar ele me convidou para assistir a um treino com o grupo. Na época, eu era jogadora de vôlei profissional e abandonei esse esporte para iniciar na dança.
HHF – Trajetória:
Lu Bsbgirls – Eu danço desde 1997. Na época era tudo muito difícil. Não tínhamos acesso a nada (vídeos, cds, dvds…). O que tínhamos para nos inspirar eram as Fitas VHS e Fitas K7 vendidas pelo Ronei YoYo na sua antiga loja na Galeria (Pixain). Tudo que se aprendia era na raça mesmo, após meses ou anos de treino, pois não havia ninguém pra ensinar. Porém, a dança era mais pura. A cultura era mais pura. Era estilo de vida que muito se perdeu hoje. Por não haver quase nenhuma mulher (bgirl), tinha que competir contra bboys mesmo e sempre fiquei entre os três primeiros lugares. Não havia premiações em dinheiro e, às vezes nem troféu.
HHF – Influências:
Lu Bsbgirls – Eu sempre me inspirei em bboys da minha região mesmo. (Cassiao, China, Herval, Ronaldo e Ary) e de São Paulo (Banks-Back Spin Crew, Dede, Andrezinho, Bispo, Mr.Fe, entre outros). Minhas inspirações de Bgirls foram as Bgirls da minha crew (BSBgirls). Sempre gostei de assistir vídeos de bboys e bgirls de todo o mundo, mas minhas inspirações e influências vieram daqui mesmo.
HHF – Principais trabalhos/apresentações:
Lu Bsbgirls – Para mim um dos trabalhos mais importantes foi quando montamos um grupo de adeptos da Cultura Hip Hop e decidimos lutar para introduzir a nossa cultura dentro das escolas. Sempre acreditamos que o Hip Hop poderia salvar vidas, resgatar a autoestima, mostrar que há outro caminho e que a classe mais baixa também tem direito à arte, e a fazer arte. Conseguimos em 1998 com o projeto “Das Ruas para a Escola”, em parceria com a secretaria municipal de Educação. Partindo dai vieram outros projetos, outras parcerias e outra arte educadores (formados pela secretaria de Educação). Participei de varias competições de Breaking pelo país e exterior atuando como júri, competidora, ministrando workshop e debates. Participei de organizações e produções de eventos tais como:
–Meeting Hip Hop School and Festival (Valinhos e Indaiatuba)
-Interior Manifesta (Hortolândia)
-Cidade vs Cidade (Ribeirão Preto)
-Batalha da Amizade (Rio Claro)
-Batalha no Topo/Block Out (Franca)
-Its Guetto (São Paulo)
-Battle Baton Eliminatória SP (Araraquara)
-Semana do Hip Hop de Batatais
HHF – Projetos:
Lu Bsbgirls – Integrante do BSBgirls (Brasil Style B.girls), crew formada especificamente por mulheres. Sou educadora física (academias) e arte educadora (dança).
HHF – Quais os desafios de ser uma bgirl? Qual sua visão sobre a importância desta modalidade?
Lu Bsbgirls – Eu particularmente nunca sofri nenhum preconceito dentro do Breaking. Até mesmo porque sempre bati de frente em tudo que queria. Desde entrar numa roda, treinar algum movimento ou entrar num racha. Eu nem perguntava para qualquer bboy sabe eu já ia entrando e pronto. Se eu queria estar ali eu estava e se não queria estar então eu saia… Mas já vi o preconceito para com outras bgirls…na fala, no olhar ou na maneira de competir contra uma mulher.
O desafio de ser uma bgirl é que primeiramente somos mulheres e, como tal, vem as obrigações como ser dona de casa, ser mãe, ser esposa e ainda trabalhar e treinar. Para mim, a importância da dança breaking dentro da cultura Hip Hop é que ela é o cartão postal da cultura, é o elemento que mais defende e difundi a cultura. Que mais valoriza e preserva a cultura. E sendo uma mulher a torna mais bela, mais viva e mais alegre.
HHF – A importância da pagina Hip Hop Feminino:
Lu Bsbgirls – Acho digno que os trabalhos feitos por mulheres dentro da Cultura Hip Hop sejam publicados e divulgados. O reconhecimento é gratificante, além de nos dar uma força maior para continuar ainda. Podemos deixar muitas coisas como inspiração para as iniciantes e as futuras gerações. Uma forma de interagir e conhecer os trabalhos umas das outras.
HHF – Indicações:
Lu Bsbgirls – Tuanny Miller (Franca), graffiteira, Naira Sales (Votorantin), b.girl, Pimenta PA (Sapiranga), b.girl e graffiteira.
Por: Cristina Dias, Hip Hop Feminino, em parceria com Bocada Forte.
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