Censura e violência policial no hip hop brasileiro
ESPALHA --->
O portal Rap Nacional recebeu ontem (19/08) uma carta da Secretaria da Primeira Vara Criminal da Comarca de Uberaba, Minas Gerais, solicitando a retirada de vídeos, músicas e qualquer menção que propague o grupo CTS Kamika-Z.
De acordo com o portal, Ananias, integrante do CTS Kamika-Z, disse que “o trabalho do CTS é voltado para interpretação da realidade brasileira, em busca da justiça através da liberdade de expressão e que a referida decisão já está sendo analisada pelos advogados constituídos e os recursos cabíveis serão imediatamente interpostos, buscando sempre o ideal de justiça e de democracia defendido por nós do CTS.”
No mesmo dia, começou a circular um vídeo em que Ananias é coagido por um policial. Está escancarada a maneira como a liberdade de expressão é tratada em nosso país. O rap sempre bateu de frente com o sistema, qualquer opinião contrária ou acusação de suposta apologia deve ser tratada nos âmbitos da Justiça, não com abuso de autoridade e ameaças.
O mais triste é saber que grande parte da população apoia a atitude truculenta da polícia. A mentalidade e comportamento dessas pessoas também passam um pano para a violência que segue desenfreada nas periferias brasileiras.
Bom é saber que muitos rappers estão contra a atitude da polícia e cobram medidas da mesma Justiça que censurou o grupo de Ananias e o portal Rap Nacional.
TAZ MUREB
Sobre os últimos acontecimentos.Voltamos para a Prefeitura.Pode me algemar, me torturar.Mas não calarão a minha voz.#OcupaPrefeitura#SomosTodosTazMureb
Posted by Taz Mureb on Quinta, 20 de agosto de 2015
Há 12 dias acampada na frente da Prefeitura de Cabo Frio (RJ), Taz Mureb protestava contra a falta do pagamento da verba de um edital para projetos culturais para os artistas da região. Mais uma vez a polícia mostrou sua face autoritária. De acordo com o G1, um policial militar jogou spray de pimenta no olho de uma manifestante nesta terça-feira (18/08). Assista abaixo.
Taz Mureb vai presaCOVARDIAVídeo mostra o momento exato da detenção da rapper Taz Mureb. Mesmo sem resistir e já no chão, sob total domínio de um número maior de policiais, ela foi agredida com spray de pimenta no rosto. “Me algema, mas não encosta em mim”, gritava ela. Confira:
Posted by Folha Dos Lagos on Tuesday, August 18, 2015
RELAÇÕES ANTIGAS
Em 1989, no dia 25 de novembro, MC Rap B, do grupo Rap Magic, foi assassinado com um tiro na testa. A cultura hip hop estava em formação, o rap não tinha a visibilidade que tem hoje, mas já era visto como ameaça. Na época, segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, a pasta que estava com o rapper continha algumas letras de músicas, uma delas tinha este trecho: “bandidos, assassinos e pessoas de bem, mas quando chega a polícia não sobra ninguém. Depois os homens matam e dizem que foi bala perdida.”
O comandante do Policiamento Metropolitano era Ubiratan Guimarães, conhecido pela invasão e massacre do Carandiru em 1992, fato registrado no rap “Diário de um detento”, dos Racionais MC’s.
[+] Leia a matéria aqui.
[+] Leia “Juventude sem pimenta”, artigo de Fábio Emecê, colaborador do BF, para o Jornal do Totonho.
Interaja conosco, deixe seu comentário, crítica ou opinião