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Eduardo, voz mais que necessária

Eduardo, voz mais que necessária

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IMG2-e1444176155260 Eduardo, voz mais que necessária
Foto: Divulgação.

Rapper linha de frente na militância periférica fala sobre o extermínio na periferia

A violência na periferia existe. Ignorá-la, fingir que não é nada grave, desdenhar de quem insiste em falar sobre essa realidade é uma opção.

Você, sim você que é mãe ou pai branco de classe média/alta ou apenas classe alta. Você que cresce no paraíso do privilégio estrutural que costuma chamar de meritocracia. Você que fica incomodado com protestos de um grupo que acha que “tudo é racismo”. Você pode ter certeza: as chances dos seus filhos serem assassinados pelo Estado são mínimas, quase zero. Os negros e periféricos já não podem dizer algo parecido, mesmo admirando o estilo de vida dos mais ricos, mesmo tentando achar que têm alguma identidade com as propostas da elite.

É esse quadro que o rapper Eduardo, artista, militante e ex-integrante do grupo Facção Central, tenta mostrar para a maioria dos moradores das bordas das grandes metrópoles. A cada momento de audição do disco A Fantástica Fábrica de Cadáver, o ouvinte enxerga o passado e, às vezes, tem Eduardo como um profeta, pois a violência dos versos do rapper é um convite ao debate sobre o presente, mas o desprezo pela vida dos jovens negros é algo que vai além do hoje, é um portal para um futuro próximo, num bairro próximo, com vítimas que têm as mesmas características dos nossos entes mais próximos. Tudo continua acontecendo, tudo vai se repetir.

Em entrevista concedida ao canal Ponte Jornalismo, Eduardo cita a mudança que o hip hop fez na mentalidade dos jovens favelados, suburbanos (assista ao vídeo abaixo). O rapper sabe qual a importância de continuar rimando o que rima, principalmente por entender bem os desejos e frustrações que a sociedade de consumo constrói na mente de cada morador das comunidades.

Por mais que saibamos que o rap evoluiu e tem diferentes formas, não dá pra esquecer que a desigualdade também evoluiu. Como disse acima, deixar essa ideia de lado é uma opção. Não rimar sobre a violência na periferia significa indiferença e alienação? Não, uma coisa não exclui a outra. Pelo menos não deveria.

Que essa diversidade nos apresente também mais Eduardos, Issas, Gegês, Kimbutas, Doris, Odisseias, Amandas, Opanijés, Marechais, Antiéticos, DPinots, Emecês…Afinal, a vida dos periféricos e pretos tem importância.

Eduardo, um dos rappers mais respeitados do Brasil: “Naturaliz…Eduardo, um dos rappers mais respeitados do Brasil: “Naturalizaram o extermínio na periferia”“Cada semana que faço um show, ofereço a música para uma chacina diferente”, afirma o músicoPor Caio Castor e Igor Carvalho, especial para a Ponte Jornalismo

Posted by Ponte Jornalismo on Terça, 6 de outubro de 2015