Rap: sons de veteranos para todos
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Pioneiro da cultura de rua brasileira apresenta novos trabalhos
DJ RAFFA celebra seus trinta anos de hip hop com muito rap. Em sua página no SoundCloud, Raffa lançou 3 singles que representam a diversidade do rap feito por artistas periféricos.
Crônica Mendes, “É o que tá tendo”
Um dos melhores raps deste começo de 2015. Num instrumental hipnótico e cheio de peso, a narrativa de Crônica Mendes aponta os contrastes sociais que ainda ecoam pelo país. O rapper aborda o contexto complexo atual, onde falsos salvadores utilizam o espaço, a polícia, a mídia e até o próprio rap para propagar ideias que levam cada vez mais pessoas pra vala. “É o que tá tendo” funciona como um alerta permanente. Antes de discutir política e realidade periférica, ouça este single.
Baseado nas Ruas, “Deus, única saída”
Marcão, veterano companheiro de Raffa, vem com uma mensagem diferente de seus trabalhos anteriores. O rapper sempre registrou sua fé em seus versos, mas esta música trata do tema de maneira mais profunda. De acordo com a história contada por Marcão, Deus é a única saída para o homem do gueto sair das armadilhas do crime. R&B com o peso da experiência de um dos melhores produtores do Brasil.
Japão (Viela 17), “O bonde é pesado”
Ceilândia é o clima, o ambiente, a região onde os periféricos agem e reagem ao que é planejado para sua dominação. Japão nega qualquer acordo com o sistema, ser pesado é seguir dizendo não quando a maioria se sente feliz em dizer sim para uma série de mentiras. O olhar do cantor do Viela 17 está voltado para a chacina na periferia, para pastores corruptos, entre outros elementos que os periféricos precisam enfrentar diariamente. Falar sobre essas coisas não é tão difícil, tem muito MC que faz a mesma coisa, mas nada se compara ao modo como Japão intercala suas ideias e rimas num beat minimalista e cheio de “bass”. Coisa de nego véio…e sábio.
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