A previsão para hoje é: quente! A cor de hoje é preto. Isso mesmo, preto!
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#Reviews | Antes de mais nada, por favor, abra sua plataforma preferida, e dê o play no álbum “Faça a Coisa Certa” de Zudizilla.
“A previsão para hoje é: quente!
A cor de hoje é preto. Isso mesmo, preto.
Vão absorver uns raios solares e guardem para o verão.
Vistam-se de preto e entrem nessa.
A temperatura subirá para 38° C.
Um aviso para quem usa brilhantina: se estiver de brilhantina, fique em casa ou acabará com um capacete de plástico permanente na cabeça”.
Esse é o clima anunciado pelo Mister Señor Love Daddy (Samuel L. Jackson) no início de Faça a coisa Certa (Do the Right Thing), clássico do diretor Spike Lee lançado em 1989, como um clássico, mantém a sua importância. O comunicado não se dá à toa.
Daquele ponto em diante, o filme vai se desenvolver em torno do calor, até mesmo em momentos que parecem mornos, mas que na verdade, estão preparando a panela de pressão que vai explodir no futuro.
“Faça a coisa certa”, filme realizado por Spike Lee em 1989, que mostrava como pequenas tretas tinham o poder de explodir a tensão racial dos Estados Unidos, foi um divisor de águas na história do cinema americano. Desde o auge da segregação racial, entre os anos 20 e 50 do século passado, cineastas negros, como Oscar Micheaux, à margem de Hollywood, já faziam um cinema condicionado a circular apenas para o seu povo, em salas específicas nos bairros e guetos afro-americanos.
Dessa forma, o bairro de Bed-Stuy (o mesmo onde mora o protagonista de Todo Mundo Odeia o Chris) é visto como uma “terra sem lei” dos Estados Unidos, onde as tensões entre diferentes etnias se criam durante a convivência diária até se tornar um violento conflito.
Mas, apesar de representativo da sociedade Norte-Americana, a inovação presente no filme disponível no Vimeo e no YouTube está no fato de a história ser contada pelos negros.
Assim, o grande personagem de Faça a Coisa Certa é a convivência entre policiais, negros, latinos, asiáticos e os brancos ítalo-americanos, mas, acima de tudo, é também a relação entre o ódio e o amor, mostrada no longa-metragem como um vínculo delicado e ao mesmo tempo forte, uma vez que a existência de um depende do outro, assim como o frio e o calor.
Dessa maneira, mesmo que o Brooklyn esteja pegando fogo, a voz do radialista está sempre presente ditando o ritmo do amor, especialmente quando o clima fica mais leve na cena íntima de Mookie (Spike Lee) e Tina (Rosie Perez).
No entanto, o personagem é o único que não interage de maneira direta com o ambiente, estando sempre isolado por um vidro em seu estúdio.
Por outro lado, Pino (John Turturro), filho de Sal (Danny Aiello), o dono da pizzaria, representa todo o ódio, concentrando o racismo e fazendo questão de deixar isso bastante claro para todos.
Desse modo o amor se manifesta continuamente sem ser ouvido enquanto o ódio age de maneira incisiva.
E da mesma forma que os dois sentimentos, uma afirmação também se faz bastante persistente na película: “Bed-Stuy: Do or Die” (Bed-Stuy: Faça ou Morra).
A pergunta é: fazer o quê?
Talvez o próprio título possa nos responder, mas então surge outra questão: qual seria a coisa certa?
Essa é a dúvida que permanece viva após mais de 29 anos.
Fontes: Zero Hora, Wikipedia, Adoro Cinema, Netflix & Metrópoles.
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