#OutrasCenas: Zé Nigro imerge em sua própria discografia e lança ‘Silêncio’
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Foto: Indira Dominici
Zé Nigro, músico, compositor e produtor paulistano, lança seu segundo disco solo, “Silêncio”, pelo selo norte-americano Nublu Records. O álbum traz colaborações de peso, incluindo Arthur Verocai, Russo Passapusso, Souto MC e Saulo Duarte, e representa um novo capítulo na trajetória do artista, que busca transformar sua sonoridade através de releituras e novas parcerias.
O novo trabalho de Zé Nigro revisita canções de seu álbum de estreia, “Apocalip Se” (2021), oferecendo releituras criadas a partir de apresentações ao vivo e incorporando faixas inéditas. “Este álbum é como uma dobra do tempo”, reflete o artista. A nova obra dialoga com o isolamento do primeiro álbum, mas propõe uma conexão mais forte com a natureza e com outros artistas. “O disco traz diferentes personalidades que enriqueceram a narrativa, somando novas camadas às músicas”, completa.
O álbum apresenta um contraste em relação ao seu antecessor. Enquanto “Apocalip Se” carregava uma densidade sonora refletindo o período de isolamento social, “Silêncio” expande essa proposta, explorando novas sonoridades e colaborando com diversos artistas. Arthur Verocai, por exemplo, contribui com um arranjo orquestral na faixa “Gorjeios”, elevando a composição a um novo patamar, enquanto Russo Passapusso imprime sua marca em “Nem um Pio”, com uma interpretação intensa que reverbera o vazio e a complexidade das relações humanas.
A presença do hip hop
“Silêncio” também dialoga com a cultura de rua ao trazer o Souto MC na faixa “Andarilha das Galáxias”, que mistura afrobeat e sintetizadores, conectando o rap com outras vertentes musicais. A presença de Souto MC é um dos destaques, oferecendo uma nova perspectiva à faixa e reforçando as raízes que ligam a música de Zé Nigro ao hip hop. Além disso, o álbum flerta com elementos do reggae, afrobeat e até house music, ampliando o alcance do diálogo com diferentes vertentes da música urbana.
Produção e sonoridades múltiplas
Zé Nigro, reconhecido por sua vasta experiência como produtor, volta a experimentar com sonoridades que vão da música brasileira dos anos 70 ao reggae desconstruído. O álbum explora essa diversidade estética, dividido entre o lado “dia” e o lado “noite”, como o próprio artista descreve. “Transito por vários estilos ao mesmo tempo, e o álbum passeia por todas as sonoridades nas quais acredito”, destaca.
A faixa “Caossonância”, por exemplo, utiliza um sample do álbum “Memória das Águas”, de Fernando Falcão, sobrepondo sintetizadores à orquestra, numa alegoria do caos e da destruição da natureza. Já o remix de “Jararaca Snake”, fruto de uma parceria com o baterista Samuel Fraga, traz uma atmosfera etérea, transformando a faixa original em uma peça de house/dub que dialoga com questões existenciais.
“Silêncio”: Entre passado e futuro
Com nove faixas, “Silêncio” representa uma imersão no passado e um salto para o futuro da carreira de Zé Nigro. O álbum é um convite para o público adentrar nas diversas camadas sonoras e nas colaborações que dão forma a esse novo trabalho. Revisitando sua própria obra, o artista não só dialoga com sua discografia, mas também com o tempo, propondo novas leituras e explorando o que ainda está por vir. “É um álbum que olha para o passado, mas com um olhar atento ao futuro”, conclui Zé Nigro.
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