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Outras Cenas | Dor Fantasma: história e resistência no trash metal angolano

Outras Cenas | Dor Fantasma: história e resistência no trash metal angolano

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Em mais uma entrevista realizada pela página Metaleiras Negras, vamos conhecer a banda de trash metal angolana Dor Fantasma, que conta com Pagia Henriques Chitumba no vocal e no baixo, Jayro Cardoso na guitarra, Amílcar Gonçalves, na guitarra solo, e Osvaldo Chadd na bateria.

Perguntas realizadas antes do lançamento do single Visions of Suicide.

1. A banda Dor Fantasma existe desde 2006 no cenário rock angolano. Como é tocar thrash metal em Angola? Encontraram resistência?

Como em toda área social ser diferente é um pouco complicado. Sempre procuramos ter uma sonoridade bem underground e acima de tudo old school. Isso de certa forma foi nos destinguindo dentro da cena rock em Angola visto que a tendência musical aqui é baseado mais no moderno. Enfrentamos até hoje alguma resistência ao nosso estilo mas também existe um certo público que gosta do ritimo seco e que nós produzimos.

2. Vocês escreveram algumas músicas em umbundo, que é um dos idiomas tradicionais de Angola, se tornando a primeira banda de thrash metal a compor temas em idiomas nativos. Qual é a importância de unir thrash metal e a cultura tradicional?

Resposta 1: Quando a banda decidiu dar o nome de Dor Fantasma foi uma homenagem às vítimas da guerra civil em Angola, propriamente na província do Huambo onde aconteceu o maior conflito militar deste episódio, com muitos mortos e feridos. E após este período ouvimos algumas histórias de pessoas que viram seus entes queridos falecer debaixo de seus olhos, sentiam uma dor em seu coração, mas que também haviam perdido algum membro de seu corpo e mesmo assim sentiam uma Dor Fantasma. Foi então que nossa filosofia musical enraizou-se com a história de Angola/África.

Resposta 2: A música sempre terá história para contar. Nossa filosofia musical é enraizada na história de Nosso povo no passado e na atualidade. O Thrash Metal é um ritmo rebelde que onde passa deixa sua marca de sangue. Isto nos liga à toda aquela história de escravos de nossos ancestrais até chegar a nossa etnia ovimbundu moderna. Nós transformamos a nossa história antiga em música, por isso também decidimos escrever em dialeto nacional, de formas a fazer essa ponte cultural e nos aproximarmos da nossa raça.

3. Vocês participaram de vários festivais em Angola e em outros territórios africanos. Qual foi o mais significativo para vocês?
Tivemos o privilégio de ser uma das bandas de primeira eleição em Angola e isso de certa forma contribuiu bastante para a nossa projeção no exterior. Mas todos os palcos foram marcantes para cada membro da banda porque nosso objetivo é tornar um momento em uma história na vida de cada espectador ou ouvinte de nossa música.

4. Vocês lançaram uma demo em 2007, participaram com a música System em um EP da Cube Records em 2014. Pretendem trabalhar um novo material em breve?

A banda acabou de lançar no dia 30 de Maio o novo single intitulado Visios of Suicide. Estamos a trabalhar para em breve apresentar mais material da banda.

5. Quais são as referências da banda? Existe alguma referência brasileira?

Nossas referências principais, Slayer, Athrax, Death Angel. Sodom, Exodus. Já tivemos uma fase que ouvíamos Sepultura, mas nos primeiros álbuns que eram bem old school com os quais nos identificamos.

6. Vocês possuem outros projetos além da banda Dor Fantasma?

Atualmente só o nosso guitarrista Jayro Cardoso participa de um outro projeto interprovincial de nome Horde of Silence mas está em modo hiato temporariamente.

7. Deixem um recado para as Metaleiras Negras e os Metaleiros Negros que acompanham a página.

Queremos deixar um abraço para todos os seguidores da página e do projecto Metaleiras Negras e pedir que não deixem o Metal morrer nunca, mais união e nunca se esquecer de onde viemos, e principalmente da história da nossa raça, que começou há muitos séculos.

8. Podem deixar os links das redes sociais também.
Facebook: https://www.facebook.com/dorfantasmametal/