Confira o EP ‘Campo Minado’ do grupo Sinta a Liga Crew
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#RAPBrasileiro
O grupo Sinta a Liga Crew começou como um coletivo e se tornou um grupo inovador na cena musical.
Surgida inicialmente como um coletivo feminista de artistas e produtoras para promover o protagonismo das mulheres paraibanas no hip hop, logo a Sinta A Liga Crew assumiu os palcos, movida pelos talentos e potencial de suas integrantes.
Um projeto cujo nome faz alusão a uma peça íntima do vestuário feminino e que também significa união e aliança, é a “liga” que reúne alguns dos principais nomes do hip hop da Paraíba.
A Crew formada em 2016 hoje é composta por Kalyne Lima, Camila Rocha e Preta Langy, rappers e ativistas culturais, ao lado do DJ e produtor musical Guirraiz, da grafiteira Priscila Lima (Witch) e da dançarina Giordana Leite.
As composições são todas autorais e reúnem produções individuais e coletivas que celebram o poder feminino, a liberdade e a sororidade. Músicas dançantes que reúnem estilos como rap, dancehall, reggae, reggaeton e ainda pitadas de música brasileira. O show conta também com performances de dança e execução de graffiti ao vivo.
Em dezembro de 2016, o grupo lançou seu primeiro single intitulado QUEM DISS com a produção do DJ Guirraiz e mixagem e masterização de Luiz Café. Desde então a Sinta Liga Crew tem realizado importantes aparições em shows pelo estado ao lado de artistas nacionais, entrevistas para importantes veículos de comunicação e cada vez mais conquista uma legião de fãs em suas redes sociais e em seus shows. Recentemente, o grupo lançou o EP CAMPO MINADO, está em turnê de divulgação do trabalho e se prepara para lançar dois videoclipes.
A CREW
Kalyne Lima foi a segunda rapper a surgir no cenário paraibano, além de ser também militante social, produtora cultural e jornalista. Em quase 20 anos de carreira, carrega conquistas como o Prêmio Hútuz (2007 – 2010) e o lançamento do disco “AfroNordestinas” (2010).
Preta Langy tem 10 anos de inserção no rap paraibano, dona de um timbre grave e forte, flow vibrante, letrista que se inspira em estilos como dancehall e reggae, fazendo de sua música contagiante, com mensagens que buscam ideias de paz e conscientização.
Camila Rocha é poetisa de nascença e há quase 10 anos se dedica ao REP (ritmo e poesia, como gosta de abrasileirar), lançando em 2015 seu primeiro EP POESIAS RECORTADAS, com fortes influências do reggae, samba e música brasileira. Uma das artistas mais provocadoras da cena local, é também uma talentosa artista visual e uma das principais vozes do feminismo no estado.
Giordana Leite é dançarina e coreógrafa com quase 20 anos de carreira, considerada uma das maiores referências de Reggaeton e Dancehall do Brasil. Pesquisadora, transita entre a dança de salão e a dança de rua, desenvolvendo um estilo que lhe rendeu grande destaque na cena nacional.
Priscila Lima “Witch” é uma das artistas mais importantes da cena do graffiti paraibano, com uma produção que alterna entre os trabalhos de ocupação das ruas e a produção de telas e produtos. Criadora da personagem “Catrina”, uma caveira que surge em diversos contextos femininos com o objetivo de retratar e empoderar as mulheres.
DJ Guirraiz é campeão nordeste 2008 do DMC Brasil e vencedor do Spin DJs 2010, além de outras premiações como o DJ Scratch e o Hip Hop DJ. Já se apresentou em diversos estados do país de maneira solo e em grupo, sempre incluindo técnicas de performance de Turntablism e técnicas de Visual Turntablism. Como Produtor Musical trabalha em remixes e produções de artistas de diferentes segmentos, como o rapper brasiliense GOG, os cantores paraibanos Totonho e Beto Brito e mais recentemente o projeto Vice Versa com o cantador Oliveira de Panelas, a Orquestra Sinfônica da Paraíba e a rapper Kalyne Lima.
O EP conta com 5 faixas e uma mescla de ritmos e poesia. Conversamos com a Kalyne Lima, umas das integrantes do grupo que falou um pouco sobre esse trabalho.
BF: Conte pra nós um pouco do processo de criação desse trabalho.
Kalyne Lima: Então, como deve saber, o grupo reúne artistas que já tinham uma história no hip hop, quando a gente se juntou pra fazer um show casado, vimos ali uma oportunidade de criar um trabalho mais estruturado, reunindo as habilidades e o network de cada uma. Fizemos o primeiro single em parceria que foi a música QUEM DISS onde a gente pode experimentar a vibe uma da outra e estabelecer uma relação bacana com o produtor Guirraiz, a partir disso, fomos experimentando, fizemos na verdade, mais de 20 músicas, cada uma passando por um processo único, às vezes vinha primeiro o beat, outras a letra, algumas vezes escrevemos juntas, outras, produzimos usando uma rede social de mensagem, cada uma de sua casa…
Para o EP, a gente selecionou as cinco que acreditamos serem as que deveriam ser apresentadas primeiro ao público. A ideia foi lançar o EP em Novembro, lançar a Tour Campo Minado que passou por Olinda, Feira de Santana, Salvador, Fortaleza e Sobral (que foi no final de novembro ao início de dezembro). Em Janeiro iniciamos os lançamentos dos clipes, até o momento foram três, Campo Minado (Jan), De Passo em Passo (Mar) e Correria (Abr).
Em fevereiro, por ser carnaval, lançamos um clipe chamado NA CAMA, um feat com a cantora Mira Maya num estilo chamado Batidão, uma mistura de swingueira com funk bastante popular por aqui.
BF: O grupo não esconde sua maneira de ser e sua postura com relação a diversos assuntos, como vocês lidam com as críticas, principalmente as feitas por pessoas com pensamento mais conservador ( machismo ) ?
Kalyne Lima: Cotidianamente sofremos ataques, não só após a formação do grupo, mas desde muito antes. Por muitas vezes nos sentimos ofendidas, no entanto, quando nos juntamos, também aprendemos a nos apoiar e nos blindar.
Sabemos lidar com críticas, mas o mais importante, é que temos maturidade pra filtrar essas críticas, a maioria não é uma crítica legítima, parte de homens que estão no hip hop mas que tem uma postura altamente questionável, inclusive no que pregam em seus raps sobre drogas, ostentação e mulher. Eles não são conservadores, são covardes, não suportam uma mulher que não se submete. Sabemos que afrontamos, essa é nossa pauta, eu particularmente afronto há 20 anos, pra que hoje, outras mulheres tenham a coragem de afrontar. Quem sabe a próxima geração passe por menos enfrentamos que a minha.
Muitas vezes, as pessoas vêm nos aconselhar a não trazer certas pautas nas letras, discursos e redes sociais, argumentam que isso não é bom artisticamente, mas entendemos que deve ser feito, que essa é nossa pauta, que o que vier de conquista será consequência porque a função social tem sido uma questão de sobrevivência e não só da vida artística, mas da vida. Estamos num Estado com índices alarmantes de feminicídio e LGBTfobia, não dá pra brincar.
BF: O que você tem a dizer sobre os próximos trabalhos? O que vem por aí?
Kalyne Lima: A partir de maio, sairá mais dois clipes e em Julho completamos dois anos de grupo e vamos lançar nosso segundo EP, dessa vez sobre o amor, mas não se trata de um amor romântico. Mas o amor real, da perspectiva de mulheres contemporâneas e empoderadas.
Em Setembro,vamos promover o primeiro festival de hip hop voltado para o público feminino. Se chama CAMPO MINADO: Festival Hip Hop Delas.
Confirmado até o momento, estão mulheres de PE, RN, CE, SP, RJ, PB
Dentre elas, as moças do Rap Plus Size.
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