ACERVO BF | Slim Rimografia fala sobre o álbum ‘Financeiramente Pobre’, seu disco de estreia
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O MC Slim Rimografia (o “Homem Improviso”) acaba de lançar, por conta própria, o disco ‘Financeiramente Pobre’. São 17 faixas, das quais uma é abertura, três são interlúdios e treze são músicas. Muitas participações, a grande maioria DJs, que marcaram presença em praticamente todas as faixas. A gravação e mixagem foram feitas no estúdio Atelier, historicamente o mais importante para o Rap brasileiro, já que todos os grandes nomes do nosso Rap gravaram ou mixaram pelo menos uma música lá. O disco está sendo vendido no mesmo esquema de todos os grupos novos, a famosa distribuição “mão em mão” e divulgação de “boca em boca”.
Tem dado certo, pois em pouco tempo já foram vendidas pouco mais de 500 cópias de ‘Financeiramente…’, tomara que continue assim e no próximo disco o MC lance a música “Bem sucedido” ao invés de “Falido (Mp3)”. Brincadeiras à parte, o disco é sem dúvida um dos melhores já lançados por aqui, é um trabalho que não pode passar em branco dentro da Cultura Hip-Hop. Em entrevista exclusiva Slim falou, entre outras coisas, sobre o disco, as oficinas que tem dado no Espaço Criança Esperança (ECE) do Jardim Ângela, 0 “underground” e gravadoras.
Bocada Forte: Fale sobre o disco que você acaba de lançar, produção, participações, distribuição, fotos, etc.
Slim: A produção foi feita em casa, num PC usando o programa “Logic Platinum”, as faixas “Falido” e a “Rimagia” foram feitas por mim e pelo DJ Dri e as outras eu mesmo produzi. A gravação e mixagem foram feitas no Atelier Estúdios pelo DJ Roger e o Vander Carneiro. Comecei a gravar em janeiro, o disco ficou pronto em junho e lancei em dezembro. Tem várias participações, entre elas, nos toca-discos os DJs Dri, Jorge, Roger, Tano, Edy, Nego e Grelo. Nos vocais Afrika Bambaataa, Dodiman (Pentágono), G.Box, Bactéria, Rael (Pentágono), Renato Pezão (Trovadores), Ad e D.Marks (Gueto ZO). A distribuição é universal do reino de Deus (risos). É mão em mão mesmo. As fotos foram feitas pela Letícia, uma amiga minha que mandou muito bem nos cliks e a arte quem fez foi o Thiago, que também mandou bem. Mas tem outras fotos, pois quando rolar uma grana vou fazer o encarte mais gordinho.
B.F: Nesse esquema “mão em mão”, quantas cópias já foram vendidas?
Slim: Cara, já vendi umas 500 e minha família nem comprou ainda (risos), mas acredito que já seja um número bom né, pois é de mão em mão e a divulgação de boca em boca, mokado mesmo.
B.F: Está fazendo shows?
Slim: Os shows estão rolando, o mais foda foi na sala São Paulo, que é um pico só pra orquestras e tal, o teto regula e tudo mais, mas tá aparecendo bastante coisa pro Rio, Curitiba, Itanhaém e sampa numas baladas.
B.F: Você foi procurado por alguma gravadora ou procurou alguma?
Slim: Eu procurei uma gravadora e os caras não dão valor nenhum pro seu trabalho, sabe? Então é meio foda. Uma gravadora também me procurou, falou que ia fazer e acontecer, mas na hora que precisei de grana ai já era, sumiu. Minha visão sobre isso é o seguinte: esse álbum tinha que ser independente mesmo, tá sendo e tá rolando. Não quero vender milhões só quero fazer música e mostrar ela também, pra quem gosta de música mesmo. Pois um cara ter coragem de ir num banco, depositar uma grana, mandar e-mail e esperar dias pra receber o CD é por que ele acredita no trampo mesmo. Isso é o melhor reconhecimento do mundo.
B.F: Quais foram as suas influências para fazer os instrumentais?
Slim: Música brasileira, jazz, funk, blues e algumas bandas de Hip-Hop.
B.F: Antes desse disco você tinha o projeto de lançar um álbum só com freestyle (‘Test Drive de Microfones’), porque isso não aconteceu? Ainda tem planos de fazer isso?
Slim: O ‘Test drive de microfones’ não rolou por falta de capital na época e também achei melhor investir num álbum meu mesmo. Mas ele vai sair sim, logo mais, tenho outros projetos que também quero por na rua em breve é só esperar um pouco, pois ainda tem muita coisa por vir.
B.F: Uma das músicas tem vídeo clipe, fale sobre ele. Tem planos de fazer algum outro?
Slim: O vídeo clipe foi bem experimental, eu e o Jhon pensamos em fazer, ele tinha a câmera, um s-vhs, eu tinha as ideias e falamos – Vamos fazer? Vamos! Aí pegamos e começamos a filmar, filmar, não tínhamos nem som portátil pra tocar o som, foi tudo na raça. Editamos na casa dele em uma semana, num PC simples e a parada ficou legal pra caramba. O Jhon é um cara muito bom em edição e nem vive disso, é foda né? A qualidade das imagens não são as melhores, mas gosto do vídeo. Tô louco pra fazer outro clipe, se pudesse faria vários, logo mais vou lançar outro num sei de qual som ainda, mas vou fazer sim! Até o meio do ano eu faço.
Clique aqui para assistir ao clipe “Compre meu Disco” (nessa época não existia youtube, você clicava e assistia o vídeo em um player dentro do Bocada Forte, mantivemos a escrita e o vídeo está abaixo)
B.F: O que você acha do termo “underground” para identificar alguns grupos? Você se encaixa nesse termo?
Slim: Eu acredito que este termo não resume se uma coisa é boa ou ruim, sabe? Tem muita gente dando bobeira e não tá assimilando o verdadeiro significado disso e acha que é fazer música de qualquer jeito ou falar nada com nada, aí fode toda a parada. O underground cresceu, todo mundo sabe o que é e parece que todos querem ser ele, mas cara fale o que pensa e pense no que fale, pesquise bastante e abra a mente para saber o que é bom e o que não é, independente dos rótulos dados. Eu me considero músico, antes eu ligava mais pra isso hoje nem tô mais querendo rotular, por que tudo tem seu lado bom e seu lado ruim, então deixa pra lá. Sei que gangsta não sou, nem pop, então o que sobra?
B.F: Fale sobre as oficinas que você faz no ECE (Espaço Criança Esperança).
Slim: Eu dou oficina e gosto do que faço, pois tem muita gente que não tem acesso as informações básicas da cultura e isso dificulta a evolução, aí passo o pouco que sei e mostro pra eles. Mas mostro muita coisa que não é do Rap, pois não dá pra se fazer Rap de Rap. Ultimamente, além do Criança Esperança, sou arte-educador da Zulu Nation Brasil e esse ano também vou dar aula em Diadema, talvez na casa do Hip-Hop. Eu penso assim, se você conhece algo só terá valor se você ensinar pra alguém aquilo que sabe e não guardar pra você.
B.F: Deixe seus agradecimentos, contatos e diga como o público pode
adquirir o seu disco.
Slim: Antes eu, Slim Rimografia, peço desculpas por não ter ainda conseguido dar o reconhecimento merecido a todos que participaram deste CD, pois não foi feito só por mim e que uma nova capa esta sendo feita. Agora com todos os créditos merecidos, pois correr sozinho é foda e num tive como fazer isso antes. Agradeço à todos que acreditaram no trampo e deram muita força pra mim, em especial: Formigão (Nail Skates), Pedro da sigilo, ao Thiago, D.Marks (minha namorada), a Letícia (fotos), a Slum, Artfull, ao DJ Dri, que me ensinou os primeiros passos nas produções, ao Bocada que sempre deu uma força e ao Jean, que faz as cópias dos CDs pra mim. À todos que participaram do disco, valeu pela força mesmo, à minha mãe, que comprou minha TV pra que eu pudesse pagar o estúdio (beijo mãe), a Camila, Ju den den, Conclusão, Produtto Paralelo, Aphani Dog e se esqueci alguém, desculpe.
Quem quiser comprar o CD ligue para: 0xx(11) 9348 5897 / 5894 6141 ou mande e-mail para slimrimografia@hotmail.com
Para conferir a resenha do cd ‘Financeiramente Pobre’, clique aqui. (ainda não conseguimos resgatar o texto da resenha, esperamos conseguir em breve)
Ouça o álbum
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