Suspeito UmDois: “Rap pra fazer sorrir. Por que não?”
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O grupo SUSPEITO UMDOIS acaba de lançar o EP A Saga do Baiano Legal em Concrete Jungle, trampo que mostra porquê a Bahia está na linha de frente quando se trata de criatividade no rap. Com sons cheios de ironia, os Binho S.U.D e Maurício MDN apresentam um dos melhores trabalhos lançados neste ano, um EP coeso e que combate o preconceito dentro e fora da cena hip hop. “A cena ainda trata os nordestinos por meio de estereótipos”, afirmam. Se liga no bate-papo que rolou entre o BF e o Suspeito UmDois.
Bocada Forte: Este é o trabalho número qual do Suspeito UmDois? Quantos discos já lançaram?
Suspeito UmDois: Esse é o terceiro trampo mano. O primeiro foi o CD Bem Suspeito, depois lançamos o EP K-taflã, agora temos o EP A Saga do Baiano Legal em Concrete Jungle.
Bocada Forte: Este disco está com uma vibe “pra cima”, mesmo quando tratam de temas sérios. Como que foi o lance da produção musical?
Suspeito UmDois: A produção musical foi feita por mim, Maurício MDN, junto com o Binho S.U.D, ele ajudou na escolha de alguns samples.
Bocada Forte: O disco foi produzido em SP ou Salvador?
Suspeito UmDois: Foi produzido todo em SP. Num período de 3 meses, no Estudio Ibotirama Records.
Alguns arranjos foram criados por mim, como “Amor dos trôxa” e “Eu sei”. E outras mais trabalhadas em samples escolhidos pelo proprio Binho.
Bocada Forte: A ironia como forma de combater o preconceito está no DNA do disco também. Acha que os integrantes do rap brasileiro ainda tratam os nordestinos por meio de estereótipos? Nas suas letras vocês também falam da vivência em SP, daria pra comentar um pouco sobre isso?
Suspeito UmDois: Isso mesmo. As músicas tratam da ida do Suspeito pra São Paulo. Viver de rap ainda não está um pouco difícil. Então as letras falam bastante de perrengues que passamos por aqui, mas como você destacou: numa vibe pra cima! Sem querer parecer um coitado. E sim. A cena ainda trata os nordestinos por meio de estereótipos. Por isso surgiu a faixa “Baiano Legal”.
OUÇA O NOVO EP DO SUSPEITO UMDOIS
Bocada Forte: Vocês não seguem a tendência BASS que domina o mercado. Essa atitude é uma forma de manter a personalidade e coerência do trabalho do Suspeito?
Suspeito UmDois: Sim. Com certeza! Procuramos manter nossa identidade. Claro que sempre tentando nos adaptar ao novo, porque é sempre bom renovar as ideias. Mas sempre mantendo nossa verdade e fazendo o som com “a cara do Suspeito”.
Bocada Forte: Pra fechar: a violência contra os jovens negros e da periferia continua sendo um grande problema. O rap pode influenciar na autoestima e politização dos jovens e ajudar a pressionar o poder público ?
Suspeito UmDois: Com certeza. A maior violência contra o jovem da periferia é a falta de investimento na educação e num lazer saudável para a cabeça do jovem. Sem isso, essa bola de neve nunca vai acabar. O rap sempre teve o papel de apontar esses e outros milhares de problemas na sociedade. Mas não adianta só gritar violência. Tem que passar mensagem forte mas com energia boa e positiva. A sociedade precisa questionar mais e agir! O rap está aí pra informar, politizar e também fazer sorrir. Por que não?
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