Sala Secreta apresenta o remix de ‘Modus Operandi’, single em parceria com o rapper Comparsa
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Falamos com o rapper Comparsa, parceiro do Sala Secreta, do MC Don King e integrante do grupo Gueto organizado
Fotos: Anderson dos Anjos, Daniel e Felipe Romão (Divulgação)
Em comemoração aos sete anos do Sala Secreta, o projeto inicia uma série de lançamentos neste mês de novembro. O primeiro single é nova versão de Modus Operandi, música originalmente lançada no disco solo do MC Don King (Elias Santos Deluxe – 2023), que traz um remix inovador com a participação do rapper Comparsa, do grupo Gueto Organizado. Essa parceria vai além da música, representando uma conexão de longa data e um fortalecimento da cultura de resistência no rap nacional.
Nesta entrevista exclusiva, Comparsa compartilha os detalhes do processo de criação do remix – feito pelo DJ Cortecertu– e reflete sobre a missão do rap como voz crítica e transformadora. Ele fala sobre suas influências, a parceria com Don King, e as referências que moldam sua identidade musical e as do Gueto Organizado. Comparsa também comenta sobre o impacto da digitalização na música e nas ruas, e antecipa os próximos lançamentos do grupo e de suas colaborações no cenário do rap nacional.
O trabalho de Don King foi destaque aqui no Bocada Forte. Agora, confira abaixo a conversa que explora o olhar de Comparsa sobre o rap.
BF: Essa nova versão do remix de Modus Operandi carrega uma nova energia. Como foi o processo de recriação dessa faixa e o que você quis transmitir nessa nova abordagem?
Comparsa: Essa versão tem uma energia muito mais “pra cima.” Senti uma vibração boa com a produção, algo que eu nunca tinha experimentado antes. Sou fã do Cortecertu desde o Favela Elétrica, então foi incrível participar dessa nova experiência com ele e com meu irmão DK (Don King). Espero ter transmitido, além da mensagem desse rap, uma nova forma de vida e caminho para o Hip Hop do Brasil.
BF: A música original saiu no disco solo do MC Don King, do projeto Sala Secreta. Como surgiu essa parceria e qual foi o impacto dessa colaboração?
Comparsa: Eu e o DK somos parceiros de longa data. Por incrível que pareça, seguimos os mesmos caminhos: ele tocou no Primeiro Suspeito e eu também; fomos parceiros e irmãos no Reviravolta Máfia. Quando surgiu essa oportunidade, parecia natural fazermos algo juntos. Já fizemos muitos shows e dividimos palco. Agora, estamos preparando algo novo entre Gueto Organizado e Sala Secreta.
BF: Modus Operandi traz um tom crítico e reflexivo. Como você vê o papel do rap nesse sentido?
Comparsa: O rap sempre tem que manter seu argumento crítico e reflexivo. É uma música transformadora e a voz dos que não têm voz, ou daqueles que enxergam o que o sistema encobre. Eu vejo o rap como a música original e sustentadora do movimento, mas hoje muitos tratam o rap como passado. Pra mim, ele continua sendo transformador e essencial.
BF: O que o remix traz de diferente para Modus Operandi e como você acha que o público vai receber essa nova versão?
Comparsa: Para mim, o remix de Modus Operandi é uma nova música, mesmo com a mesma letra. Ele traz uma energia nova, algo experimental, e está mais na linha do que estou ouvindo agora. Acredito que o público vai curtir, porque tenho recebido um feedback muito positivo até o momento.
BF: Quais influências do Gueto Organizado você trouxe para o remix? Como o grupo molda sua identidade solo?
Comparsa: Somos um grupo de rap desde 1998, então temos muitas influências dos anos 90, tanto do rap nacional quanto do rap de Nova York e Los Angeles. Também gostamos das melodias dos anos 80, e usamos muito essa linguagem de rua e gangsta rap. Acho que o Gueto Organizado mantém a essência do rap original, sempre trazendo um toque moderno.
BF: Quais são suas maiores inspirações para criar músicas com mensagens tão fortes?
Comparsa: Minha maior inspiração vem dos meus parceiros do Gueto Organizado, Nego Wal e Vermelho. São MCs muito talentosos e criativos, e me inspiro muito neles. São minha maior referência no rap.
BF: Como você enxerga o impacto das plataformas digitais no rap e na música de hoje?
Comparsa: Eu curto a modernidade, mas sou da época dos produtos físicos, de vender de mão em mão, trocar ideia, olho no olho, aprendendo e ensinando com a rua. Hoje, está tudo digitalizado, e vejo que muitos tratam a música como um produto de validade curta. Isso é algo que o mercado impôs. A música, como a vejo, tem valor e esses valores não estão à venda.
BF: Quais são os próximos passos para você e o Gueto Organizado? Podemos esperar mais lançamentos?
Comparsa: O próximo EP do Gueto Organizado está quase finalizado e terá cinco raps com audiovisuais exclusivos. Também temos alguns feats prontos, como um com Lealcash, no EP Agridoce, e um single com Saaier que logo sai. Além disso, tem uma faixa no disco novo do Sala Secreta, onde o Gueto Organizado se junta com a Sala, e outra no novo álbum do Apolo, ex-Pentágono. Para 2025, esperamos trazer muita coisa pra rua, porque não falamos pela rua, a rua fala por nós. #tamunavida
MAIS SINGLES NA PISTA
MC Don King fala sobre suas parcerias
O single “Modus Operandi” foi lançado originalmente em 20 de dezembro de 2016. Na ocasião, chamei o Comparsa para rimar comigo, tanto por admirá-lo como MC quanto pela amizade que tínhamos desde a época em que fazíamos parte do Reviravolta Máfia.
Naquele período, os holofotes do rap estavam principalmente em artistas que não eram da quebrada e não tinham vivência de rua, muitos deles vindos de bairros nobres e de classe média, especialmente em São Paulo. Por isso, quis transmitir na música essa ideia: que o rap ainda era da rua e que nós éramos os porta-vozes dessa mudança.
No meu verso, tento retratar que estou iniciando uma terapia para poder usar minha mente como ferramenta para retomar o rap “de assalto”, com planos e estratégias.
Faço várias referências, citando, por exemplo, Ronald Biggs, que foi responsável pelo assalto ao trem pagador, e em seguida encaixo punchlines para enfatizar o alvo da lírica. Comparsa, em seu verso, também faz algumas alusões nesse sentido.
Neste mês de novembro, no dia 26, o Sala Secreta completa 7 anos de existência, e toda sexta-feira vou lançar um single em comemoração. Estamos preparando também para o dia 26 algumas surpresas, e uma delas posso compartilhar em primeira mão: vamos lançar uma entrevista especial com o DJ Claytão pelo projeto Vivos Vozes.
Estou gravando mais faixas produzidas pelo Cortecertu, que serão lançadas em formato de single em breve, possivelmente com clipes. Em março, lançaremos o primeiro álbum de estúdio do Sala Secreta.
PRÓXIMOS LANÇAMENTOS
jogo da velha – 15/11
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Constuindo castelos – 22/11
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