Psycoprata: o mineiro que ferve nas ideias e conecta o Brasil com o rap chileno
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Harmonia entre beat e ideia reta: é assim que o Psycoprata se descreve. O mineiro de 23 anos começou a participar das batalhas de MC’s ainda moleque, com apenas 14 anos. Ali foi seu primeiro contato físico com o rap, uma verdadeira aula prática do que é flow, métrica e presença de palco. Pouco mais tarde, Marcos Prata conheceu os outros elementos do hip-hop: grafite, breaking e os DJ’s, todos em sintonia nos rolês de quebrada e centros culturais… uma terra fértil para a mente do menino que já fervia nas ideias.
“Durante um tempo, mesmo já escrevendo e gravando, eu ainda participei de algumas batalhas. Tinha o intuito de estar presente, ser visto e tal, já que ainda não fazia shows. Depois decidi parar e focar somente nas letras e produções” explica Psycoprata.
As referências do MC estão em seu quintal. Os mineiros CDR Trincament’s, Arezona, SOS Periferia e Origem Guetto são alguns dos grupos que tem uma trajetória extensa e de respeito, principalmente pela acessibilidade. Na época (não tão distante) em que ainda se comprava e trocava CD’s com a rapaziada, esses caras foram o pontapé para Psycoprata dar sentido aos pensamentos. Além dessas referências, o estilo latino sempre foi uma marca registrada dele. O MC é integrante da crew Real Rima Okulta, que é de origem chilena e firma a conexão latina no Brasil. Em janeiro deste ano, o grupo SativanderGround do Chile esteve no Brasil e eles produziram juntos um álbum que está para ser lançado logo.
Apesar disso, Marcos sente falta da galera consumir o underground. Se o dinheiro tem que rodar, que rode nas mãos de quem faz o corre de fato. Quem cola nos rolês sabe que muitas vezes os CD’s são vendidos a 5 reais, dinheiro esse que vai ajudar o MC a pagar uma conta de luz ou por comida em casa.
“O público precisa consumir mais a cena local, sabe? Comprar CD´s, ingressos, colar nos shows… Em BH, a galera fica com receio de fortalecer o MC que pega busão junto com ela, o MC que ta sempre nos rolês e tal. Grande parte do público também canta ou faz algo dentro da cultura, então faz falta mais participação dos ouvintes, apreciadores. As casas de show sempre lotam quando vem artistas de fora” desabafa Marcos.
Para ele, se tem mensagem positiva tá tudo certo, mas não esconde a preferência pelo estilo da década de 90, a golden era do rap.
Mas, afinal de contas, porque Psycoprata? O personagem foi criado no intuito de expor um lado louco, obscuro e bem diferente. Marcos não deixa dúvidas disso, o clipe da faixa Loko foi lançado há menos e duas semanas e se destaca pelo peso das ideias. Em cima de um beat feito por ele mesmo, mostra que não brinca em serviço: “resistência, mesmo com a porra da corda no pescoço. Hoje em dia qualquer um pode fazer rap, cheio de moleque… e eu? Sujeira demais para a divisão boombap e trap”.
Dá um confere no trampo do mineiro:
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