Indião: ‘Eu não comparo o rap com o funk’
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“Não quero trilhar o mesmo caminho, e não digo que o rap como um todo não deve ser como o funk, mas quero que meu rap seja diferente”
Por: Raphael Mello
INDIÃO é conhecido na cena alternativa por seus trabalhos como MC, produtor e beatmaker. Integrante do grupo DRAGÕES DE KOMODO, o artista demonstra seu amor ao rap em suas rimas, beats sujos e produções de qualidade extrema. Confira abaixo algumas ideias de Indião, o MC fala de consciência política, periferia, funk, minas no rap e muito mais.
Bocada Forte: Salve Indião! Pra começar, de onde vem esse apelido?
Indião: Vem da adolescência. Eu tinha uns 14 anos se pá, eu morava numa quebrada chamada Arábia, no bairro do Jaraguá. Lá tinha uma função dos muleque, a gente andava de skate num pico, fazia uns grafitti, ouvia um som, trocava várias ideias sobre o hip hop, ficava numa Cohab. Devido a minha origem que assim como todo povo das quebradas é miscigenada, minha família teve predominância afro-indígena. Eu por ter pele escura, cabelo liso e uns traços um pouco mais finos, puxei a parte indígena, e os muleque logo relacionaram. Se não me engano, foi até o Phantom, parceiro de grupo e vida, que falou: “parece um índio”. Indião porque eu era alto, magro. Daí pegou, já fazia parte do hip hop ter um codinome, já era da hora, representava minha origem, raiz brasileira de verdade, os índios. Aos poucos, trocando ideia com algumas tias, descolei que tive uma bisavó que era índia de uma aldeia lá do Piauí. Ela foi levada pra “cidade” pra casar, herança maldita da merda da colonização portuguesa. Eu queria saber mais sobre meus antepassados, conhecer minha origem com mais detalhes, mas até isso eles tiraram de nós.
Bocada Forte : Você faz sons sujos, pesados e bem produzidos. De onde vem toda essa inspiração?
Indião: Eu piro em rap americano, sem duvidas pra mim é o mais foda e o mais influente – sem menosprezo ao rap nacional. Minha maior inspiração vem de Nova York, curto vários estilos de música, e vários estilos dentro do rap, mas o “boom bap anos 90” foi marcante pra mim. Musicalmente e ideologicamente, pois foi a fonte de tudo o que é hoje, muita originalidade, variedade de estilos de batidas e letras, uma competição por evolução, não por status, era a consequência natural de música boa.
O numero de produtores, MCs e DJs daquela época é um absurdo, até hoje escuto coisas daquela época que ainda não tinha escutado, e me surpreendo. A parte ideológica vem da nossa experiência de vida, das nossas histórias nessa existência, dos nossos devaneios e utopias também. Não só o que eu vivi, mas o que conheço e o que gostaria que existisse. Vem também daquela postura antiga do hip hop, mais engajado. Eu era novo ouvia discursos dos MCs e me identificava, sempre fui faminto por conhecimento, o hip hop despertou em mim a busca infinita por ele, assim como uma parte de espiritualidade que nos guia através de valores e princípios que automaticamente entra na nossa parte lírica. O movimento hip hop, a experiência cotidiana e a espiritualidade formaram e formam até hoje minha base no rap e na vida, para me fazer sair do mundo em que me fizeram nascer, para o mundo que de fato existe.
Bocada Forte: Fale um pouco sobre a Boca do lixo.
Indião: É um selo independente que eu formei junto com Phantom em torno de 2004, como eu faço as produções, sempre quis fazer como os gringos e trabalhar com diversos artistas, tinha a necessidade e a vontade de fazer tudo por conta própria. Naquela época, os grupos esperavam serem convidados para assinar com alguma gravadora, sempre quisemos o contrário, pois teríamos que fazer as vontades da gravadora. Para quem gosta de rap conceitual e não comercial isso é quase assassinar a própria arte, então resolvemos ser independentes. Lançamos a coletânea Boca do lixo Volume 01, em 2005, e conseguimos certo espaço na cena underground. A partir daí, convites para shows e trabalhos em conjunto foram chegando, até o Kl Jay nos convidar para participar do Rotação 33, nós éramos os menos conhecidos do trampo, ao lado de artistas já bem conhecidos do público.
Chegar ao ponto de fazer show em vários lugares com uma puta vibe, você com microfone em mãos e ao mesmo tempo olhar para trás e no controle dos toca-discos estar a lenda Kl Jay foi uma honra e conquista pra nós. Devido as outras caminhadas pessoais, não foi possível lançar outros artistas, sempre nós mesmos. Mas agora o foco e as condições são outras, conhecimento foi adquirido, uma formação mais especializada em alguns pontos nos dão a estrutura necessária para lançamentos de outros artistas que virão pelo selo também, tanto com produção musical como executiva, além da produção de eventos, já que eu trabalho com isso e quero introduzir algumas coisas da minha experiência dentro do rap. O nome faz referência primeiramente ao rap sujo, termo que melhor define o estilo, tem também a sujeira que existe entre as pessoas, na política e também é sobre o lugar onde nasci. A favela é como o lixo da sociedade, tudo que não presta é jogado lá, e foi lá que nasci, na boca do lixo da sociedade. Esgoto a céu aberto, barraco de madeirite, rato, drogas, armas, polícia, enchente, sem dignidade humana. É uma forma de não esquecer disso e querer transformar, daí o nome Boca do Lixo Produções.
Bocada Forte : O que você acha que o funk fez e o que o rap deixou de fazer em termos de estrutura, marketing e logística aqui no Brasil ?
Indião: Não acredito que o funk tenha feito algo que o rap deixou de fazer, pelo menos aqui no Brasil. O funk apenas oferece um produto diferente que envolve sexo, drogas, dinheiro e outros itens, e isso é muito mais fácil de vender do que manifesto, do que revolução. As empresas de bebidas, e as grifes de roupa dão risadas com o lucro que obtém com o público desses segmentos.
Uma prova disso é que uma parte do rap atual, essa que oferece a mesma coisa que o funk – assim como o rap mainstream americano – ganha cada vez mais espaço e gera dinheiro e mídia, pois é isso que as pessoas são estimuladas a consumir. A mídia nunca vai nos estimular a adquirir conhecimento, discernimento, a desenvolver inteligência, esperar isso é inocência. A única coisa que acho que o rap deixou a desejar foi em não se preparar para ser independente, ter profissionais capacitados para atuar em várias posições dentro do movimento, não somente cantar. Precisamos de produtores culturais, fotógrafos, videomakers, advogados, assessores, captadores de recursos, técnicos de som e por aí vai, mas tem que ser gente da gente, que goste do movimento e entenda a necessidade dele, não aproveitadores que nem curtem a parada e visam apenas lucro.
Pois aí você não desenvolve o movimento, só desenvolve a conta bancária de um cara que não sabe nem quem é o DJ Kool Herc. Você faz o movimento até crescer em termos de público, mas não evolui de fato. Um exemplo disso foi um show que rolou uns meses atrás, a casa cheia, bebidas caras, “gente bonita”, muito bonés e tênis caros, poder de consumo e uma lenda viva como o KlJay sendo vaiado, que merda é essa? Era aí que queríamos chegar?
Eu não comparo o rap com o funk, pois eu não quero trilhar o mesmo caminho, e não digo que o rap como um todo não deve ser como o funk, mas o meu rap quero que seja diferente, pois tenho outro foco, não digo que é o certo ou errado, simplesmente é meu estilo de vida, quero seguir por outro lado, e não vou ficar cagando regras pros outros. Quem tem talento, trabalha e foca, chega longe, só que o destino escolhido pelas pessoas são diferentes, então os caminhos também serão, cada um no seu. A palavra merchadising não me agrada muito, pois me lembra mentira (risos), acho que seu merchandising deve ser a qualidade musical, primeiro vem isso, isso deve representar a maior parte do seu sucesso.
Entendo que é necessário um marketing, mas ele deve contribuir pra alavancar seu produto que é a música e não ser o seu produto, para quem se preocupa com a veia criativa isso é triste. E eu me preocupo. Sem querer julgar, mas tem muito cara ruim aí porém tem uma estrutura de divulgação em massa gigante por trás, daí obtém “sucesso” , enquanto uns grupos ou MCs muito bons continuar no underground, mas representam muito na arte do rap. As pessoas relacionam sucesso a ganhar muito dinheiro sempre. Até nossa família é assim, se você canta rap e não lucra não é porra nenhuma, mas se canta, lucra, acaba virando exemplo pra família da branquinha gostosa (risos). Te chamam pra almoçar e os carai! É bom ter uma grana, mas calma para não chapar na falta dela, que é a realidade da maioria.
Bocada Forte : Você sente falta de união entre os MCs aqui em São Paulo ?
Indião: Não sinto falta de união não, pois união nunca existiu na humanidade, não vai ser no rap que terá. Quando eu era mais novo até acreditava nisso, mas o tempo me revelou que não. Geralmente nos aliamos com quem está perto, quem nos fortalece de alguma maneira. A palavra união no rap pode ser substituída pela palavra interesse, se tem interesse de ambas as partes, provavelmente irão se aliar, serão “unidos” tipo aquelas alianças do congresso tá ligado?
Tem os parceiros de verdade sim, mas o tempo que estou no rap e tudo que vi, e vi muita coisa que me deu essa visão…Mano que se xingam de repente fazem som junto, nego se odeia, fala isso nos bastidores mas pra grande massa passa outra imagem, são negócios. Quem realmente acredita nessa parte da união, faz a sua no sapatinho, sem alarde, fortalece sem ninguém saber, tem alguns assim por aí, tem várias bancas por aí com vários irmãos trovadores que se ajudam. Eu acredito numa parada que você se conecta com pessoas semelhantes a você devido a nossa vibração, então seria tipo assim: se você não consegue pessoas pra se unir com você, você também é o problema por essa desunião. O que você oferece pra vida é o que ela te devolve. Culpar a falta de união ou as famosas panelas geralmente é uma pratica dos fracos, não que não exista, mas vamos ficar culpando os outros pelo nosso fracasso até quando? Não dá, né mano. Vai lá e faz acontecer, faça suas alianças e fecha o bonde dos teus parceiros.
Bocada Forte : O que você acha sobre dessa nova geração que pensa que fazer rap é só fumar um baseado e fazer freestyle no meio da rua?
Indião: Não temos uma geração que fala só de maconha, temos isso também, mas tem muito muleque dando ideia boa no cenário, e lógico que não vou falar que esses que falam só disso são uma maravilha, mas se eles estão podendo falar disso e fazer isso hoje em dia é sinal de que a luta lá atrás foi válida.
Nego ia preso, não podia se expressar, falar nada, apanhava da polícia, repressão total. Isso é uma conquista também, com alguns efeitos colaterais, mas isso é normal. Não quero um mundo com maconheiros lesados, muleque novo que não estuda pra fumar, nego não conseguir trabalhar pois fica o dia inteiro na brisa. Quero que descriminalizem, que tenha uso medicinal e recreativo, uso consciente e que se use pra vários benefícios já comprovados e por lazer também. Se isso é falado nas musicas, fica mais fácil acontecer, ajuda a reduzir outros problemas, como tráfico e violência. E acima de tudo, pode parecer clichê, mas rap é liberdade de expressão, você é livre pra fazer o que quiser, foda se! É como a democracia, posso não concordar com você, mas vou lutar pelo direito de você discordar sempre.
E sobre o freestyle, eu acho da hora isso, pois é entretenimento pra molecada, eles se divertem. É como futebol, basquete ou algum esporte, você não precisa ser profissional pra jogar, você pode gostar e praticar com os amigos na rua, na escola, em um parque, simplesmente por gostar de fazer aquilo. O hip hop é entretenimento, começou assim, melhor eles fazendo freestyle pelas ruas do que balançando o lança perfume e vegetando. Se o mano se sente bem fazendo freestyle mesmo que ele não seja um MC coeso, com boas letras, álbuns gravados e não faça show, qual o problema? Se isso satisfaz os anseios dele como ser humano é valido. Conheço vários manos que durante o churrasco, tomando uns drinques e um chá na brasa se soltam no freestyle e fazem a festa bem mais animada (risos), mas só na festa. Ver gente da gente feliz me deixa feliz também.
Bocada Forte: Você pretende lançar um trampo solo?
Indião: Não é uma coisa que visualizo, pois tenho como foco o Dragões de Komodo e a BL produções, gosto da vibe de vários manos no palco. Trampo solo, acredito eu, só se for relacionado ao processo de produção, não descarto, fica mais pra frente. Singles solos, com certeza vão rolar, álbum, deixemos pro futuro.
Bocada Forte: Você curte rap feminino nacional?
Indião: Eu curto rap sem distinção de gênero. Homem, mulher, preto ou branco, gay ou hetero, gringo ou nacional, se for bom, eu vou apreciar. Do rap nacional feminino eu gosto do grupo A’s Trinca, que inclusive estou tendo o prazer de produzir, tem Odisseia das Flores, Preto nu Branco, Issa Paz, Tati Ribeiro, tem a Tássia Reis, que é mais suave, mas é muito boa MC também, e muitas outras minas que fazem seus trampos pelo underground.
Eu gostaria que tivesse um circuito maior onde essas minas pudessem se apresentar constantemente, ter mais espaço e ganhar seu dinheiro também. Precisamos ajudar as minas que estão na luta por igualdades, e no rap também. Outro dia, numa oficina que dei no fundão da zona leste, tinha umas meninas entre 11 e 15 anos, algumas já tinham certa vocação pra musica, poesia e dança. Melhor do que elas trabalharem numa empresa enriquecendo alguém, é seguir no caminho da música, artes em geral, fazer o que gosta, agradar e entreter as pessoas e ganhar mais que um sálario em carteira. Precisam de incentivo. Agora eu estou produzindo a coletânea Mulheriu Clã, só mina no flow. Pra mim é uma honra ser convidado pra fazer um trampo desse, pois sempre dei apoio a causa feminina, e o trampo vai ser da hora.
Bocada Forte: Vamos falar um pouco do seu grupo Dragões de Komodo. Como estão os trampos novos? Tem alguma data para lançamento de algum trabalho?
Indião: Estamos desenvolvendo o álbum novo, inclusive nem estamos fazendo muitos shows para focar nesse trabalho. Para satisfazer a ânsia do nosso público por sons novos, antes do álbum, lançaremos um EP com algumas faixas do disco e, na sequência, o álbum cheio, que será duplo. Não temos data de lançamento, mas será em breve. Passamos por mudanças de formação e processo de criação, mas boa parte do trampo novo já está gravado, eu estou mixando. Estamos há um bom tempo sem lançar músicas, mas acredito que o que traremos vai estar de acordo com a expectativa dos manos e minas que nos cobram diariamente por novidades. Um novo degrau para o DK é o que esperamos a partir deste novo trabalho. Acredito que vamos conseguir surpreender com as novas músicas, variedade nas ideias, nos beats e levadas, sempre buscando algo novo.
Bocada Forte: Se um dia você pudesse ter a oportunidade de escolher fazer um som com qualquer MC, quem seria? Cita cinco nomes aí, irmão.
Indião: São muitos, vários vão ficar de fora (risos), vou sair pela tangente e citar 5 da velha e 5 da nova escola, fica mais fácil (risos). Big L, Methodman, Nas, Jeru the Damaja e Pharaoe Monch, das antigas.
Joey Badass, J.Cole, Oddisee, BJ Chicago Kid e Rapsody, da nova.
Bocada Forte : Se você pudesse dar uns toques ou sugestões para quem está começando no rap tanto nas rimas quando nas produções, oque você diria para essas tais pessoas?
Indião: Acho que o rap e o movimento hip hop com seus 4 elementos podem ser resumidos em uma palavra que é a única regra e de todos os elementos, originalidade. Esse é o começo de tudo, tenha isso, estude bastante o que você faz, se é beatmaker, MC, DJ, aprenda técnicas, escute bastante música, não queira ser igual ao que tem, crie você seu estilo pra que sua música, seja elegante, se inspire nos bons. Vá nos eventos e saiba o que está acontecendo de verdade, quem está tocando, se apresentando, fique atualizado e faça o que o faz feliz. Cuidado com as contradições, pense bem no que vai falar antes de jogar ao vento. Se quer fazer por amor ou por dinheiro faça, mas, antes de tudo, se preocupe com algo que tenha qualidade e que vai impactar a vida das pessoas de alguma maneira. Não tenha preconceitos musicais, respeite a diversidade e o gosto das pessoas.
Bocada Forte : O que você tem escutado ultimamente?
Indião: De rap eu estou ouvindo o ultimo do Statik Selektah chamado Lucky 7, com vários caras de peso da velha e da nova, o Yes, novo álbum do Slum Village, produzido pelo J-Dilla. Estou viajando também num quarteto chamado The four Owls, boom bap nervoso. Estou ouvindo muito soul e R&B, principalmente Lee Fields e Charles Bradley, vi ambos ao vivo no Sesc, e acho eles foda. Além de Ryan Leslie e um duo feminino dos anos 90 que também gosto muito e estou escutando novamente, o Jazzyfatnastees . Sempre ouço dub roots e dancehall mais antigo também. Sempre garimpando coisas novas e ouvindo o que me agradou no passado.
Bocada Forte: Indião, Kanye West ou DJ Premier? Ou os dois?
Indião: Se fosse pra comparar o Premier seria com Pete Rock, Dilla, Eric Sermon, Large Professor, Lord Finesse, RZA, Dr Dre, Madlib, Just Blaze, Alchemist, Illmind, Havoc e mais uma leva, cada um no seu tempo e com seu valor, mas, como eu disse anteriormente, seu marketing seu merchandising é sua musica, deve ser ela, O DJ Premier é isso, a batida dele, o scratch, todo o conjunto quando toca você sabe que é dele com qualquer artista que ele trabalhar, qualquer MC ou outros cantores. O Kanye West tem muita coisa boa, mas não marcou igual, e invadir premiação pra reivindicar vitória é zuado (risos), o marketing do jeito mais baixo. Old Dirty Bastard fazia isso naturalmente (risos). O Premier não precisa disso. Daí a escolha pelo Premo, com certeza!
Bocada Forte: No seu ponto de vista, qual é a importância de um artista independente lançar um ou mais videoclipes ?
Indião: Isso é quase que básico hoje em dia, mas ainda não está sendo acessível pra vários manos a qualidade profissional nos vídeos, só uma pequena faixa do rap consegue. Mas é interessante aliar, áudio com imagem, através não só de vídeos mas fotos também, tudo ajudar a difundir tua musica. Se puderem separar um dinheiro pra fazer com qualidade, faça, pois hoje em dia alavanca muito teu som.
Bocada Forte : Na sua opinião, o que pode ser melhorado na cena do rap nacional de hoje?
Indião: Eu acredito que mais do que a cena do rap, o ser humano como um todo precisa ser melhorado, automaticamente o rap também será. Precisamos de compaixão, solidariedade, aprender a ser autossuficientea, independentea e capacitadoa através do conhecimento, disciplina, amor e menos vaidade, mais desapego, ficarmos de verdade no lugar dos outros antes de agir. Todos somos falhos e o perdão também deve ser praticado, mas devemos ser pacíficos e não passivos. Aceitar tudo não dá, mas contestar as coisas sem fazer a tua parte, já fodeu muito o mundo e o rap. Menos discurso e mais conduta. Devemos cuidar do corpo, da mente e do espírito. Nos alimentar bem e praticar atividades saudáveis, ler, discutir e aceitar opiniões contrárias sem nos indispor. Ter ciência de que somos uma célula desse corpo chamado universo e que escolhemos se seremos células saudáveis ou cancerígenas. O segredo da vida está no livre arbítrio.
Bocada Forte: Obrigado pela entrevista. Deixe o seu salve.
Indião: Obrigado ao Bocada Forte pelo espaço! Muito rap a todos. Amem bastante, cuidem das pessoas que amam, façam aquilo que gostam nessa vida, é mais fácil do que se acostumar a fazer o que odeia, se frustrem tentando fazer o que gosta, mas não entrem na zona de conforto com o que o mundo podre nos impõe, e parece ser mais fácil. Vivam, não sobrevivam, e quando algo der errado, aprendam, levantem a cabeça e tentem de novo! Não se apegue, demais ao passado e futuro, não esquecem do agora, do presente e, acima de tudo, não tenham medo de mudar de opinião, de valores, de princípios, de ideais. Às vezes nossas convicções podem virar contradições, assumam as mudanças, pois elas estão muito presentes em nossas vidas, pro bem e pro mal. Você é o teu Deus e o teu diabo. Paz e luz a todos!
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