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Rap Plus Size: ‘Contra qualquer outro tipo de preconceito dentro e fora do Rap’

Rap Plus Size: ‘Contra qualquer outro tipo de preconceito dentro e fora do Rap’

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Em 26/6/2018, a dupla Rap Plus Size falavam sobre o clipe ‘Toda Grandona’, o machismo dentro do rap e os ‘haters’ da Internet.

Rap Plus Size lança o clipe de “Toda Grandona”, feito em parceria com uma festa que leva o nome, realizado pelo coletivo Volume. Sara Donato e Issa Paz exaltam a beleza das mulheres plus size no ritmo do funk, com produção de Dj Brum e Vibox.

Em poucos dias, o clipe já bateu mais 100 mil visualizações no Youtube e mais de 1 milhão de visualizações em vídeo publicado pelo Facebook. Mas dessa vez não poderia ser diferente, as meninas novamente se tornaram alvo de comentários gordofóbicos e machistas. Ainda assim, o sucesso tem superado tudo isso. Confira a entrevista:

35051747_1667951213254833_7683927656273805312_n Rap Plus Size: 'Contra qualquer outro tipo de preconceito dentro e fora do Rap'
Foto: Divulgação/Facebook

BF: “Toda Grandona” trouxe para várias minas o reconhecimento na música, mas novamente trouxe muitos haters com piadas machistas e gordofóbicas. Como vocês lidam com isso com vocês mesmas e nas redes sociais?

Já chegamos a ficar doentes por conta dessas coisas, muita dor de cabeça, afeta muito nossa saúde mental. A gente aprendeu a lidar com esse discurso de ódio dos haters na internet de algumas formas. A primeira foi tentar não ler os comentários, mas vira e mexe acontece de ler esses comentários, é difícil não ler nunca. A gente aprendeu a filtrar as coisas boas e ruins dentro disso tudo e a quantidade de coisas boas que tem recebido é bem maior.

BF: Como a festa Toda Grandona realizada pelo coletivo Volume, ajuda na autoestima das mulheres? Qual foi a diferença de tocar nessa festa para outros espaços apenas de rap?

Ir em um espaço onde você se sente pertencente faz toda diferente em se sentir bem e linda do jeito que se é; é sobre se conhecer, sobre representatividade. A diferença foi que tinha muita gente gorda no espaço que de fato não só entende o que cantamos, como se identificam.

BF: Há quase dois anos vocês lançaram o Rap Plus Size, oficializando a luta contra gordofobia no rap. Vocês percebem alguma diferença em relação ao machismo dentro do rap?

Issa Paz: Nós duas já tinha trabalho solo, cada uma no seu corre e falando sobre isso, abordando machismo dentro do rap e a gente via que era algo muito mais difícil de ser falado porque não tinha nada do tipo, eram poucas mulheres que levantavam essa bandeira, dá pra contar nos dedos quantas mulheres que falavam de machismo dentro do rap, apontando mesmo os caras, e refutando. E eu vejo que depois deMachocídio por exemplo, ou depois do nosso CD, a quantidade de mulheres fazendo isso, aumentou muito.

Sara Donato: Eu tomei conta disso porque um dia uma amiga me fez essa mesma pergunta, e eu parei pra pensar e realmente, quantas meninas e mulheres tiveram a gente como exemplo de bater de frente, de falar sobre isso explicitamente, e quanto é necessário isso dentro do rap, dentre todos os espaços? E sentimos a diferença! Sinto que a gente pode tá dialogando melhor e mais direto sobre isso. Ainda tem as piadas machistas, mas é pra isso que a gente veio, pra refutar tudo e sair desse sistema.

BF: Recentemente, vocês fizeram um vídeo sobre a polêmica no rap a respeito do primeiro cypher gay do Quebrada Queer, que também sofreram diversos ataques homofóbicos, até mesmo de um rapper da velha escola. O que vocês acharam dessa situação?

O nosso vídeo falando sobre o Quebrada Queer foi simplesmente para refutar mesmo os comentários de pessoas homofóbicas, fãs de rap (não sei se podemos dizer isso, né), quanto pessoas pertencentes ao hip-hop, ao movimento, pessoas muito conceituadas que foram extremamente homofóbicas e a gente achou lamentável e triste. A gente acha que o rap não pode ser palco para nenhum tipo de preconceito. Pelo o que conhecemos do rap, desde quando conhecemos, era isso, é militância, é luta, é arte, é música, é cultura e além tudo é denúncia. Se as pessoas não denunciarem, não falarem suas pautas, não gritarem suas dores, quem que vai fazer isso? Um branco, hétero, classe média alta? Não vai ser. Então elas precisam ter voz. É igual o próprio Boombeat fala no som “Ninguém me dá voz, eu já tenho voz” e é exatamente isso. E a gente tá junto com essas pessoas, junto com o movimento de luta e contra qualquer outro tipo de preconceito dentro e fora do rap.