Entrevista | Monna Brutal promete agressividade no seu primeiro álbum
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Com lançamento previsto em julho, o álbum 9/11 conta com a participação especial da rapper BrisaFlow e da slammer Katrina.
Sempre em transformação, Monna Brutal se prepara para lançar o seu primeiro álbum, 9/11, com participação especial da rapper BrisaFlow e da slammer Katrina, também sua esposa. Crescida na ZN de São Paulo no bairro de Jova Rural, onde morou até os 10 anos de idade com seus pais, aos 8, já tinha envolvimento com danças urbanas em sessões que aconteciam no bairro e reunia pessoas para realizar workshops coletivos de break. Com apenas 10 anos, compôs seu primeiro som, sem instrumental como acompanhamento, e da vertente do forró, já que participava das rodas de repente com os vizinhos.
Ao longo dos anos, foi em 2014 que se firmou nos palcos ao lado da rapper Issa Paz, e em 2016 assumiu a sua carreira solo. Hoje, aos 21 anos, já passou por diversas transições tanto como pessoa, como no trabalho musical, que inclusive a fez mudar o nome artístico de Tflow para Monna Brutal, e de fato, com muita brutalidade, como mostrado no single 11:11, lançado em maio. Confira a entrevista:
BF: O que podemos esperar do seu primeiro álbum? E por que 9/11?
O álbum 9/11, vai conter 9 faixas, e vai ter a participação especial da BrisaFlow e da slammer Katrina, casada comigo. O CD foi todo elaborado em Guarulhos onde resido, os beats de produção, mixagem, direção e arte é tudo trabalho do ZRock, e é o mesmo que fez o beat de 11:11. O CD vai ser algo muito crazy, uma aposta, onde já se tem muitas expectativas. Estou sendo muito cobrada, graças a Jah. Eu prefiro deixar uma surpresa, mas eu vou vim com uma pegada bem agressiva mesmo, misturando várias vertentes do hip hop, misturando a musicalidade da raiz do hip hop com a musicalidade de hoje em dia. A previsão de lançamento é no dia 11/07, e estará disponível em todas as plataformas digitais.
O bafo do nome do CD é justamente para as pessoas perguntarem “Por que 9/11?” Eu escolhi esse nome com o intuito de cada pessoa tirar a sua conclusão do que seria e do por quê desse nome. É um segredo.
BF: Quais referências você teve para criação do álbum?
Tem bastante trap no meu CD, estou inovando a minha forma de estar no rap. Mas as manas: Tássia Reis, Yzalú e Kamila CDD são as minhas referências.
BF: Como foi o processo da sua carreira até produzir esse CD? Quais dificuldades você que teve que enfrentar ou continua a enfrentar?
Eu já tinha tentado gravar outras vezes, mas por falha de locomoção, pois desde sempre eu moro no fundão, um pouco distante de ‘Sampa’, então eu não conseguia concluir os trabalhos, essas missões. E agora surgiu essa oportunidade, mas depois de muitos anos de corre. Tô achando o processo do CD muito rápido, porém, para chegar até aqui, foi uma caminhada lenta, árdua e dolorosa. E as dificuldades foram essa mesma, além de estar viva todo dia, olhando pra cara do povo que não gosta da gente, e dinheiro que é uma dificuldade que a gente passa sempre.
BF: Monna, você já sofreu algum tipo de ataque transfóbico dentro do meio artístico do rap?
Sim, o Rap é transfóbico e machista desde sempre. Isso nunca foi uma novidade, e esse inclusive é um dos motivos de realizar este corre com o Rap. Desde transfobias veladas à transfobias escancaradas, isso é sempre previsível em roles de Hip-Hop, perante ou não de nossa presença. O Hip-Hop contém um grande número de LGBT+FÓBICOS.
BF: Como foi pra você esse momento de transformação? Você teve medo de não ser aceita no rap?
Estou sempre em transformações, e como um ser no mundo, em vivência, nunca terei uma conclusão de quem sou eu ou do que ”essas transformações” me trazem. Só vivo e tento me aprimorar em estar viva e sobreviver. E desde sempre eu nunca fui aceita. E me mantive aqui por isso. Inclusive, até hoje não me sinto aceita. Porém, isso não faz diferença para mim, desde incentivos a insultos, o sentimento é que tudo se resume a discurso, já que quem me dava texto de incentivo nunca trouxe um pacote de arroz e quem me julgava nunca mandou me matar.
BF: O seu último lançamento “11:11”, veio carregada de letras pesadas e afrontosas contra racistas, transfóbicos e machistas. Como você avalia os rappers com essa conduta na música?
Eu nem avalio, só desejo que morram todxs. Não há mais o que se discutir, a gente tá num nível de didática onde não tem mais o que se precise ensinar para pessoas dentro do hip-hop sobre o respeito, né, e eles falham nisso. Na nossa quebra existe pessoas que precisam muito mais de informação, tempo, paciência e diálogo, do que esses rappers aí, que já estão falando que são algo, mas não são. Ainda tem que ter as tias do movimento pra ir lá cobrar, e ir lá dialogar, e eles meio que já parecem que esperam com isso.
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