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DJ Marco: ‘Pra continuar no Hip Hop, eu trabalhei 12 anos como marreteiro, tive que correr da polícia’

DJ Marco: ‘Pra continuar no Hip Hop, eu trabalhei 12 anos como marreteiro, tive que correr da polícia’

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Humildade e profissionalismo, essas são as principais características de Marco, um dos DJs mais conscientes e politizados da cena Hip Hop do Brasil

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DJ Marco. Foto: Acervo BF

Nos anos 1980, em sua adolescência, DJ Marco saía escondido de casa para ir curtir as festas e admirar os trabalho das equipes de baile. Com o passar do tempo se envolveu com o Rap, mesclou dedicação aos toca-discos com os 12 anos de trabalho como marreteiro. Foi incentivado por KL Jay, DJ dos Racionais. Integrou o Posse Mente Zulu, com Rappin’Hood e Jonny MC. Discotecou nos principais eventos de Hip-Hop do Estado de São Paulo. Hoje, Marco continua fazendo o seu amor pelo canto falado ser sua maior contribuição para a história do Rap brasileiro.

Confira a primeira parte da entrevista que DJ Marco concedeu ao Portal Bocada Forte.

Trabalho e correria

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DJ Marco. Foto: Ênio César

“Graças a Deus, o principal pra mim é o que eu comecei a fazer há 20 anos: conhecer música, ouvir música, pesquisar e tocar. A vida do DJ é isso, gostar de música, conhecer música, independentemente do estilo e da época em que foi feita. Eu toco com banda, trabalho com MCs, faço algumas festas na Hole, trabalho com a cantora Céu, mas o Rap está sempre em primeiro lugar na minha vida. Eu toco no Sintonia, um evento na região central de São Paulo, com o KL Jay, Ajamu e o Will, trabalho na Rinha dos MCs, junto com os DJs Dandan, Kiko e com o MC Criolo Doido, também faço gravações em alguns estúdios, em discos de outros artistas, em trilhas de filmes e jingles.”

Rap, economia, arte e contradições

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DJ Marco. Foto: Reprodução/Facebook

“O elemento principal é o coração, o artista tem que fazer o que vem do coração. É necessário fazer o que se acredita. Sabemos que a pista e as emissoras de rádio não funcionam desse jeito, o mundo não funciona assim. A linguagem do mundo é a da grana. O início do Rap foi uma reunião de pessoas que se identificaram com um tipo de som e ideia. Tivemos coisas pra falar, sons pra produzir, não pensamos em fazer isso pra tocar na pista ou no rádio, mesmo sabendo que iniciativas musicais para tocar em bailes e nas FMs foram feitas e deram certo, são caminhos e escolhas, algo difícil de equilibrar. O fator principal é curtir o que você faz e pensar nas pessoas que vão se divertir numa balada também, mas dá pra ficar em sintonia com tudo ao mesmo tempo. A maturidade nos leva a fazer parte do que está acontecendo, mas, por outro lado, nos ajuda a fazer acontecer.

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DJs KL Jay, Will, Marco e Ajamu (Festa Sintonia). Foto: Reprodução/Facebook

Quando falo de Rap, sou um cara otimista, creio que uma melhoria é possível. Quando falo que tudo vai mudar, eu entro em contradição comigo mesmo, sei que existem coisas ruins no Rap, entretanto, eu quero que o Rap continue sempre, eu quero que minha filha ouça, quero ter netos e quero que eles ouçam. Mas vamos falar da realidade né: a gente viveu uma fase em que se provou que o Rap pode sobreviver como indústria, pode gerar empregos, falo do Rap porque vivo muito mais com a música do que com os outros elementos do Hip-Hop. Em termos econômicos o Rap tem como viver sozinho e em parceria com cinema, com marcas de roupa, com a televisão. Sou um DJ que vive do Rap, mas não trabalho só com Rap, não é só isso que me sustenta. Temos que formar empresas e dar emprego para outras pessoas que não entendem o Hip Hop, mas podem somar, muitas marcas e grifes não entendem o Hip Hop, no entanto, podem contribuir economicamente.”

Superação

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DJ Marco

“Pra continuar no Hip Hop, eu trabalhei 12 anos como marreteiro, tive que correr da polícia, correr do rapa (fiscal). Eu fiz isso por causa do Rap, se não fosse o Rap, não sei o que eu teria feito. Eu sei que o Rap existe como indústria, somos fortes e temos pra onde ir. Hoje eu dou aulas na Faculdade Anhembi Morumbi, isso porque sou DJ do Hip Hop, sei fazer scratches. Fui tocar fora do Brasil, o Rap me levou até lá. Trabalhei em diversos filmes brasileiros e filmes estrangeiros também. Fiz isso por causa do Rap, mesmo sendo convidado para fazer intervenções em outro tipo de música. Sou uma das pessoas que podem provar que o Rap funciona como indústria . O Rap mexe na economia, pois se você faz uma festa em que dez mil pessoas estão presentes, você mexe com a economia da cidade, se você faz um programa ou tem um site que, por mês, tem um acesso de 30 mil pessoas você altera a economia da cidade, do Estado, do país.”


DJ Marco continua tocando em festas por todo Brasil e semanalmente toca em SP na festa Sintonia às quintas e toda terça na Discopédia.

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