#AlémDeMarço | A primeira fusão do Rap Brasileiro com Trash Metal foi com uma banda de mulheres
ESPALHA --->
É sempre importante tomar cuidado com essa parada de “primeiro”, “único”, “o maior”, “o melhor”, mas nesse caso específico é até uma provocação pra ver se aparecem fusões similares a essa que vou falar aqui, porque eu desconheço.
Sem esquecer que falo de fusões entre Rap e Trash Metal ou até mesmo Heavy Metal que tenham sido gravadas e lançadas comercialmente. No final dos anos 80 e começo dos 90 muitas bandas independentes fizeram essas fusões em garagens, até conheci algumas.
A fusão em questão é a participação de Thaíde e DJ Hum no álbum ‘First’ da banda de Trash Metal Volkana. A banda era de Brasília, originalmente formada apenas por mulheres e lançaram dois álbuns. Para a gravação desse disco de estreia elas ficaram sem a baterista e foi ai que a banda passou a ter um homem na formação, o baterista Sérgio Facci. As integrantes que fizeram parte da banda foram – Mila Menezes (baixo), Karla Carneiro (guitarra), Ana (bateria), Eliane Raye (vocal/guitarra), Mariele Loyola (vocal), Débora (bateria), Pat (bateria), Cláudia França (vocal) e Selma Moreira (guitarra). Os nomes estão na ordem cronológica desde a formação da banda em 1987, nesse álbum estão Mila Menezes, Karla Carneiro, Marielle Loyola e Sérgio Facci.
O álbum tem 10 faixas, foi lançado pela Eldorado em 1991 – nas minhas pesquisas encontrei referências a 1990, mas no encarte consta na ficha técnica que foi gravado e mixado em novembro e dezembro de 1990, logo acredito que não teria dado tempo de botar o disco na rua em 90.
Thaíde e DJ Hum eram da mesma gravadora e também tinham já naquele momento uma proximidade com muitas bandas. A produção do álbum foi assinada pelo saudoso Carlos Eduardo Miranda (ele faleceu em 2018) que alguns anos depois viria a trabalhar com muitos artistas do Rap.
Eu comprei esse álbum na época justamente por se tratar de uma banda apenas com mulheres, fiquei curioso e de repente me deparo com a dupla mais importante do Rap brasileiro em um disco de trash metal. Até então, eu não conhecia muito bem as músicas da dupla, só a música “Corpo fechado” e eu nem curtia tanto, sempre fui meio avesso a músicas/artistas que tocavam em todas as FMs.
O Rap brasileiro pra mim no início dos anos 90 era só Racionais, mas depois de ouvir essa participação deles em uma letra de protesto, mudei imediatamente a minha visão sobre a dupla. Só pra contextualizar, eu já ouvia Rap, mas por conta do skate curtia também várias bandas Punk, Hardcore, Trash, nacionais e internacionais, e justamente nessa época o Rap gringo vinha fazendo várias participações com bandas.
Ouça as duas faixas em sequência
A participação deles é na música “War? Where my enemy lies?”, na tradução literal “Guerra? Onde está meu inimigo”. Antes dessa faixa tem uma introdução que conta como mais uma faixa com o título “Scratch noise”, um instrumental de trash metal com DJ Hum riscando. As duas músicas abrem o lado B do álbum e letra, pelo que consta no encarte, foi inteiramente composta por Marielle.
Apenas mais uma curiosidade que só quando fui pegar o álbum pra relembrar eu percebi ou não lembrava, sei lá, faz tanto tempo. O único homem da banda além de não estar na capa do disco passa quase que desapercebido no encarte, onde tem fotos de cada uma das mulheres de um lado, em tamanhos grandes, e no outro lado, onde estão as letras e a ficha técnica, tem uma foto tipo 3×4 do mano – gostei disso. Aliás, o disco é bom e ainda tem um cover de um clássico do Punk Rock, a música “Pet sematary” dos Ramones.
Se liga nessa versão ao vivo sem a participação da dupla
É isso, se você chegou até o fim clica no sininho vermelho a sua esquerda e ative as notificações no site pra não ficar dependendo da imposição e má vontade dos algoritmos. Toda vez que a gente publicar um conteúdo novo você recebe um aviso no dispositivo que você ativar e a qualquer hora você pode clicar novamente e desativar. Siga nossos canais, compartilhe nossos links e cola sempre que puder na nossa quebrada virtual, estamos aqui nesse mesmo endereço desde 1999! O trampo é sincero, verdadeiro e é das quebradas pro mundo!
Interaja conosco, deixe seu comentário, crítica ou opinião