Acervo BF | DJ Hum: Perfil – Por, Mônica Lopes
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Matéria feita por Mônica Lopes
É Hum, de Humberto, mas é Hum de Um também!!!
Um dos mais importantes símbolos da Cultura Hip Hop, o DJ Hum é dono das segundas-feiras do Brancaleone. Sob sua batuta, a pista do Branca vira palco do melhor da black music, nacional e internacional. Humberto Martins Arruda, 32, começou nos anos 80, com duas pick-ups “três em um” fazendo baile de garagem na zona leste, mais precisamente em Ferraz de Vasconcelos. Naquela época, estas festas eram a única opção de divertimento para quem morava lá.
Em 81, passou das garagens para as escolas da região com o intuito de arrecadar fundos para as festas do fim de ano, e aí começou a rolar tudo, casamentos, formaturas, quinze anos etc. Humberto foi se tornando popular, e por conseqüência passou a ser convidado para discotecar fora da vila, em Poá, Itaquera, entre outros bairros e cidades.
Em 83, já tinha uma boa técnica. Foi quando surgiu a onda “break” (breaking) e Hum desenvolveu a técnica do scratch (manipular para frente e para trás o disco). O atrito da agulha produzia um som de arranhado, e só então descobriu que o que ele desenvolvera por intuição, era nada mais nada menos do que a chamada nova cultura: o “movimento hip-hop”.
Foi contratado pela casa noturna Archote, no Ibirapuera, local que o fez entrar em contato com o pessoal da Back Spin, um grupo de dança, do qual um certo Thaide fazia parte. Por conta desse novo contato, foi convidado para ir até o Largo São Bento, onde aconteciam os encontros de quem curtia e construía em São Paulo o movimento hip-hop. Sua primeira session no Largo, foi um verdadeiro alvoroço. O já então “DJ Hum”, começou a ser convidado para fazer programas de rádio e a participar de alguns shows.
Em 86, produziu e embalou com muita black music a festa ‘Funk my Baby’ no Teatro Mambembe, um dos principais pontos de encontro da música produzida pela geração “80”, fazendo parceria com Nazi e André do Ira e um dos ícones do movimento hip-hop, o Skowa. Aí nasceu, a hoje muito conhecida dupla, Thaide e DJ Hum. A dupla apresentava-se nas melhores casas noturnas da cidade. Hum e Thaide montaram uma banda de Rap e gravaram o primeiro disco, uma coletânea, pela gravadora Eldorado.
Em 89, a DMC, Disco Mix Club/Inglaterra, organizadora do Campeonato Mundial de DJs, convidou o Brasil a participar com um DJ, e Hum ficou em terceiro lugar na peneira brasileira. Em 90, passou para segundo. Nesse período passou a dar cursos de técnicas de mixagem e edição, além de aulas de formação básica do DJ, com aulas práticas e teóricas no SENAC. Viajou, deu palestras e participou de workshops pela DMC.
Em 94, a casa noturna Soweto o convidou para ser DJ residente, fazendo um som mais black, numa época que só se tocava Rap. Criou um mix entre a música negra dos anos 70 com o mais moderno que se fazia em Rap, unindo assim a velha e a nova escola da Black Music.
Hoje com dez CDs gravados, um recém lançado em parceria com Thaide – ‘Assim caminha a Humanidade’ – pela gravadora Trama, é produtor de muitos CDs de MPB e Rap, tem um programa de rádio na 105 FM (A festa do DJ HUM) e uma coluna especializada no jornal Notícia Populares, todos os sábados. Continua dando palestras em comunidades carentes, Centros Sociais e de Cultura.
Apresentou-se em 99 com Thaide, representando o Brasil no Festival de Cannes/França, com artistas como Chico César, Marcos Suzano, Mundo Livre, Zeca Baleiro e André Abujamra. Teve presença garantida na última edição do Free Jazz 2000, no Projeto Jazz de Discotecagem, com a participação de vários músicos brasileiros fazendo metais e percussão.
Sem esquecer de suas raízes, a periferia e um largo no centro da capital de São Paulo, em suas letras faz duras críticas a situação dos jovens da periferia paulistana. DJ Hum tem como sua maior influência a black music dos anos 70 e é claro o Hip Hop. Todas às segundas-feiras, DJ Hum bomba a pista do Brancaleone e uma quarta-feira por mês agita a casa com a festa ‘Black Seventys’.
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