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Eaí, rapper, seu primeiro trabalho não deu certo? Como lidar?

Eaí, rapper, seu primeiro trabalho não deu certo? Como lidar?

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#Rap #Carreira | Seu primeiro trabalho não deu certo? Você investiu tempo, dinheiro, afeto e ele não passou nem de 30 views no Youtube (contanto o seu e o da sua família)? E agora?

Muitos MC’s e DJ’s ao verem seu primeiro trabalho não tendo views, reconhecimento e muito menos verem abertas as portas da fama, acabam dando um tempo da música ou até mesmo parando de vez. E em muitas dessas vezes são erros bobos, ou um conjunto deles, que acabam não dando ao MC o retorno de tanto empenho.

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Antes de tudo NÃO DESISTA. Muitos rappers demoraram anos até chegarem nas grandes mídias e terem um amplo reconhecimento do público (só como exemplo, a cantora britânica Jessie J passou 5 anos de sua carreira lançando músicas e compondo para outros artistas até que emplacasse o primeiro hit). Enxergue cada passo de sua carreira como um degrau e, mesmo na dificuldade, continue subindo.

A coluna aqui tem o objetivo de apontar muitos erros comuns que eu pude observar trabalhando ao lado de diversos grupos e MC’s. Obviamente não será possível falar de todos, então destacamos os mais comuns. Então, NÃO DESISTA e reflita!

Esses erros podem ser divididos em três partes: em como o rapper se apresenta ao público, na qualidade do trabalho em si e em como esse trabalho (EP, Mixtape, Álbum, Single, Videoclipe, Lyric Video, etc) foi divulgado para o público.

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Erros na sua apresentação para o público: as palavras que não devem sair da sua mente são identidade artística network. 

Identidade artística é a forma como você, de verdade, se apresenta: suas roupas, a forma como você se expressa, as cores que você usa, sua maquiagem, o tipo de som que você apresenta, as pessoas com quem você anda. Enfim: é tudo que o público enxerga do seu trabalho e que, de certa forma, definem sua identidade. Três coisas podem acontecer aqui:

– Sua identidade artística é fraca ou extremamente comum e você é só mais um? Se joga, pintosa! Pergunte para os seus amigos o que eles acham de você e do seu trabalho, peça sugestões. A partir disso, tente sair da média e construir a sua identidade (começar pela identidade visual é algo que pode te ajudar nesse processo, assim como pensar no conceito de um “alterego” nesse processo).

– Sua identidade artística se destaca por aspectos negativos? Vamos parar de close errado! É basicamente o que aconteceu com a Lívia Cruz e a Bárbara Sweet (ou com o MC Gui): artistas talentosos que foram engolidos por polêmicas pessoais de modo a causar uma aversão no público. Antes de chegar nesse ponto: não seja um(a) babaca – na dúvida sobre o que compartilhar da sua vida social, peça ajuda de amigas e amigos e veja o que eles acham. Especialmente no rap, nós somos críticos em relação a como as pessoas agem e cobramos mesmo.

– Você fez uma transição muito rápida de identidade? Quem transforma água em vinho é Jesus, né mores. Você pode sim investir em diversos gêneros musicais e subgêneros do rap em sua trajetória, mas com passos graduais. Se você é conhecido por fazer trap na sua quebrada, e hoje lança um rap de mensagem pique Facção Central, tenha certeza que seu público vai te cobrar. Que tal lançar alguns trabalhos intermediários para preparar o público para a sua nova fase?

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Network nada mais é do que uma palavra bonita para “rede de contatos”: é aquele povo que sempre cola contigo, fecha com você para tudo e mostra seus trabalhos para geral. Esse é o povo que você precisa estar em contato e tratar sempre bem. Eles são pessoas-chave na hora da sua divulgação (terceira parte dessa coluna) mas também podem ser realmente críticas caso você seja um(a) babaca.

É comum nós falarmos, nesse mundo de produção, que se você faz um bom trabalho, cada cliente te indica para 3 amigos e, se você faz um mal trabalho, cada cliente te contraindica para 8 amigos. Não que existam dados estatísticos para isso, mas caso você não alimente ou, ainda pior que isso, maltrate seu network, as pessoas vão conversar entre si e podem sim contraindicar o seu trabalho.

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Erros no trabalho em si

– Você rima fora do tempo do beat? Pode parecer algo besta, mas descobri que muitos MC’s iniciantes tem dificuldade nessa área. Não é pecado nenhum, mas também não é algo bem recebido pelo público. Qual o jeito de melhorar? Treinar, treinar e treinar. Vá batalhar, treine sua rima e seu flow todos os dias. Todas e todos os MC’s já passaram por isso e é algo passageiro.

– Não use beatfree! Minha avó já dizia que de graça só injeção na testa. Se você está testando uma letra, batalhando ou até mesmo apresentando um pocket show, não há problema nenhum. Mas na hora de lançar um som novo, busque comprar um beat inédito. Tanto porque é algo novo (imagina o povo comentando que você roubou o beat de alguém?) quanto pelo fato de facilitar a distribuição do seu som para as plataformas digitais (Deezer, Spotify, Google Play, etc) que costumam barrar qualquer coisa que eles considerem “infração de direitos autorais”. Além de ser uma excelente maneira de sustentar o trampo de tantos beatmakers incríveis que existem nesse Brasil.

– Sua letra é preconceituosa? Vamos parar de close errado (2.0)! Sempre tenha em mente que letras que desrespeitam mulheres, pessoas negras, LGBTs, pessoas nordestinas, etc., além de serem bastante problemáticas em si mesmas, causam um grande repúdio do público! Na dúvida, principalmente se você quer rimar sobre algo que não vive na pele (como pessoas brancas rimando sobre a realidade de pessoas negras, por exemplo), sempre peça a opinião de amigas e amigos que vivem essa realidade.

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– Você fez uma boa mixagem e masterização do seu som? Pode parecer bobagem, para quem está iniciando, mas essa é uma das etapas mais importantes do processo de construção de uma música. Mais do que o “verniz” que você vai “passar” no seu som, é o que dá vida ao seu trabalho! E caso você não curta essa finalização, troque ideia com o seu produtor: dê para ele o máximo de informações possíveis sobre o que você deseja (ele não é obrigado a adivinhar!) e também saiba ouvir (a maioria dos produtores já estudaram muito e trabalharam com diversos artistas antes de você, em muitas vezes ele pode te dar ideias incríveis que você não pensou antes: saiba ouvir!).

– Você investiu na música errada? Às vezes você precisa dar uma segurada nesse fogo no c*! Quando o MC decide lançar seu primeiro som é um processo corajoso que mostra a capacidade desse MC de não apenas escrever, mas mostrar o fruto do seu trabalho para o público. Então se você chegou até aqui, você já é um vencedor independentemente dos views. Mas, às vezes pela pressa em soltar logo o primeiro som, um erro comum é escolher o som errado. Já presenciei situações de MC’s que queria divulgar seu primeiro EP e, entre 5 ou 6 faixas, queriam promover logo aquela faixa lenta com pouco potencial comercial. Então, para um primeiro som, vale a pena você investir sim em uma de suas faixas mais poderosas, com um maior potencial comercial. Como descobrir qual essa faixa? Olhe para os artistas em quem você se inspira e olhe para os hits deles de maior sucesso (independentemente se o seu som for pop ou for gangsta, até os gangsta tem o jeito deles de lançar música). Além disso, pergunte para seus amigos qual das suas faixas eles mais curtem.

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– Você fez um bom acabamento de arte em seu clipe? Não estou falando sobre beleza física (se uma pessoa te discriminar por sua beleza física, essa pessoa é uma escrota), mas sobre se o seu clipe ou lyric ficou atrativo ou não para seu público-alvo. Pode parecer besta, mas nossa geração consome imagens: imagens atrativas e harmônicas chamam a atenção. Na dúvida sempre mande seu lyric ou seu clipe para vários amigos e pergunte a opinião deles. E adote a seguinte regra: se você não está satisfeito com o clipe/lyric, não o solte ainda. A questão não é gastar ou não milhares de reais com o seu trabalho, você pode sim fazer um clipe caseiro de sucesso, como é o caso de “Envolvimento“, hit das novas divas MC Loma e as Gêmeas Lacração que é caseiro e atrativo! E, também na dúvida, é sempre mais seguro lançar algo mais simples (porém melhor acabado) do que algo complexo (porém com uma finalização tão boa).

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Erros na divulgação de seu trabalho 

– Nada de “fortalece ae quebrada”. A gente sabe que colocar o primeiro trabalho na rua é uma conquista. Ao mesmo tempo, divulgar seus trabalhos para pessoas com quem você não tem qualquer contato jogando a clássica “fortalece ae quebrada” ou “deixa a sua curtida pra fortalecer” e chamando quem não te ajudar de “desumilde” é algo que afasta as pessoas do seu trabalho. Tente sempre divulgar de forma aberta (em sua página no Facebook, em portais de divulgação) e compartilhe o link no inbox ou no whatsapp apenas para pessoas com quem você mantém um contato (por isso a importância do network). E também evite publicações onde você marca diversos amigos: muitos podem curtir para realmente fortalecer, mas não vão chegar a clicar no link. A melhor estratégia utilizada nesses casos é a tal “Link nos comentários” sem marcação. Tenho observado uma maior interação do público nesses casos.

– Você impulsionou no Facebook/Instagram/YouTube? Se você fez um estudo do seu som e percebeu que ele tem potencial comercial, ele pode não ter bombado pela falta de impulsionamento. Cada rede social tem ferramentas diferentes, mas é possível investir valores pequenos (a partir de R$2,00) que já trazem uma grande resposta do público. E aqui vale a máxima do marketing: “Quem não é visto, não é lembrado”.

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– Você mandou seu material certinho para os portais de divulgação? A Ana Rosa já mandou o papo reto no portal Noticiário Periférico falando sobre o assunto. Vale a pena ler a matéria inteira, mas lembrando principalmente: não esqueça de mandar o link do trabalho, uma imagem de divulgação (de preferência com um tamanho próximo a 780×440 pixels) e um release (sem Caps Lock, com pontuação, sem autopromoção e que descreva, da forma mais objetiva possível, seu trabalho e a sua carreira).

– Por fim: você divulgou seu trabalho da maneira correta para seu público-alvo? Vamos supor que você lance um som trap com uma capa igual ao “Direto do Campo de Extermínio” do Facção Central. Ou que você lance um trabalho totalmente gangsta com várias cores neon e um rosa choque de fundo. No mínimo, seu trabalho causará espanto. Como lidar com isso? Busque artistas que façam um trabalho parecido com o seu e veja quais cores, quais imagens e quais referências eles utilizam na hora de criar uma arte de divulgação (como banners, por exemplo) e, na dúvida, novamente pergunte aos seus amigos a opinião deles.

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E, novamente NÃO DESISTA! Busque refletir, pensar no que você pode fazer melhor da próxima vez e força na peruca!

Tem dúvidas sobre esse assunto ou gostaria de falar mais sobre sua carreira com alguém? Me envie um e-mail: arthurventurivasen@gmail.com!