Veterano é o novo álbum de Nego Gallo
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#RapBRASILEIRO | Em Fortaleza, um “veterano” pode ser tão jovem quanto um rapaz de 12 anos. É uma gíria da cidade. O veterano já está nessa guerra, que não é dele, ele nasceu ali. É como se estivesse na Síria, você nasce no meio de um negócio e vem lutando. “Tenho 44 anos, mas ‘veterano’ não tem a ver com a idade. A cidade ainda tem que melhorar muito.”
O disco nasceu e fala diretamente sobre as ruas da capital do Ceará. Gallo conta que viveu na comunidade das Goiabeiras, na costa oeste da cidade, por oito meses, onde trabalhou na realização do disco com o produtor Coro MC (depois, por intermédio de seu amigo e parceiro de Costa a Costa, Don L, a produção foi finalizada em São Paulo por Leo Grijó). “Tinha a ideia de fazer um disco para Fortaleza, com a música que pairava por aqui”, diz, citando o reggae (a marca mais forte do disco), o brega, o passinho e a cumbia villera, ritmo criado nas quebradas argentinas. O nome de Aldair Playboy, o jovem criador do hit Amor Falso e expoente do “batidão de João Pessoa”, ritmo que mistura forró, reggae e funk.
Sobre o reggae nos beats, Gallo explica que Fortaleza tem uma ligação forte com o ritmo. “É um lugar para a juventude se expressar e se encontrar nas praças, é uma válvula de escape para fugir da atuação do crime, de um lado, e da polícia opressora, do outro.” Bezerra da Silva é outra de suas influências no álbum.
“Eu não sei o que é hype”, diz Gallo. “Fiz esse disco numa casa dentro da favela, pessoas morreram em volta dela, não sabia se o público ia querer ouvir.” Ele conta que enviou as músicas e pediu a opinião de Don L. “Ele é sempre muito assertivo. Mas aí sumiu e uns dias depois disse: ‘está na mão do Leo Grijó’. Eu falei: ‘não, mano, você é doido, é?’ Mas aí foi acontecendo, naturalmente”, relembra.
O disco tem 9 faixas, 2 interlúdios e 31 minutos. No Meu Nome é um diálogo entre Gallo e Don L (uma das marcas do Costa a Costa).
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