#AlémDeMarço | Marina Faustino, uma trancista das quebradas
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Crianças tendo seus cabelos trançados por suas mães, tias, avós. Algo que faz parte da história das mulheres negras brasileiras. Da lembrança para o aprendizado, das primeiras tranças ao trabalho profissional, uma série de experiências, batalhas e superações marcam o cotidiano das trancistas de São Paulo.
Marina Faustino, empreendedora e moradora do Jardim Olinda, na região do Campo Limpo (zona sul de SP), é mais uma mulher da periferia que tem um passado semelhante e que traz tradição e ancestralidade lado a lado com a inovação.
“Quando éramos crianças, minha mãe trançava nossos cabelos. Nas férias, íamos para a casa da minha vó. Lembro que era um trabalho em conjunto: uma das minhas avós dava banho nas crianças, minha mãe as enxugava, uma tia ia trocando a roupa da criançada e outras tias ia arrumando nossos cabelos, trançando uma por uma. Ficávamos todas arrumadinhas.”, conta.
Olhando em retrospectiva, Faustino afirma que cuidava de seu cabelo apenas por uma questão estética durante parte de sua vida, mas sentia que as tranças sempre tiveram relação com o afeto, família, ancestralidade, autoestima e resistência. Ao fazer parte do projeto Trançado Periférico, a trancista conseguiu juntar todos os aspectos da sua profissão.
“Quando começou o projeto não imaginei que essas trocas de aprendizado e essas conexões seriam tão maravilhosas na minha vida. Estar com essas pessoas foi – e continuará sendo – um divisor de águas em minha vida. O projeto fez com que eu me conectasse com meu profissional e pessoal de uma forma muito mais amorosa e tentando me colocar no lugar do outro, vendo a importância que essas manas e eu tínhamos uma na vida da outra. Entender a importância de estar com elas, de vê-las realizando os sonhos, de ver tudo de bom que esse projeto proporcionou pra tanta gente foi incrível”, diz Marina Faustino.
De acordo com a trancista, que acompanha as novas tendências nas redes sociais e investe nas particularidades de cada pessoa que procura seus serviços, após todas as pesquisas feitas pelo Trançado Periférico, seu conhecimento sobre a história das tranças, sobre cuidados, ancestralidade e a importância que essa cultura tinha e tem pra nossa comunidade são coisas que precisam ser passadas de gerações em gerações.
A falta de investimento em espaços e projetos periféricos, poucas oportunidades e cursos que mesclem empreendedorismo e conhecimento compartilhado são citados pela trancista como obstáculos para as mulheres da periferia. Para Marina Faustino, ações como as do Trançado Periférico precisam ser expandidas para as periferias de todo o país. “ É muito importante essa conexão entre as mulheres negras. Nossa cultura necessita dessa troca”, conclui.
Todos os turbantes nas fotos são comercializados pela própria Marina, saiba mais no link abaixo.
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