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Manifesto | Hip Hop contra o fascismo

Manifesto | Hip Hop contra o fascismo

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IMG2-9 Manifesto | Hip Hop contra o fascismoEm 2015, representantes da cultura hip hop organizada de vários Estados construíram, assinaram e publicaram o primeiro manifesto, sobre o golpe de Estado em curso e a ameaça neofascista no Brasil. Tínhamos a clareza que esta onda conservadora não é de agora e estava se organizando após as chamadas ‘Jornadas de Junho’ de 2013. O hip hop real e consciente do Brasil sempre teve clareza e lucidez política. A onda conservadora, que começou a se fazer presente com força nas ruas em 2015, organizado e financiado pelo empresariado e setores da máfia financeira, hoje se materializa com um candidato e uma bancada parlamentar fundamentalista religiosa e de caráter protofascista.

O inimigo central dos fascistas são as organizações e movimentos à esquerda, as culturas e associações de resistência cultural, militantes e toda a população consciente de seus direitos

O fascismo é um movimento de massa, irracionalista e totalitário. Ele surge como organização da burguesia nos países em períodos específicos de decadência do capitalismo, elegendo como responsável pela crise econômica questões da ordem moral ou de segurança ou simplesmente decadência dos costumes sociais na população, que na verdade são contradições produzidas pelo capitalismo e mercado. O responsável histórico pela miséria atual, segundo os fascistas, seriam os trabalhadores e setores específicos. Eles são os “culpados”. Por isto, o inimigo central dos fascistas são as organizações e movimentos à esquerda, as culturas e associações de resistência cultural, militantes e toda a população consciente de seus direitos.

IMG3-2 Manifesto | Hip Hop contra o fascismoO hip hop é uma cultura internacionalista de união e resistência popular, artística, cultural e política, que nasceu e se desenvolveu como movimento de combate à violência interna – entre os jovens, negros, mulheres e pobres do mesmo grupo social – e de autoproteção contra a violência estatal promovida pela polícia. No Brasil essas características precisam ser retomadas urgentemente pelo conjunto dos adeptos do movimento.

No contexto nacional, as mulheres vêm sendo a resistência e linha de frente para a sobrevivência do nosso movimento cultural, político e artístico. Com a ameaça fascista que se aproxima, iminentemente, certamente os praticantes, os adeptos do hip hop real, serão alvos, por sua capacidade de juntar pessoas e questionar a ordem vigente e o controle totalitário. As rodas de rima, por exemplo, já são comumente censuradas por motivos banais. Este ano, quatro jovens foram sumariamente assassinados no Rio de Janeiro, e em outros Estados policiais coagem jovens a fazer rimas para o candidato representante do totalitarismo. Neste contexto, é muito provável que sejamos severamente punidos e violentados por praticar nossa cultura.

É preciso criar, portanto, a consciência de unidade na cultura neste aspecto, não só dizer não ao fascismo, mas combatê-lo na medida em que também nos organizemos para isso, pois o fascismo não se combate individualmente

Por isto, a atuação dentro dos moldes do modelo de mercado é e será sempre insuficiente para superação dessas ameaças nas comunidades e periferias do Brasil, pois quando o mercado pauta a cultura, a ordem passa a ser o lucro e não as ocupações das praças e espaços de arte e cultura que simbolizam nossa resistência. A mercantilização não fará mais sentido e efeito, porque não coloca em questão o caráter público e gratuito dos territórios. É preciso criar, portanto, a consciência de unidade na cultura neste aspecto. Não só dizer não ao fascismo, mas combatê-lo na medida em que também nos organizemos para isso, pois o fascismo não se combate individualmente. Esta é uma forma de preservar as origens da cultura hip hop, como compromisso social, e lutar pela igualdade e a emancipação das populações pobres e periféricas, combatendo e denunciando os opressores, que buscam a todo custo regredir as relações à servidão e morte do nosso povo e da nossa cultura. A luta segue por espaços e liberdade!

*Assinam o manifesto:

Portal de hip hop Bocada Forte
Portal Noticiário Periférico
Grupo Dê Loná (DJ Neew, Karosso e Ronaldinh1)
Genival Oliveira Gonçalves – GOG
Arthur Moura (202 filmes)
Hip Hop de Embú das Artes (SP)
Lou Piensa (MC e produtor, Loop Sessions/Nomadic Massive)
MC Sombra (SNJ)
Nitro Di (Comunicador e MC, grupo Da Guedes)
Tiago Munhoz (MC e Produtor – Ascendência Mista, Contra Fluxo)
Aliado G (Face da Morte)
Junior Ralph a.k.a Barba Negra (MC)
Grupo Omnira (Juliana Sete, Paty Treze, Jana D Notria)
Dropê (Comando Selva)
MV Hemp (Comando Selva)
Gil Souza (DJ e co-fundador do portal Bocada Forte)
Geysson Santos (Militante da Cia Hip Hop de Alagoas, Colaborador BF)
Eli Severino da Silva a.k.a EllyPretoriginal (D.M.N)
André Cesário (fundador do portal Bocada Forte)
Diego Noise D (Editor do portal Bocada Forte)
Yara Morais (Jornalista e Cientista Política)
Banda Projeto Liquidifica (SC)
Piá (DJ, MC e comunicador, pioneiro do hip hop no RS)
Grupo Potencial 3
Sarau Verso em Versos (SP)
James Lino (MC do grupo Potencial 3)
Banca Forte da Norte (BFN/RS)
A-lex (RMNSCNTMC CGZOO)
Ramon José “RJ” (Amapá)
Mauricio Carneiro a.k.a DJ Saddam (RJ)
Clara Averbuck (Escritora, colunista a ativista feminina)
Bruna Loredo (Colaboradora do portal Bocada Forte)
Shuriken Produções
Denis Oliva Teixeira (MC e Advogado)
Jão 22B
Posse Ação Resistência (Bertioga/SP)
Facção Urbana Centro Acreano de Hip Hop
Nero Emi (PB)
Gerard Miranda (PB)
Eduardo Nose D (Projeto Liquidifica/SC)
Rúbia Fraga (grupo R.P.W.)
Thiago DJ JoH (189 Records – PB)
Rubem White Jay (grupo CPI, Co-Fundador da Nação Hip Hop Brasil RS)
Leandro Fatos Silva (LPE/UZS Crew – PB)
Vant Vaz (Coletivo de Danças Urbanas Tribo Éthnos – PB)
Vina Graf (PB)
Mano Ed (Face da Morte – SP)
Caio de Aguiar (PROTOPO – PB)
Mano Ed (Face da Morte)
Yakuza Tdl (Coqueiral Gang)
Coletivo Batalha do Coqueiral (PB)
Célula (Co-fundador da Nação Hip Hop Brasil)
Paulin Zero83 (Rap Cajazeiras/PB)
Rodrigo da CZ (Reflexão MCs)
Brother MC
Gabriel JP
Nádia Castilho (Escritora, Colunista do Rap Download)
Usina Máfia 55
Coletivo Pró-Paraíso
Coletivo Eletro Tintas
Julyana Terto (Cantora/MC da música Rap João Pessoa/PB)
Thadeu Rocha a.k.a Tad Montana
Abanca Cabron (PB)
Slin Black (Sucs Gang Francisco Morato/SP)
Marcos Lopes (Baixista e Produtor de Rabecas – PB)
Cassiano Pedra (pioneiro do Hip Hop Paraibano – PB)
Eduardo de Rabelo Lima
Ronaldo do Carmo (Volta Redonda/RJ)
Iza Jakeline Barros (RJ)
Guilherme X’Guil (RS)
Júlio César de Lima (Campina Grande/PB)
Jeff Ferreira (Colunista do site Submundo do Som)
Eduardo Silva Lopes (Rapper do grupo CausoimpressãO – Luziânia/GO)
Mascote (MC dos grupos Primeira Audição e Contra Fluxo)
Marcos Favela (MC e produtor musical – Mogi das Cruzes/SP)
Michel de barros (mdBproDutora)
MC Piradão (sk8Plazza – João Pessoa/PB)
Souto MC (SP)
Ariela Bueno Alves (Florianópolis/SC)
Thyago Salles a.k.a Videnti (MC e Arte Educador – SP)
Grupo Nível de Cima (Acme, Kaskão, DJ Fill e DJ Kriador – Mogi das Cruzes/SP)
Ananda Araújo (MC – Florianópolis/SC)
Preto Alisson (MC e grafiteiro – PB)
Márcia Maria do Nascimento (Movimento Negro)
Alex Street GNA (ABC/SP)
Medusa Records (Campina Grande/PB)
Mariana Paulino (Jornalista, criadora do Rap em Movimento)
Fernando Arruda (Recife/PE)
Coletivo Kilombagem Suburbana (Erechim/RS)
H.N.S Segunda Cadência (Campina Grande/PB)
DuÓ (Poeta – Taquara/RS)
Cartel MCs (Rio de Janeiro/RJ)
DJ Erik Skratch (RJ)
Vitória Ohara (União da Juventude Rebelião – João Pessoa)
Nova Frente Negra Brasileira
Bob Controversista (Associação Cultural e Educacional Movimento Hip Hop Revolucionário/MH2R)

*Se você, seu grupo ou coletivo quiserem assinar o manifesto, demonstrando seu apoio, clique aqui e envie seu nome, atividade e cidade.

Designer Gráfico e Editor, Noise D tem formação em Comunicação Social e está no time do Bocada Forte desde 2001.