Favelinha City – 30 anos gerando cultura em comunidade e atravessando gerações
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Saiba mais sobre a história da Favelinha City, suas lutas, projetos sociais, culturais e educacionais realizados e geridos pelos próprios moradores e os seus resultados.
A Favela nasceu na primavera de 1992, utilizou-se do terreno às margens do córrego Zavuvus (aproximadamente 100 metros de margem) para a construção de cerca de 50 barracos, com frente com a Rua Milton Daniels, cercando o terreno onde localiza-se um campo de futebol e um projeto de creche construída pelo governado estadual da época.
Do outro do lado da margem do córrego, na época existia um sacolão e por muitos anos nossa identidade coletiva era a “favelinha do sacolão”.
Durante a década de 90 os sacolões foram extintos e com isso tanto o terreno quanto a estrutura do antigo sacolão ficaram abandonadas e o terreno e também o prédio passaram para a área da saúde, sediando mais tarde um posto de saúde, hoje o Posto Vila Constância. Durante essas duas últimas décadas houve uma necessidade de crescimento e edificação da favela, em virtude do crescimento populacional, hoje já estamos na 4ª geração de moradores. Temos crianças que cresceram, casaram, tiveram filhos, e hoje aos 45 anos já são avós. E durante esse histórico, o antigo terreno do campo, parte da infraestrutura do que seria uma creche (depois de anos de abandono e precarização de seu uso), foram utilizados socialmente para moradia, abrigando assim mais famílias e provocando o crescimento da nossa comunidade.
A participação de Amanda NegraSim no documentário ‘Radical’ foi filmada na Favelinha
A Favelinha ilustra basicamente a complexidade das favelas que temos conhecimento no Brasil, pois é composta em sua maioria por mulheres negras, mães solos, com renda mensal variando entre 1 a 3 salários mínimos, provenientes de várias fontes, seja trabalho formal e outros subempregos. Temos também muitos trabalhadores e empresários das áreas de pequenas reformas e construção civil, entregas em geral, prestação de serviços variados, área da saúde, educação, cultura e segurança privada. O nível de alfabetização é básico com média de até 8 anos de estudo. Temos músicos, jogadores de futebol profissional (revelados pelo próprio time que temos na comunidade – Favelinha City Futebol Clube Comunitário), empreendedores das áreas de estética e beleza feminina em geral.
O Hip Hop na Favela e seus talentos
Os primeiros eventos de Hip Hop aconteceram por volta de 2002, com apoio de amigos e integrantes do time da comunidade fizemos a nossa primeira festa de aniversário, foi numa época da páscoa, em abril. Lá com a famosa lona azul, nós mesmos construímos um palco de madeira no final da rua e lá fizemos um show, na época os grupos eram Ato de Fé (DJ Llobato e ManoVal), DJ Pirú e DJ Beto Nogueira (Equipe Águia Negra) e o Aliado LPC, que foi morador da favela por um tempo.
A cultura em nossa favela ainda hoje é protagonizada por jovens e crianças que ditam os caminhos em parcerias com arte educadores e artistas da cena do Hip Hop. Um desses jovens é o Biel, como carinhosamente o chamamos na favela, mas ele é conhecido também como MC MaxJoaniza. Ele é um jovem preto, nascido e criado no bairro da Vila Joaniza, que iniciou na cultura e na produção periférica ainda na adolescência participando de projetos socioculturais no bairro.
Assista a participação de Biel no vídeo do Comunidade Carcerária
Aos 15 anos de idade Biel começou a desenvolver suas primeiras letras e rimas de funk e Rap com amigos nos becos e nas ruas da quebrada. Nessas idas e vindas da vida, Biel, hoje aos 22 anos, identificou-se com os conceitos da Cultura Hip Hop, mais precisamente o Rap e o Graffiti, e começou a frequentar lugares e oficinas culturais que dialogavam essas linguagens.
Sua estreia nos palcos deu-se em janeiro de 2020, onde teve sua primeira grande oportunidade de mostrar ao público da Favelinha City – Joaniza suas músicas e seu talento com a Cultura Hip Hop, sendo um dos artistas que se apresentaram na 28ª Festa de aniversário da Favela. O evento teve diversas atrações musicais, entre elas a do rapper Thaide, que a convite da nossa comunidade encerrou o evento.
“Biel é uma joia rara da nossa favela, temos que lapidar e estarmos com ele no giro”, conta o produtor musical DJ Llobato, morador e ativista cultural da favela. Biel divide seu dia entre o trabalho como vendedor de roupas numa loja do bairro e as aulas e oficinas de música e orientação artística, onde ele se fortalece e aperfeiçoa a cada dia.
“Os esforços que nós estamos fazendo hoje no projeto e em nossas ações é para que ele mostre a cada dia mais seu talento e seus shows, queremos que ele grave seu cd, clipe, e faça seus próprios shows e a cultura de fato seja sua vida, e que seu exemplo possa incentivar outros jovens das realidades semelhantes a dele. Nós do projeto vemos sua dedicação e cuidado com as ações e o trato do dia-a-dia com a comunidade mudou muito a partir da chegada da cultura na sua vida, foi um 360 graus imediato. Ele passou a ter mais visão de mundo e de como ele pode gerar oportunidades para ele mesmo e para outros jovens, oportunidades positivas e construtivas para suas vidas” – relata Amanda NegraSim, outra artista e militante cultural da comunidade.
O MC MaxJoaniza participa ainda do projeto do Coletivo Comunidade Carcerária, com quem faz ensaios, shows e oficinas culturais. Através do edital de Fomento a Periferia, o MC MaxJoaniza, participou de vários projetos artísticos como ator, MC e rapper.
Núcelo de Formação Cultura Favelinha City (NFCFC)
O Projeto Núcleo de Formação Cultural Favelinha City, surge à partir da demanda por ações, atividades e produtos culturais dos moradores e produtores culturais da comunidade.
As ações foram expandidas pela comunidade através da Biblioteca Comunitária Luiza Mahin, que há 6 anos está dentro da favela.
O Núcleo de formação cultural é uma atividade continuada onde além de gerar produtos e serviços artísticos culturais, realiza periodicamente oficinas, intervenções e eventos culturais na favela, além de realizar shows artísticos em outros equipamentos culturais das periferias da cidade através de intervenções urbanas de dança de rua, Graffiti, stencil, lambe-lambe e shows de Rap.
Nestes últimos 4 anos, inclusive no período de pandemia, vários projetos do Núcleo de Formação Cultural tiveram importante participação cultural e social no território da Cidade Ademar, e também em outros territórios periféricos da Cidade de São Paulo, por meio de shows, transmissões ao vivo e ainda nesse processo de retomada foram realizados também projetos híbridos.
Ainda pelo projeto NFCFC – Joaniza, contemplado pelo edital Proac Favela 2021, foi possível potencializar financeiramente as ações do coletivo com investimento em compras de materiais de uso contínuo em ações culturais e oficinas, bem como a contratação de arte-educadores da própria favela e da rede parceira do projeto que diretamente já desenvolviam projetos na favela.
O núcleo gerou a possibilidade de pintarmos os becos da favelas, com diversos Graffitis e a participação direta dos moradores, e ainda os processos de fortalecimentos de saberes culturais contínuos com participação direta das crianças e adolescentes que hoje frequentam as ações do núcleo. Tudo isso se tornou mais uma oportunidade de interação social e trocas de conhecimento em fluxo contínuo, em contra turno escolar.
As oficinas de Graffiti e desenho livre, aconteceram entres os meses de abril e maio com a Grafiteira e design gráfica Rizka e com apoio do Grafiteiro e muralista Panther o Resistente, que além das aulas de Graffiti realiza periodicamente a manutenção e criação da galeria livre de arte urbana da Favelinha City – Joaniza (Cultura 100Cep), em parceria com o Gestor Cultural Sandro Lobato.
Os dois, além de buscarem o enfrentamento ao racismo estrutural, questionam as recentes intervenções urbanas e sociais que a favela sofreu. Por exemplo, foi garantida a inclusão de água encanada, mas não o saneamento básico, tão pouco a criação de um CEP válido (Código de Endereçamento Postal) para o recebimento das correspondências de todos moradores. São 30 anos da Favela e os moradores ainda se utilizam de uma única caixa de correio para o recebimento de contas e cartas.
Projetos artísticos, sociais, culturais e seus personagens
“Na Favelinha City, nossos fazeres culturais, antes de realizarmos ações nos muros da favela, conversamos com as crianças e todos interessados no projeto o que pretendiamos realizar, e todos opinam, criamos uma agenda coletiva de ações e descentralizamos as ideias, com isso pudemos adequar o projeto, trazendo ações de desenhos em papel, construções de fanzines, telas e quadros com pintura em tecidos, sessão de leitura de livros, filmes, documentários, bailes de carnaval com máscaras confeccionadas pelas crianças, bailinho da páscoa, e principalmente muitos diálogos. É enriquecedor ouvir as crianças e suas propostas, há muito mais que pureza e simplicidade, e muita realidade” – relata a experiente produtora cultural Bruna Oliveira, que na favela divide o protagonismo de suas ações com a Orientadora Social Sandra Lobato, com formação acadêmica em Enfermagem Psicossocial e Saúde Familiar.
Bruna realizou sua primeira produção cultural junto ao projeto Pretatitude da Voith, entre os anos de 2014/2016 na comunidade da Voith, extremo noroeste da Cidade de São Paulo. Lá Bruna residiu toda sua infância e ao associar-se com moradores da Favelinha City – Joaniza e adeptos da Cultura Hip Hop, Bruna criou em conjunto com grupos de amigos de infância na Voith seu próprio projeto cultural, que serviu de base para desenvolver suas ações de formação cultural com crianças e jovens na Favelinha.
As ações do projeto e dos coletivos de produtores e artistas culturais tem ainda a importante missão de manter viva a tradição de interação social que a Favelinha City criou. Em 30 anos essa missão só se fortaleceu, sobretudo após 2 anos de pandemia da covid19, mesmo com todos traumas psicológicos, mortes e várias sequelas físicas e mentais que o afastamento social em ambiente restrito e vulnerável nos trouxe, onde muitos de nossos primeiros moradores vieram a falecer, assim como em várias outras favelas e comunidades espalhadas pelo Brasil. A covid19 tem sido uma tragédia em nossa favela, foram perdas em diversas idades e mesmo diante de todo esse processo de luta, perdas e de reconstrução, todos os cuidados nas ações e eventos se mantêm, pois sabemos que ainda não estamos livres desta tragédia, mesmo com todas vacinas, que praticamente toda favela já se vacinou.
Em maio de 2022, foi a vez da intervenção artística da Grafiteira e artista urbana Crica Monteiro, em homenagem à família da matriarca Dona Josi (falecida em junho de 2022), na construção do mural em homenagem às mulheres negras de nossa favela. Foi e é um momento de muito afeto, reconstrução e carinho, e queremos que nossas ações façam esses momentos serem cada vez maiores e mais próximos das realidades da favela e de seus moradores.
Nesse mesmo contexto de fortalecimento social e das relações humanas a artista Amanda NegraSim produziu e gravou em parceria com Ndoto Cultural e o realizador de audiovisual Vras77 o videoclipe da música “LIVRE”, que traz em sua obra a diversidade de aprendizado de relações que ela vivencia e compartilha desde de sua chegada na Favela.
A luta maior do projeto hoje é garantir a continuidade para os próximos anos das ações, pois o apoio por meio do edital do Proac 2021, tem prazo de encerramento em 2022, e justamente esse plano de trabalho apertado, faz com que o projeto e toda favela crie diariamente estratégias e a construção de diálogos para suas continuidade. “Para nós, as ações aqui na favela continuam essenciais na luta pelo combate ao enfrentamento ao racismo estrutural que nos cerca historicamente, aos poucos estamos fortalecendo a formação de indivíduos mais preparados para dialogar esses temas na nossa sociedade a fim de construir ações que façam e reproduza esses enfrentamentos diretamente com mais eficiência”, afirma DJ Llobato, que já realizou shows e festivais musicais, oficinas de áudio com foco na produção e gravação musical com outros moradores, além do direcionamento de carreira artística.
O projeto cultural, viabilizado pelo PROAC Editais, é gestado pelos próprios moradores da favela, que criaram um coletivo com o objetivo de potencializar as ações culturais na favela em parceria com a rede de arte educadores culturais e artistas parceiros que veem nas ações dentro da favela a realidade de suas músicas.
As redes sociais são hoje nosso grande aliado, pois lá postamos e divulgamos nossas ações não só para nossa favela e redes de apoio e parcerias como também para todo mundo, e lá ainda é uma extensão de nossa comunidade física e presencial. A favela hoje não está com total cobertura de internet e cerca de 30% das residências têm algum tipo de conexão por cabo, fibra e acesso direto a internet. Celulares são a principal ferramenta de comunicação e acesso a aplicativos de redes sociais. Dentro desse contexto de afinidades e redes são diversos os grupos de diálogos: bikes, futebol, adega, forrózinho, reforço escolar entre outros.
A Biblioteca Luiza Mahin, durante a pandemia e a forte crise financeira que afetou a cultura nas periferias, perdeu sua conexão com a internet e espera sua religação a quase 12 meses, pois não há estrutura instalada de rede na rua para novas conexões.
Os desafios que o projeto enfrenta, não estão somente na Favelinha City, e não é só a necessidade de investimento financeiro. Trafega muito pela ausência de políticas públicas culturais, que entendam as demandas de cada território e dentro dos territórios que entenda as especificidades de cada comunidade, e que à partir de sua demanda, permita que essas comunidades atendidas criem ativamente ações identitárias, e que fortaleçam suas características próprias.
Olhando para a Cidade Ademar, onde residem aproximadamente 600 mil pessoas, destas cerca de 3000 pessoas apenas na Favelinha City, distribuídas em cerca de 250 famílias, não podemos afirmar que o fazemos aqui com o projeto dará certo em qualquer outra favela da região, ou tão pouco da cidade, é preciso que nossas vozes e experiências e práticas culturais sejam de fato ouvidas, e garantidas nos processos de construção dessas políticas públicas, ou em programas de governo. Pois faz-se necessário efetivarmos esses flertes com a cidadania cultural, a fim de garantirmos o direito à cultura, tão igual quanto a educação, e desconstruirmos a falsa imagem de que cultura é algo distante, elitista e caro. Pois somos cultura em nossa essência, para nós que vivemos em comunidade as Culturas de Diálogos e construções coletivas, são culturas de favelas em sua essência.
MC DJ LLobato, artista de 40 anos de idade, que ajudou a criar a comunidade Favelinha City Joaniza, e que nos últimos 30 anos viu a história da favela mudar, se reinventar, e seguir gerando fortalecimento e amparo social a muitas famílias. “Nossa favela cresceu muito, se reinventou muito, nossa realidade de hoje é muito diferente de 30 a anos atrás, onde nem luz e água tínhamos, eram muitas crianças longe da escola, sem creche, desemprego, foi duro mas mudamos e estamos mudando esse quadro diariamente, a quase 6 anos estamos firmes trazendo a cultura, e as políticas públicas culturais para dentro da favela, e isso também faz parte dessa luta por mais direitos”.
Llobato, que este ano lançará seu primeiro projeto musical oficial, já integrou outros grupos de RAP, entre eles o grupo Ato de Fé, criado no início dos anos 2000 dentro da própria comunidade e mais recentemente o grupo de Rap AFAVEL (minha luz ilumina meu caminho na FAVELA) criado em 2005, com outros jovens moradores de comunidades próximas da Cidade Ademar, com Afavel ele lançou em 2013 o vinil ‘Afavel, trago em mim a resistência dos nativos e das raízes africanas’. O grupo vendeu cerca de 250 vinis de mão em mão e mais de 2000 CDs, sempre participando ativamente do circuito cultural periférico na última década, seja com shows em elaboração e execução de projetos culturais nos territórios periféricos da Cidade de São Paulo, pois parte do Grupo AFAVEL, multiplica-se em Grafiteiros, DJs, percussionistas, produtores culturais e ainda arte educadores, hoje o AFAVEL não é só um grupo de Rap e sim um coletivo que acumula e potencializa diversos saberes, sempre pautadas pelas práticas e estratégias de combate ao racismo estrutural.
Atualmente DJ Llobato lançou o videoclipe da música “Até o fim”, em parceria com os produtores DJ Tony Di e Vras 77, que inicia oficialmente sua carreira solo em parceria com a NDOTO Cultural, produtora criada por artistas brasileiros e angolanos com a missão de promover ainda mais o intercâmbio nestes países.
Outra artista que além de residir na Favelinha City Joaniza, ainda realiza ações culturais continuadas na própria favela é a atriz, MC e cantora já citada anteriormente, Amanda NegraSim, que diariamente busca em suas ações o protagonismo da mulher negra periférica, bem como o combate ao machismo, racismo e a valorização das culturas de matrizes africanas. Amanda é uma artista conhecida no cenário musical brasileiro, lançou recentemente o álbum ‘AfroQueen Sounds’ com contribuições de DJ Llobato. Ela atualmente prepara o disco ‘LIVRE’ em parceria com DJ Tony Di. Dentro da favela, Amanda, como a comunidade a acolheu em 2017, realiza rodas de conversa, saraus, encontros de acolhimento social, oficinas de tranças, e já formou muitas trancistas, oficinas de musicalização infantil, além de coordenar ações sociais a partir da Biblioteca Comunitária Luiza Mahin, com sede hoje na sua residência.
Durante a pandemia, Amanda foi responsável pelas ações do projeto Trançado Periférico Mulher Negra Cultura Criativa, com a produção de shows, lives de diversos artistas e produtores culturais da comunidade e do território. Realizou ainda o cadastro de moradores a partir da biblioteca com distribuição de livros, cestas básicas de alimentos, higiene e limpeza básica.
No videoclipe da música “Lembranças”, produzida em parceria com a produtora audiovisual Lado Sujo da Frequência, em março de 2022, e produção musical de DJ Tony Di, ela mostra a relação e convivência representada por crianças e moradoras da própria favela, desde do encontro na rua pra brincar, o churrasco no beco, o varal no beco e as tantas outras relações que na favela criamos. “Lembranças” não é o único vídeo que a artista produziu na favela, e com moradores, no seu canal do youtube tem o videoclipe “…Vida” gravado em maio de 2019, e o também já citado “LIVRE” lançado em junho de 2022.
Na nossa favela, realizamos ainda festivais de músicas com frequência, entre eles os projetos 99 Probl3ms Hip Hop, que desde 2020 realiza eventos presenciais e até mesmo lives com artistas da Favelinha City.
99 Probl3ms Hip Hop é um evento coletivo e compartilhado por diversas redes culturais, com participações efetivas dos grupos Identidade e Movimento de Danças Urbanas da região da Vila Brasilândia (IDM), do Lambidas Periféricas da própria Cidade Ademar da artista urbana Gisele Pinheiro, 100Crew (coletivo de grafiteiros e grafiteiras), da grafiteira e da artista urbana e ilustradora Crica Monteiro, dos Coletivos de Hip Hop Sala Secreta, comandados pelo MC Don King e Ricco, e o Projeto Risco Sul DJs, comandado por DJ Sandro Lobato, DJ Simmone Lasdenas e DJ Guina, entre outros.
Em 2022 essas ações coletivas já realizaram parcerias com o projeto de NFCFC – Joaniza, para realização de 1 evento em comemoração aos 30 anos da comunidade, com shows de diversos artistas locais, e de outras favelas da Cidade, com show especial do Ndee Naldinho. No próximo domingo, dia 10 julho, a Favelinha City – Joaniza irá novamente sediar e receber atrações de Hip Hop entre elas os grupos Negredo, Mag B, Dexter, Amanda NegraSim, Filosofia de Rua, DJ Llobato, DJ Tony Di, DJ Dagoma, DJ Sandro Lobato, Lambidas Periféricas, Panther o Resistente, Rizka, Liberdade Revolução, Identidade e Movimento, Sarau Enfrentamento Preto, DJ Guina, DJ Simmone Lasdenas, Raul do Rap, Pretinho Black, Biel da Joaniza, Yago Chavoso e muitos outros da própria comunidade.
As ações coletivas que nossa favela desenvolve acerca da cultura ilustram basicamente nossa maneira descentralizada e horizontal de construção que aprendemos a construir e fortalecer, pois através da premiação do projeto do Núcleo de Formação Cultural Favelinha City – Joaniza, e das ações contínuas na Biblioteca Comunitária Luiza Mahin, podemos gerar e atender a demanda dos moradores por acesso e serviços culturais, pois com os recursos do projeto potencializamos diversas ações, coletivos, e artistas.
E esses resultados já são mensurados em várias abordagens, e podem ser contabilizados em números, pela descrição de serviços realizados, pessoas atendidas, e ainda pelo acolhimento sócio cultural a jovens em conflitos e vulnerabilidade social, que hoje enxergam na cultura e nas músicas periféricas mais uma forma de se posicionarem na sociedade e de aprendizagem de vida. Reconstruindo assim novas reflexões e experiências positivas para nossa comunidade.
O Grafiteiro Panther o Resistente, que também é MC e um dos fundadores do Grupo Afavel e das crews 100crew, e posse 4Élos, sempre atuante na Favelinha City, observa que – “é através da cultura que nossos filhos e netos vão criar novas narrativas que vão mudar suas vidas e as vidas de outras pessoas, pois nossa cultura é cíclica e suas diversas voltas além de reforçar estratégias e construções, provocam novas construções e novos diálogos”.
Panther, hoje reside próximo a Favelinha City, na favela vizinha, fato que contribui muito com suas intervenções urbanas culturais, com as oficinas culturais, o artista realiza ainda Graffitis em várias favelas de São Paulo, recentemente realizou um mural de 80 metros quadrados em homenagem ao grupo de Rap Public Enemy, para ele, peça fundamental para sua formação cultural.
E o projeto Núcleo de Formação Cultural Favelinha City – Joaniza, diferencia-se também por abordagens de continuidade e de progressão de suas ações, são muitos avanços que sempre buscam reforçar estratégias historicamente presentes nos movimentos sociais periféricos, como estratégias de acesso e a garantia de direitos sociais. Transcendendo as muitas teorias de formação cidadã, para a real prática e fortalecimento dessas tecnologias na ponta e nos extremos das vulnerabilidades sociais e humana que uma mesma favela e comunidade podem expor a sociedade que a margeia.
As ações culturais na favela geraram ainda uma estratégia de registro vivo não só dos fazeres culturais, como também das relações humanas dentro da própria favela. “Percebemos isso mais nítido nos processos de organização prévia do nosso último evento que será no dia 10 de julho, pois o clima de celebração coletivo esteve mais presente do que nos últimos 3 eventos, e essa sensação coletiva de fato aproximou e proporcionou mais entendimento entre as pessoas e na resolução das ações prévias da ação do evento, a autonomia entre os moradores e o pertencimento das ações prévias do evento estão muito mais potente, e isso já nos deixa muito mais felizes, esses processos e resultados imediato”, relata Sandra Lobato coordenadora de parte das ações culturais na favela.
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