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O HYPE É FAKE | DJ Cortecertu é o convidado do Oganpazan na live de hoje às 20h

O HYPE É FAKE | DJ Cortecertu é o convidado do Oganpazan na live de hoje às 20h

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última atualização: 10h50 do dia 08 de abril de 2021

Já faz um tempão. Parte do trabalho de muitos profissionais da mídia do Rap e do Hip Hop consiste em abrir a caixa de entrada do seu e-mail, selecionar o material que artistas e assessorias enviaram, baixar as fotos, copiar os textos escritos pelos assessores, colar em em seus blogs e sites e distribuir nas redes.

Apesar de ser uma prática totalmente comum e aceita na cena alternativa, pois ajuda na divulgação de discos, singles, clipes e EPs, os primeiros resultados, vindos dos mais populares veículos ou dos que possuem menos acessos, são sempre os mesmos: exposição da visão do artista sobre seu próprio trabalho ou a imagem que a sua assessoria quer que todos tenham da sua obra. Reproduzindo, em muitos casos, o que chamamos de hype e toda a estrutura que muitas vezes levam ao discurso único, além de disseminar conteúdo apenas para gerar cliques.

O bom relacionamento entre assessores de imprensa e produtores de conteúdo da mídia independente é fundamental para os sites, mas seus integrantes precisam pensar além do release para conquistarem maior relevância na cena.

OUÇA O SINGLE “FYA”

O DEBATE

Em meio ao excesso de informações, debates e lançamentos na cena independente, qual o papel dos sites e blogs? O Oganpazan vai discutir tudo isso numa série de lives que tiveram seu início dia 01/04, no seu Instagram. O primeiro convidado foi Jeff Ferreira, autor e editor do Submundo do Som. Ferreira também está preparando o lançamento da biografia do grupo RZO.

Confira como foi o papo com Jeff

Trocamos uma ideia com Danilo Cruz, um dos idealizadores do Oganpazan. Leia a íntegra da entrevista abaixo:

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Danilo Cruz, editor do Oganpazan.

Bocada Forte: Por que discutir o papel do jornalismo musical é fundamental?
Danilo Cruz: É fundamental por diversos motivos, problemas antigos e novos que o jornalismo carrega, como entraves ao seu desenvolvimento mesmo, assim como a sua relação com os poderes constituídos.

No campo do jornalismo musical, que é a área onde nós atuamos, apesar de que nenhum dos fundadores do site serem jornalistas, identificamos problemas que vão da construção de um jornalismo que se pretende substancial até a manutenção econômica do projeto.

O período em que vivemos é certamente dos mais desafiadores para iniciativas jornalísticas, além de lidar com questões mais antigas, como as que acima mencionei, ainda precisamos lidar com as redes sociais e o controle dos algoritmos. Sobretudo, acreditamos que seja necessário debater o jornalismo musical porque é aquilo a que temos nos dedicado, e acreditamos que precisamos refletir constantemente as nossas práticas, seja de modo profissional, seja nas nossas questões existenciais.

BF: Quais respostas e questões você espera que sejam levantadas nestas lives?
Danilo Cruz: As lives vão percorrer figuras do jornalismo musical com formações diferentes, áreas de interesse diferentes e com produções muito ricas. GG Albuquerque (Volume Morto e Portal Embrazado), que é um pesquisador portador de um arsenal teórico de primeira linha no que tange a produção acadêmica e que se debruça sobre produções musicais às mais distintas como o funk nacional, o brega funk e a música de vanguarda por exemplo.

Começaremos as lives com o Jeff Ferreira, que considero uma das figuras mais singulares hoje no jornalismo musical nacional, pelo tanto de produções a que se dedica, em diversos suportes, pelo autodidatismo informado e por ser um escritor prolífico, agora lançando uma biografia do RZO, um dos grupos mais importantes da história do rap nacional e totalmente “DIY”

A Pérola Mathias, que é uma mulher nesse meio obviamente eivado mais por homens, e que possui uma escrita muito atenta e sensível às produções contemporâneas da música nacional, é uma jovem doutora em sociologia e possui um excelente site chamado Poro Aberto.

Teremos também uma live com a Rosa Couto que conjuga o trabalho de pesquisa com a produção musical,é uma instrumentista e uma escritora, alguém que faz parte de um grupo de afrobeat composto por onze mulheres e pessoas não binárias pretas excelente, Funmilayo Afrobeat Orquestra, e que escreveu um livro sobre Fela Kuti.

E ainda teremos um dos caras que são fundamentais para o que se pode chamar de mídia hip-hop no Brasil, Jair dos Santos Cortecertu, uma figura que é multidisciplinar e que carrega uma história e uma produção muito rica. Um arquivo vivo, cheio de inquietações que a idade não abateu, cheio de informações que aprendeu a guardar por também ter o ofício de bibliotecário, um cara que se dedica também a criação musical é beatmaker e DJ.

Penso que com um painel desses, é possível refletir aprofundadamente sobre muitas questões pertinentes ao momento da crítica musical, a produção teórica, aos registros históricos, o papel da informação no jornalismo musical entre diversas outras questões. As respostas não esperamos de antemão, nós a construímos no caminho.

BF: Acha que os sites alternativos têm um papel que vai além de contar e registrar histórias da cena? Acredita que a mídia independente também molda a cena?
Danilo Cruz: Posso estar enganado, mas acredito hoje que contar e registrar não está separado de apresentar uma perspectiva e um ponto de vista crítico e nesse sentido de levantar debates importantes.

Penso que seja importante não generalizar, penso que cada site “alternativo” possui seu modo, alguns mais outros menos relevantes, na medida em que apenas reproduzem ou criam outras linhas para aquilo que se apresenta.

Certamente estou aqui me debruçando sobre os que possuem uma produção original, pois existem “alternativos” reproduzindo servilmente práticas hegemônicas, e que estão completamente rendidos a esses esquemas simplistas e pobres.

O Oganpazan não se pretende oleiro, não temos interesse em moldes, o que nos interessa é abordar trabalhos musicais que acreditamos serem interessantes, dos quais gostamos, ser uma espaço democrático e undergroung também.

Possuímos o interesse de ter o mais rico painel musical possível em nosso site, em nossos podcasts, em nossas lives. Sobretudo, gostamos de ter em nosso site entrevistas com Eumir Deodato e com As Cigarras, com a Ana Frango Elétrico e com a Maya, textos sobre DNGUNI e sobre o Matéria Prima.

O interesse sempre foi informar criticamente, levantar questões, pautar questões que achamos necessárias, não pelo poder de capilaridade que as políticas identitárias e de representatividade possuem, mas porque vivemos isso com nossos erros e nossos acertos.

Queremos ser relevantes, queremos ser sustentáveis e aprimorar nossos trabalhos, mas não queremos ser o hype, não queresmos ser os criadores do hype, nem gurus, nem caciques de porra nenhuma! Já tem muita gente confortável nessa posição que não nos cabe.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO:

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Em série de lives, Oganpazan questiona o hype e discute o jornalismo musical

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