“Bia Doxum: ‘Desse Meu Mel’ traduz essência, coragem e ancestralidade
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A cantora Bia Doxum lançou na última sexta-feira seu mais recente trabalho, Desse Meu Mel. O álbum chega após um hiato de cinco anos sem lançamentos. Seu último disco, ÀTUNWA, foi produzido antes da pandemia, em 2019.
“Meu último disco, ÀTUNWA, lancei um pouco antes da pandemia, em 2019. Acho que ele era um álbum que falava muito sobre identidade, foi um mergulho de mim para mim mesma, que acabou refletindo em muita gente. Eu nem esperava isso. Foi algo que a gente nem planejou, só produziu e lançou no mundo”, afirma Bia.
Desse Meu Mel explora gêneros como neo soul, R&B e hip hop, com fortes referências brasileiras e, claro, a ancestralidade. Além disso, o álbum estabelece uma conversa íntima e contemporânea com as músicas de raiz africanas.
O mel, utilizado como conceito e parte da essência do trabalho, está diretamente ligado a Bia. Ele representa a delicadeza e a doçura de sua música, mas também está associado à coragem. Criada na periferia da Zona Leste de São Paulo, Bia constrói sua carreira com autenticidade e paixão pela música. Ela busca se conectar com seu público de forma direta, olhando nos olhos, enxergando e observando as pessoas. Nesse movimento, transmite sua mensagem em um mundo caótico, dominado pelas redes sociais, onde os views são a moeda do sucesso. No novo álbum, a artista emana sensibilidade, emoção e a realidade de uma mulher negra e periférica em suas letras e conexões.
“Eu ainda acredito nessa forma orgânica de alcançar o coração das pessoas. Fui muito estratégica nisso: fiz um álbum que fala de coração, que se expõe, que coloca suas fragilidades. Acho que isso fará as pessoas se olharem de frente no espelho e vai tocá-las no âmago. Eu acredito nessa conexão. O que eu tenho para dizer agora vem de uma fase de uma Bia mais leve, que se ama mais, que se enxerga melhor do que antes. Espero que isso alcance as pessoas de uma forma bonita também.”
A maioria das produções do álbum é assinada por Vibox, mas também há colaborações de Slim Rimografia, Vinni OG Beats, Enjoado Produções, Lowis e Eddu Chaves. As parcerias refletem o resultado que Bia busca, priorizando conexões reais e verdadeiras.
“Quando eu encontro um produtor com quem sinto que deu liga, que fluiu bem, gosto de trabalhar novamente, de estar sempre por perto. Até com os músicos da minha banda temos uma relação muito íntima, sabe? É uma amizade mesmo. Acho que isso é importante para que, no palco, as coisas aconteçam sem muitos entraves. É sobre energia positiva, axé, espiritualidade e amor.”
Desse Meu Mel traz 13 faixas, incluindo parcerias com artistas como Fabriccio Oliveira, Marabu, Vírus Carinhoso, Camila Zasoul e Albert Magno. Sobre eles, Bia comenta que as colaborações surgiram de forma natural e orgânica:
“Nesse álbum, tudo foi fluindo de forma muito natural. Não foi algo que planejei desde o início, escolhendo as pessoas. Parece que elas foram surgindo, e no fim, pensei: ‘Nossa, era a pessoa certa.’ O mais legal foi que todos os feats entraram na minha vibe. Eles ouviam as músicas que eu mandava e se conectavam com as propostas. Entravam na minha loucura, no meu mundo. Foi muito divertido fazer arte dessa forma, desprendida da parte comercial. Ainda conseguimos trabalhar nessa linha tênue entre administrar questões do mercado e, ao mesmo tempo, fazer arte e falar o que queremos. É algo do qual me orgulho e espero nunca deixar de fazer.”
Bia Doxum constrói com maestria a relação entre música, arte e essência, o que se reflete em um trabalho sólido, maduro, sensível e alinhado com os dias atuais.
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