Batalhas | Saiba mais sobre a Batalha Projeto Mais Rap

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Continuando a nossa série de entrevistas com as Batalhas, dessa vez conversamos com a Batalha Projeto Mais Rap, antiga Batalha da Praça, que acontece desde 2014 na Praça do Campo Limpo, extremo sul de São Paulo. A Batalha, que nesse momento tem como principal organizador e organizadora o Dante e a Briet, acontece sempre às sextas a partir das 19h30. Mesmo com a Guarda Civil Municipal (GCM) quase sempre rondando a praça nos dias de batalha, eles ainda não tiveram problemas e as reclamações são poucas.

Entre as dificuldades para continuar realizando a Batalha, Dante responde – “O principal são os equipamentos, por mais que a gente só tenha uma caixa, eu carrego sozinho ela, na ida e na volta. A Briet também mora um pouco distante da batalha, não é sempre que ela consegue pegar o ônibus pra vir.”

Confira abaixo a entrevista e conheça mais sobre o Projeto + Rap.

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Bocada Forte: Se apresentem e informem quem são os criadores e responsáveis pela Batalha?
Projeto + Rap: Eu sou o Dante, ela é a Briet. Estamos organizando o Projeto + Rap esse ano, depois de 7 anos com o pessoal do AllFavela, principalmente do BRR. Mas a batalha foi fundada pelo coletivo.

BF: Como começou a batalha e qual foi a motivação inicial?
P+R: A batalha começou tem uns bons anos já, a motivação foi trazer pro pessoal da quebrada um incentivo a mais no Rap. Antes o nome era Batalha da Praça, mas foi trocado pra Projeto Mais Rap.

BF: Qual a frequência da batalha dia, hora e local?
P+R: A batalha acontece semanalmente às sextas-feiras 19h30, na praça do Campo Limpo.

BF: No local ou nos locais onde vocês fazem a Batalha, vocês enfrentam algum tipo de repressão ou reclamação da vizinhança?
P+R: Desde que começamos eu só recebi duas reclamações referente a cheiro forte da ganja, mas tem GCM rondando a praça em quase todas as edições.

BF: Quais são os principais desafios que a Batalha enfrenta na organização?
P+R: O principal são os equipamentos, por mais que a gente só tenha uma caixa, eu carrego sozinho ela, na ida e na volta. A Briet também mora um pouco distante da batalha, não é sempre que ela consegue pegar o ônibus pra vir.

BF: Como vocês selecionam os participantes?
P+R: A gente recolhe os nomes até 19h30 ou até 10min antes da batalha começar. Fazemos chave de 16 quase todas edições.

BF: Quais critérios vocês utilizam para julgar as performances dos MCs durante as batalhas?
P+R: A gente deixa na mão da plateia. Mas avisamos antes pra maneirar em certos assuntos pra não se resumir a isso – principalmente homofobia. Valorizamos a liberdade de expressão, mas vira uma bola de neve e chega a ser desagradável aos ouvidos do público. Principalmente mulheres e crianças que estão no local.

BF: Qual é o papel da improvisação nas batalhas e como vocês incentivam os participantes a desenvolverem suas habilidades nesse aspecto?
P+R: A improvisação ajuda a desenvolver o pensamento crítico e o raciocínio lógico. Em junção da poesia, ajuda a desenvolver vocabulário. Passamos por anos de desinformação, então sempre que uma batalha não se resume à atos de violência, damos uma animada a mais na hora de apresentar, pros MCs verem o que “dá grito” de verdade é variarem um pouco o repertório.

BF: Como vocês garantem um ambiente seguro e respeitoso durante as batalhas, especialmente considerando a natureza competitiva do evento?
P+R: Buscamos ouvir a plateia e repudiamos qualquer ato de violência física ou verbal na batalha. Damos uma clickada geral e depois resolvemos com os responsáveis sobre os atos. Se necessário, banimos a pessoa e ela não rima mais no espaço.

BF: Quais são os momentos mais memoráveis ou emocionantes que aconteceram durante a batalha de vocês?
P+R: Todos são memoráveis, amo quando as batalhas são de alto teor ideológico. Mas esse ano abrimos com um pocket show do Azvdo. Foi muito chave, foi a minha primeira como organizador do Projeto Mais Rap e foi uma vibe muito foda. Teve até sinalizador, a galera toda cantando, foi muito bom de fato.

BF: A Batalha de vocês tem algum envolvimento com os outros elementos da Cultura Hip-Hop?
P+R: Sim, temos microfone aberto em todas as edições e sempre que possível, grafiteiros que colam na batalha fortalecem com a premiação, folhinha.. Fora os monitores culturais que fortalecem com vagas em eventos onde os nossos artistas podem ir fazer o portfólio deles.

BF: Qual a relação de vocês com as Batalhas em SP e até mesmo fora do estado?
P+R: Eu busco sempre estar em contato com outros organizadores e outros MCs, fazemos projetos, trocamos ideias e vemos como podemos melhorar a cada edição. Tenho feito muitos contatos e estudado muito com outras organizações, principalmente com o pessoal da Batalha da Lilás.

BF: Quais são os planos futuros de vocês?
P+R: Nosso plano é expandir a batalha e mostrar o porquê dela ser reconhecida como uma das batalhas mais tradicionais da Zona Sul. Aumentar a estrutura pra poder aumentar a qualidade do trabalho dos nossos MCs é uma das nossas prioridades.

BF: Qual o diferencial da Batalha de vocês? Há alguma inovação ou mudança que vcs fazem?
P+R: A gente busca sempre inovar em questão de democracia mesmo, acho que os MCs precisam se sentir parte do coletivo pra entender o nível da batalha que eles estão rimando. Não é uma coisa fraca. Sempre pergunto no pv dos mcs, busco entender as necessidades de cada um e como podemos ajudar a melhorar individual e coletivamente.

BF: Qual conselho vocês dariam para aqueles que desejam entrar no mundo das batalhas de MC, seja como participante ou organizador?
P+R: Entrem! Se sintam bem-vindos. Muitos MCs vêem as batalhas como casa, onde podem se expressar e serem eles mesmos. Todos somos independentes na nossa arte, porém, toda ajuda e toda ideia é bem vinda. Uma batalha boa não é uma batalha com bons MCs. Uma batalha boa é onde todo mundo se sente à vontade pra falar o que pensa e se desenvolver junto. Marcha!

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