Opinião: A era das cyphers no rap brasileiro | Por DJ Neew
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O rap brasileiro passou por uma série de transformações nos últimos anos, ainda mais com o maior acesso a Internet, softwares para produzir bases e também mudanças de valores que é natural com o passar dos anos. As vezes aparecem algumas “ondas” do momento, no atual passamos pela “onda” das chamadas cyphers.
O termo ‘cypher’ foi historicamente usado pelos b-boys e b-girls onde formavam rodas de dança e improvisavam passos, alguns MCs brasileiros passaram a lançar músicas com essa denominação, entretanto algumas das músicas fogem um pouco do que realmente significou o cypher, algo improvisado no momento, sem muita firula ou grande produção, algo natural.
As chamadas cyphers lançadas pelos MCs nada mais são do que uma música gravada com 3 ou mais MCs alternando nas rimas, algumas com temas, já outras de forma livre, algumas com mega produção audiovisual e música bem mixada, já outras feitas mais de improviso mantendo a fórmula autentica da cypher.
Com isso muitas músicas que são singles com participação contem a denominação de cypher, de certa maneira a chuva de cyphers na rede desgastou e distorceu o termo antes usados pelos b-boys e b-girls mas entre as milhares de músicas lançadas encontramos grandes trabalhos que poderiam normalmente ser chamado de Single ou simplesmente música.
A música ”Machocídio” conta com a participação de Souto MC, Sara Donato, Luana Hanssen e Isa Paz, todas chegam com versos fortes, firmes e lançam diversos ataques aos machistas de maneira contundente. As MCs que participam dessa música já tem a luta feminista em suas músicas solo e dessa união surgiu um soco na cara dos machistas.
Já na música “Bola da Vez” do coletivo Seleção Brasileira de Rimas formado por Odisséia das Flores, Omnira, Bruna Muniz, T Flow, Cintia Savoli e Lilian DuGhetto o machismo também foi abordado de forma contundente mas não semelhante ao Machocídio, cada MC manteve sua característica particular, falou da quebrada, do machismo e de diversos assuntos entre eles a luta contra a homofobia ganhou força na voz de T Flow MC.
Outro cypher que teve grande destaque pelo tema abordado foi a AfroCypher em especial a 2, que contou com participação de Rhenan Duarte, Daniel Garnet e PeqnoH, Underson Leitty e Rodrigo Buga. Letras fazendo uma série de críticas e expondo diversas formas o racismo cotidiano no Brasil, AfroCypher foi uma das cyphers mais inovadoras da cena por se focar em um tema que o hip hop nunca pode deixar de lado, o orgulho negro e o combate ao racismo de forma incessante “vocês queriam ver negro limitado, mas nóiz veio tipo nego drama”.
A cypher Favela Vive também deu o que falar, em especial a edição dois, que conta com a participação de ADL, BK, Funkero e MV Bill. O clipe gravado no meio da favela e com letras que falam um pouco do cotidiano violento com mescla de denuncia, característica forte no rap brasileiro principalmente dos anos 90 e inicio dos anos 2000. Todos fizeram rimas fortes e contundentes mas a experiencia e a maturidade de MV Bill marcaram essa música, que foi considerada uma das melhores cyphers já lançadas.
Mesmo se tornando um pouco massante na moda das cyphers podemos destacar grandes trabalhos em meio as muitas que são lançadas, além destas acima, deixamos abaixo outras músicas 22 músicas que são denominadas como cyphers:
01. Cypher P.R.E.T.A. – Wine B, Iná e Rakel Reis
02. NM Cypher #1 – Camila Rocha(PB), Lili Bélica(RN), Arielly(AL), Lady Laay(PE)
03. Cypher FFX – Ponto de Reflexão, Suricato, Stefano, Matraca, Duaik e Pensante
04. Rec Livre Cypher #1 – Maique Maia, Raphão Alaafin, Nonatony DNA e Dimilgrau
05. Rec Livre Cypher #2 – Gegê, Godô, Raphael d’Arte e Mvs
06. The Cypher Respect – Atentado Napalm, Fabio Brazza, Mozart Mz
07. “Poucos Vão Entender” – Juyè, DoisP, Pelé Milflows, Knust, CT Caixa Baixa e 90
08. “Resina” – Mozart MZ, Cachola, Antsocial, Gigante & Dj Gio Marx
09. “Lucidez” – Jô Maloupas, Eko, Bruna Muniz & FalatuZetrê
10. ”Expurgo” – Diomedes Chinaski, Nissin, Baco Exu do Blues & Rapadura
11. Séries Ep. 1 – ZeroFox, Cidade Nostalgia, Paty Treze, Sidarta e CaueOtahideia
12. Poetas no Topo – Makalister, BK, Menestrel, Djonga, Sant, Jxnvs e Slim Beats
13. The Caverna Cypher – Luã Gordo, HZD, NAAN, Mozart e Funkero
14. TheFakeCypher – (A Firma) Mol, Duarte, Fit, Colt & Mz
15. Cypher Game Over – Veagadoiz, Muzzike, Maltrapilho, Coruja Bc1, Dr. Caligari, Théo, Godo
16. Reunião de Negócios – Buddy, Class A e NeoBeats
17. The Cypher Effect – Pedro Qualy, Reverie, Chino, Self Provoked e Geninho
18. Sem DissVisão Cypher – NSC, Mr. Bolívia, Real Gang & Félix RD$
19. Cypher MicCheck #2 – Peagá, Sedex, Ramiro Mart e RAPadura
20. Nada Vai Ser Novo – Tamara Franklin, Abel, Biorki e Felipe Vilela
21. Lito Atalaia feat. Kivitz, Moah, Estratagema de Deus e Vozes Urbanas
22. DVERSOS II: DV, Sombra, Matéria Prima, Froid, Vinição e Cachorro Magro
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