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Memória BF | Kurtis Blow, A Tribe, Black Star, Jay-Z e Outkast: salve esse dia na agenda

Memória BF | Kurtis Blow, A Tribe, Black Star, Jay-Z e Outkast: salve esse dia na agenda

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Você consegue lembrar o que estava fazendo
em 29 de setembro de 1998?

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As capas dos álbuns. Foto: Montagem BF

Neste mesmo dia foram lançados quatro discos importantes: Talib Kweli e Mos Def lançaram o primeiro e único álbum do Black Star, Jay-Z e Outkast lançaram seus terceiros álbuns e o A Tribe Called Quest (ATCQ) lançou o seu quinto álbum. No mesmo dia, mas em 1980, também foi lançado o disco de estreia de Kurtis Blow.

Não precisa nem explicar muito a grandeza e importância de um dia como esse. Ao mesmo tempo isto mostra como antes do tal do “bug do milênio” a cena nos Estados Unidos estava fortalecida – será que tantos lançamentos foram por medo do fim do mundo? Todos são lançamentos de Rap, cada um com seu público dentro do próprio país e também espalhados pelo mundo.

Um lançamento não prejudicava o outro. Todos tinham seu espaço e cada um em um momento diferente da carreira. Jay-Z cada vez mais se firmando como um dos grandes nomes do Rap de todos os tempos. Outkast uma realidade vinda do sul do país e evoluindo a cada lançamento. Talib e Mos Def duas gratas revelações das ruas do Brooklyn, surgindo como a renovação e a manutenção das raízes do Hip Hop. Já o ATCQ vinha anunciando o seu fim. O disco durante muito tempo foi considerado o último do grupo, sem a esperança de que um dia eles se reunissem novamente para gravar um outro álbum.

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Aqui no Brasil, ao mesmo tempo, a cena também estava fortalecida. Considero até melhor do que hoje em alguns aspectos, pois realmente existia uma cena. Todos os principais grupos faziam seus lançamentos, a agenda de shows estava sempre cheia e não eram apenas para 2 ou 3, como é hoje. Os principais nomes do Rap tinham shows todos os finais de semana e a maioria até mais de um show. O Racionais tinha recém lançado o álbum ‘Sobrevivendo no Inferno’, o que ajudou a impulsionar todos os outros grupos, tanto em vendas de discos, quanto nos shows. Mas isto é debate pra outro dia. Voltemos ao dia 29 de setembro de 1998…

A ESTRELA NEGRA DO HIP HOP

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Capa do álbum

O Black Star, com o disco de mesmo nome, se tornou um símbolo do resgate e manutenção das raízes da Cultura Hip Hop. O nome do grupo foi inspirado na empresa de navegação criada por Marcus Garvey em 1919, isso já mostra o compromisso com a questão racial. São 13 faixas com letras pra elevar a auto estima, mas também tratando de questões sociais e até mesmo criticas a atitudes não muito legais dentro do próprio Rap. Um exemplo é a maneira que alguns rappers se referiam – e até hoje se referem – as mulheres. A dupla veio com o discurso totalmente diferente e fizeram uma música intitulada “Brown Skin Lady”, indo na contramão do que outros vinham fazendo. A música é uma homenagem e bate na tecla da beleza e o valor das mulheres negras, as mais atingidas pelo machismo em outros Raps.

Assista ao vídeo da clássica “Definition” (prod. Hi-Tek)

Podemos nos referir a esse disco como sendo de Hip Hop, pois todos os elementos de alguma forma estão presentes e são lembrados. Tem até uma música dedicada aos B.boys, a faixa “B boys will B boys”.

As participações, seja nas rimas e produção são de: Common, Vinia Mojica, DJ Hi-Tek, J. Period, Punchline & Wordsworth, J Rawls e Da Beatminerz (DJ Evil Dee e Mr. Valt). As músicas são repletas de samples e citações baseadas em clássicos eternos do Rap, como Boogie Down Productions, Slick Rick, colagens dos filmes Wild Style e Style Wars. O disco foi também o que potencializou a força da gravadora, recém criada, Rawkus, responsável por muitos lançamentos similares ao Black Star. A última temporada da série Hip Hop Evolution fala muito sobre essa época, saiba mais.

Singles: “Definition” / “Twice Inna Lifetime” (part. Jane Doe, Punchline e Wordsworth) e “Respiration” (part. Common).

Ouça o disco

ENTRE AQUÁRIO E GÊMEOS, O EQUILÍBRIO

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Capa do álbum

O Outkast vinha em uma crescente, já falamos aqui sobre os discos anteriores (‘Southernplayalisticadillacmuzik’ e ‘ATliens’) e também sobre o que veio a seguir (‘Speakerboxxx/The Love Below’), o quebra cabeça está sendo montado. Nesse trabalho, a dupla resolveu fundir dois signos do zodíaco para intitular o álbum, aquário (Big Boi) e gêmeos (André 3000).

O equilíbrio é uma constante na caminhada dessa dupla, talvez por isso tenham deixado pra lançar o disco no mês do signo de libra, identificado no zodíaco por uma balança. Nesse álbum, além dos parceiros de sempre do Organized Noise, eles incorporaram o uso de músicos para a construção dos instrumentais.

O sucesso com os trabalhos anteriores deixou o caixa abastecido de grana, assim tiveram condições de investir em tempo e estrutura, técnica, tecnológica e humana. Se em ‘The Love Below’ Andre parecia estar em busca de um novo amor ou lamentando a perda de um, neste ele estava com o seu amor, com quem até teve um filho, Erykah Badu. Durante as gravações aconteceram muitas discussões entre a dupla, até sobre o uso ou não do auto tune por parte de Andre, mas Big Boi foi contra.

Siga o nosso canal na Twitch e confira a programação AO VIVO

BannerBFTwitch Memória BF | Kurtis Blow, A Tribe, Black Star, Jay-Z e Outkast: salve esse dia na agendaOutra discussão foi sobre a ordem das músicas, Big Boi queria começar o álbum com “Y’all Scared”, que tem a participação de integrantes do Goodie Mob. Andre, produtores e músicos queriam que “Return of the G” abrisse o disco, pois era uma faixa apenas com a dupla, diferente da outra que tinha participações. Depois de muita treta, Big Boi foi voto vencido e finalmente concordou em abrir o álbum com a escolha de Andre (a música é a segunda faixa, primeiro tem a intro “Hold on, be strong”). Por outro lado, Big conseguiu incluir no álbum a música “West Savannah”, que foi gravada durante as sessões do disco de estreia deles, e é uma homenagem a sua família, que vivia na cidade de Savannah.

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O disco só não foi primeiro lugar por conta do disco do Jay-Z, lançado no mesmo dia e que falaremos a seguir. Jay vinha emplacando o primeiro lugar da Billboard em todos os seus lançamentos. Eles ficaram em segundo, na frente de Lauryn Hill e do ATCQ. Em 1999, a ativista dos direitos civis Rosa Parks, então com 86 anos, entrou com uma ação contra o grupo por conta do uso de seu nome no single “Rosa Parks”, alegando que a música usava o nome dela sem sua permissão. O processo acabou não dando em nada, foi retomado em 2003, mas só teve um fim em 2005, ano em que a ativista faleceu. A dupla, juntamente com a gravadora LaFace, concordaram em criar programas educacionais que ensinavam os jovens sobre a importância de Rosa Parks e a sua luta por igualdade.

Assista ao vídeo de “Rosa Parks”

São 16 faixas com algumas participações importantes: Raekown, Erykah BaduGeorge Clinton, os sempre parceiros do Goodie Mob, Mr. DJ e uma infinidade de músicos.

Singles: “Rosa Parks”, “Incline-o no Bar-B”, “Da Art of Storytellin ‘(Pt. 1)”.

Ouça o disco

 

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A VIDA DURA DE SHAWN COREY CARTER

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Capa do álbum

O disco do Jay-Z foi o segundo da primeira trilogia na sua carreira, por isso o título ‘Volume 02… Hard Knock Life’, foram três discos na sequencia com a palavra “vida”, que traduzidos seriam – ‘Na Minha Vida’, ‘Vida Dura’ e ‘Vida e Tempos de S. Carter’.

Em números foi o mais bem sucedido dos seus álbuns, os tempos eram outros para a indústria da música, foram mais de 5 milhões de cópias só nos Estados Unidos. Além do sucesso nas vendas, se tornou um clássico e lhe rendeu, em fevereiro de 1999, o prêmio de Melhor Álbum de Rap no 41º Grammy.

Jay-Z pode ser criticado por qualquer coisa, mas nunca pelo seu compromisso em defesa da música Rap, por muitas vezes ele provou isso. Mesmo tendo ganhado o Grammy, ele protestou e boicotou a cerimônia, ele disse à MTV “Estou boicotando os Grammys porque muitos grandes artistas de rap continuam sendo ignorados. Os rappers merecem mais atenção do comitê do Grammy e de todo o mundo. Se estamos com uma arma, todo mundo sabe disso, mas se fazemos uma turnê mundial, ninguém sabe.”

Assista ao vídeo do single “Hard knock life”

O disco veio com 12 faixas e mais duas de bônus, metade delas foram lançadas como singles e várias participações, confira:

Singles: “It’s Alright”, “Money Ain’t a Thang”, “Can I Get A…”, “Hard Knock Life (Ghetto Anthem)”, “Money, Cash, Hoes”, “Nigga What, Nigga Who (Originator 99)”.
Algumas participações e produtores: Memphis Bleek, DJ Premier, The 45 King, Swizz Beatz, Timbaland, Big Jaz, DMX, Too $hort, Amil, Ja Rule, Irv Gotti, Lil Rob, Foxy Brown, The Lox, Beanie Sigel, Sauce Money, Erick Sermon, Kid Capri, entre outros.

A TRIBO DO AMOR

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Capa do álbum

O título do 5º disco do A Tribe Called Quest dispensa explicações, em ‘The Love Movement’ o amor dá o tom das músicas. Assim como no trabalho anterior, já relembrado aqui, traz muito jazz e r&b e no comando da produção o coletivo The Ummah.

Antes que o disco fosse lançado, praticamente um mês antes, eles anunciaram a separação que naquele momento foi definitiva. O álbum era pra ter sido lançado antes, mas um incêndio na casa de Q-Tip destruiu um computador com músicas inéditas. O principal single do disco, a música “Find a way”, traz o sample do sample, explico. Eles usaram no refrão a música “Technova” do japonês Towa Tei, com participação de Bebel Gilberto, essa música tem sample da música “Lamento” de Tom Jobim. No total é um disco com 21 faixas, 15 oficias e mais 6 bônus.

Assista ao vídeo de “Find a way”

Participações: Busta Rhymes, D-Life, Jane Doe, Mos Def, Noreaga, Punchline, Redman, Wordsworth, entre outros.
Singles: “Find a Way” e “Like It Like That”.

Ouça o disco


AQUELE QUE QUEBROU TUDO

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Capa do álbum

Kurtis Blow era um jovem com apenas 21 anos quando lançou seu primeiro álbum. Auto intitulado ‘Kurtis Blow’ o disco traz o single “The breaks”, considerado o primeiro Rap oficial com refrão e responsável por ser o primeiro single de Rap a ter um disco de ouro e o segundo na música em geral – o primeiro foi um single de Donna Summer e Barbara Streisend.

O vinil traz apenas sete faixas e o CD tem 9, duas faixas são bônus. Como o disco faz parte dos primórdios das gravações oficiais de Rap, o grande nome mais conhecido envolvido na produção é o gênio Russel Simons.

Blow também foi o primeiro rapper a ser contratado por uma grande gravadora, em 1979 ele assinou com a Mercury para o lançamento desse disco. Com seu sucesso, ele acabou sendo um dos responsáveis por revelar os Fat Boys e também o Run DMC. Podemos acrescentar que também foi o primeiro MC a cantar rock em um disco de Rap, ouça o disco e entenda.

[+] Leia também: Kurtis Blow, do Harlem para o mundo

Ouça o disco

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Editor de conteúdo do Bocada Forte desde 2000, envolvido com a Cultura Hip-Hop desde o início dos anos 90. Sempre nas trincheiras, da quebrada pro mundo!

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